PROFANAÇÃO DOMINICAL NO FABRIQUE

Seguindo em uma sequência de shows, entre nacionais, internacionais e uma série de grandes
festivais já confirmados para 2023, a noite de 04/12 foi para os amantes da profanação e
blasfêmea no Fabrique Club.

No início da noite, por volta das 18 horas, a fila não era a das maiores na porta da casa, mas a
presença dos camisas pretas, coletes e cinto de balas já era percebida nos bares, que são em
grande número aos arredores do local, em mais uma noite chuvosa em São Paulo (São Paulo e
chuva talvez já seja novidade pra ninguém, não é mesmo? Rs)

Sobre a quantidade de presentes para o evento, pode se dever ao fato do acúmulo de shows
em curto espaço de tempo e de vertentes musicais um tanto próximas, inclusive algumas
vezes, culminando em ser na mesma data. No domingo por exemplo, contaríamos além do
show do Watain, com Exodus e Torture Squad no Carioca Club e Crypta e outras bandas em
um evento gratuito no CCJ (Centro Cultural da Juventude). Em algumas conversas sobre, em
resenhas com conhecidos que encontramos em filas de shows, é de que apesar do quanto ser
positivo voltar a rolarem grandes shows após a pandemia, o fator econômico tem pesado e
feito as pessoas pesarem na balança a quais shows irão dentro de suas preferências.

Voltando ao evento, a abertura ficou por conta da banda Mjoker&therottens, que
executou na íntegra ao álbum Rotting de 1991, clássico do Sarcófago, e conta com alguns
nomes conhecidos da cena nacional como Manu Henrigues do Uganga, e Maurício Nogueira,
ex – Torture Squad. Uma apresentação coesa, e boa execução do álbum. Em determinado
momento ao chamar o clássico Sex, Drinks and Metal, Manu notou ter invertido a ordem do
set, onde na verdade a próxima seria Rotting, o que não é um erro considerável e que lidou
brincando “Não é Sex, é Rotting, assim Exu me quebra”, rs. Antes de encerrar o set, em sua
última música, convidaram Armando Belzebuth do Mystifier, que tem estado presente em
diversos shows de metal, sempre levando materiais da banda para venda em stands nos
eventos.

Um show curto, como comumente são os de banda de abertura, mas suficiente para
aquecimento dos presentes, que contaram com grandes clássicos do metal, e que
provavelmente influenciaram e ditaram o que ainda estaria por vir aquela noite.
As trocas de palco tem sido rápidas, em shows que andei presenciando, fazendo com que os
cronogramas sejam fiéis aos divulgados. No caso da apresentação da noite, o Mjoker&therottens
se apresentou a frente do palco, pois o “armamento” do Watain já estava
instalado (e quem conhece as apresentações do Watain, sabe que o altar é um show a parte)
Sem mais delongas, em complemento ao já preparado, duas cruzes invertidas a frente do
palco que servem como tochas, tridentes e o altar já estava pronto para a recepção dos
suecos. Já tiveram diversas passagens pelo Brasil, sendo a mais recente em 2019. Na tour de
divulgação atual, estão promovendo o álbum The Agony and Ecstasy of Watain, de 2022.
Um black metal calcado na escola sueca dos anos 90, o qual são oriundos, com riffs gélidos por
hora cortantes, blasts beats, mas um destaque para o vocal de Erik Danielsson, que tem o peso
e rasgado dos guturais, mas segue mais a linha dos drives, que dá um ar de que as suas letras
estão sendo vomitadas, enquanto o rolo compressor do instrumental cumpre o seu papel.


Em sua ritualística de palco, parece trazer uma oferenda ao altar, logo no início da
apresentação, o fato é que a iluminação para shows de black metal, dificulta uma visualização mais nítida do que se trata, envolta também a fumaça, o que gera a especulação dos presentes,
que sugerem ser um coração de porco, ou carneiro (jamais saberemos)
Apesar de ser um show de tour de divulgação do álbum recém lançado, a apresentação contou
com um setlist de toda sua carreira, e não a concentração de músicas apenas no atual. Lista
essa de full lenghts que conta com 12 álbuns. Tendo desde “Serimosa” ao encerramento com
a já clássica “Malfeitor”

Uma apresentação direta e visceral, que contou com poucos discursos e interação, mas
destaque para o quão marcantes, embora escassas foram estas, uma onde Erik cita grandes
bandas do metal brasileiro como Sarcófago, Genocídio, Sextrash e Mystifier. E outra onde em
um ritual de sangue, compartilhou da hemoglobina (que não se sabe se de origem humana ou
animal) com os mais próximos da grade do palco. Já faz parte da ritualística de suas blasfemas
apresentações, porém, o anúncio nas redes sociais onde se buscava um litro de sangue para o
show deles, havia viralizado na tarde momentos antes do show, rs. Sangue este que trouxe um
cheiro de extrema podridão ao Fabrique, mostrando que só os fortes aguentariam até o final
(alguns presentes se deslocaram para área de fumantes, por não suportar o aroma, rs)
Uma apresentação incrível, do ponto de vista musical, performático e de extremo clima
envolto a temática das letras, se tornou uma das minhas preferidas de música extrema.
Cerca de uma hora após ao show, os integrantes do Watain ainda concederam fotos e
autógrafos na porta, acompanhados dos recém companheiros de hotel, o Lúcifer, que havia se
apresentado na noite anterior na mesma casa.

Setlist

Ecstasies in Night Infinite
Black Flames March
The Howling
I Am the Earth
Reaping Death
Devil’s Blood
Serimosa
Not Sun nor Man nor God
Before the Cataclysm
Nuclear Alchemy
Malfeitor

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About Andrei Ramirez

34, pai, bussiness man, vocalista. Cria do new metal, forjado no metal extremo e amante da gotiqueira (darkwave ). Resenhas de shows, álbuns e entrevistas.

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