Um frio do cacete, uma garoa fina, noite de quarta-feira, ao lado do villa-country, misture tudo num liquidificador, bata e o resultado final tem todos os requisitos que são necessários para a noite ser um pesadelo, mas tivemos sorte e a noite foi linda.
São Paulo recebeu de braços abertos o novo disco do Amarante o “Drama”, num show que celebrou o reencontro entre uma turma de músicos talentosos, Pedro Sá na guitarra, Rodrigo Barba na bateria, Alberto no baixo, Daniel Castanheira na percussão e Nana no violoncelo e teclados.
Com os amigos no palco e o público na pista, Amarante esquentou a nossa noite gelada, no show que fez parte do esquenta para o Coala Festival, o sonoridade colou pra sacar o rolê e contar pra vocês.
A muitos anos atrás era impossível pro jovem brasileiro passear pelos canais de televisão ou pelas estações de rádio sem esbarrar com alguma música medonha dos Los Hermanos tocando na programação, foi uma febre, mais incômoda que as febres que tive durante a infecção do coronavírus.
Depois veio uma pausa, depois da pausa veio o fim, o Los Hermanos anunciou um encerramento na carreira, cada um seguiu o seu caminho, Rodrigo Amarante trilhou um caminho interessantíssimo, se lançou numa carreira internacional junto com o baterista do Strokes, Fabrizio Moretti.
Um tempo depois, Amarante foi convidado para gravar um disco junto com o Devendra Banhart, fixou moradia em Los Angeles e mandava notícias pro Brasil através do seu disco intitulado “Cavalo”, excursionou na América e Europa, gravou a canção tema da série de sucesso da netflix “Narcos”, e durante a pandemia lançou o seu mais recente disco, chamado “Drama”, se mudou para Nova York e agora tá em turnê pelo Brasil
Acompanhado pelo seu violão que é sempre o mesmo, os acordes e a voz rouca, o show teve clima de celebração. A casa estava cheia, ouvíamos as músicas com a curiosidade de alguém que escuta as novidades de um conhecido que andou distante.
Amarante não segue fórmulas, as músicas novas tocam com ar de novidade, a noite não foi interessante pra quem comprou os ingressos como quem compra um bilhete de retorno ao passado, passamos longe da nostalgia, mesmo com o ex-baterista do Los Hermanos tocando a bateria na banda, ninguém na platéia cometeu o equívoco de gritar a plenos pulmões “toca Ana Júlia”
Foram tocadas todas as músicas do “Drama”, junto com músicas muito queridas do seu primeiro disco solo como “Irene”, “Nada em vão”, “Maná”, “I’m ready”, e a música que serve como métrica para reconhecer o número de gente que assina netflix, a música tema do Narcos “Tuyo”, com o público dançando e pedindo mais.