Recentemente nnós do Sonoridade Underground tivemos a honra de poder ver algumas apresentações do Yannick, e por isso resolvemos conversar com ele sobre as apresentações, próximos lançamentos e datas, confere aí:
Sonoridade Underground: Yannick, seu trabalho sem dúvidas se conecta com fatos relevantes da sociedade atual. Como você acredita que pode levar sua mensagem para além das apresentações?
YH: Em primeiro lugar desconectar a mensagem do mensageiro, como mensageiro sou falho mas a mensagem não. A mensagem é perfeita é contundente, é visceral vai muito das pessoas quererem se conectar com esse tipo de mensagem ta ligado mano? O desejo deve partir delas, ainda mais no mundo de hoje, virtual onde passado, presente e futuro acontecem em um dia, em 24 horas. Todos os discos lançados até hoje necessitam de uma pesquisa aprofundada sobre os temas abordados, a absorção não é fácil, não foi fácil pra mim como criador, imagina pra quem é o ouvinte.
Sonoridade Underground: Tivemos a honra de assistir alguns de seus espetáculos, onde sabiamente você inclui trechos de filmes, músicas etc. De onde veio essa inspiração?
YH: Me inspiro muito no teatro, na dança, nas artes plásticas, vejo a música muito além das palavras, as palavras pra mim devem vir com outros elementos artísticos, o corpo fala, as referências falam.
Sonoridade Underground: E Qual seu crivo para selecionar os filmes e trechos que menciona?
YH: Me coloco muito no lugar do ouvinte, pra entender o contexto, estou entendendo o que está sendo falado? Ai dentro desta narrativa vou construindo o repertório.
Sonoridade Underground: Você percebeu maior aceitação do público para o conteúdo Cyberpunk em função dos tempos difíceis que a sociedade atravessa?
YH: Sim muito, mas percebi também pela velocidade hoje das informações, do conteúdo e do mundo virtual, o Cyberpunk ainda não é compreendido pela massa, isso só chega a elas através de grandes obras cinematográficas e mesmo assim a essência não é detalhada, as pessoas ainda não entenderam que o cyberpunk é a cultura da alta tecnologia e baixa qualidade de vida, que a distopia é real e o fim de tudo o que conhecemos está ai, na nossa cara.
Sonoridade Underground: No segundo semestre de 2020 você expos em suas redes sociais que enfrentava uma batalha interna contra a depressão. Como isso refletiu na sua relação com a música, com a arte e claro, em seu importante papel político?
YH: Uma das coisas mais incríveis e ainda não compreendidas por mim é como eu fiquei em depressão e ao mesmo tempo criativo. A dor somente não me fez criar, mas a alegria também. Durante o tratamento tive momentos felizes onde despertei para assuntos que procrastinei durante anos e nesses momentos pude escrever algumas canções. Neste processo que durou aproximadamente 1 ano, compus e gravei 33 músicas que devo lançar nos próximos, vai 4, 5 anos. Consegui desenvolver a habilidade de sentar e escrever muito rápido, algo que era muito dificil pra mim, eu sempre fui crítico severo de mim mesmo e hoje percebo que perfeição não existe, claro que há canções que exigem de mim mais tempo, mais estudo mais inspiração, porém quando preciso falar sobre recortes, é só eu sentar, estudar, ouvir o beat que em meia hora a música ta pronta. A depressão me deu hoje essa habilidade e isso eu não consigo explicar direito o por que.
Sonoridade Underground: Suas apresentações são marcadas também por fotos que “falam”, imagens marcantes de repressão e um passado político. Conta um pouco pra gente como é o processo de criação das apresentações e também de suas composições.
YH: Me inspiro muito na fotografia para comunicar o que preciso falar, sinto necessidade de colocar muito elementos artísticos nas apresentações, não basta só pegar o microfone e falar.
Sonoridade Underground: No mundo que vivemos hoje, sabemos que tudo em nos comunica algo. “Qualé” a dos cabelos coloridos?
YH: (Risos) Cara outro elemento que gosto de colocar nas apresentações, um cabelo com uma cor que gosto, a aparência enquanto imagem saca? A aparência enquanto corpo e um figurino bacana.Consumo, Instituições religiosas, algoritmo e alienação.
Sonoridade Underground: O que mais está no radar do artista e cidadão Yannick para os próximos trabalhos?
YH: Neste ano de 2022 lançaremos ainda o Terra em Transe Vol. 2 Politiki (política em grego) e um single inédito chamado “Revide” um feat que fiz com Ever Beatz, beatmaker brabo de MG e meu mano o tetra campeão mundial do DMC o DJ Erick Jay. Há um outro trabalho bem bacana que talvez saia esse ano que é um feat que fiz com o Teco Martins da Rancore em parceria com Blakkgus, o single se chama “Mãe Superior”.
Sonoridade Underground: E por último, mas não menos importante, qual sua agenda de apresentações para 2022?
YH: Por ora iremos para o Rio de Janeiro no final de fevereiro fazer mais um episódio do Terra em Transe Vol 1 Brasilis, agenda em São Paulo só a partir de abril, no segundo semestre iremos para Recife e estamos fechando outros Estados para dar continuidade na saga do Terra em Transe. Aliás assistam o filme do cineasta Glauber Rocha, o Brasil precisa entender o que está acontecendo hoje, o filme explica tudo.
Conheça o trabalho do Yannick:
Agradecimentos: Bianca Gigeck / Yannick Hara