Resenha: 40 anos de Plebe Rude

A PLEBE RUDE COMEMORA 40 ANOS DE BANDA COM CASA CHEIA EM SÃO PAULO

Por: Mateus Lacerda

ME REENCONTRANDO COM A NOITE 

Foram quase três anos longe dessas noites da cidade, a sensação que eu tive é como se eu tivesse atravessando um longo inverno, sem calor humano, sem confraternizar com amigos e sem sentir o cheiro de bagulho queimando enquanto o entretenimento fica a cabo das fumaças que fazem desenhos no ar. 

Finalmente em novembro de 2021 o medo da peste e da morte nos dá brecha, aos poucos as pessoas voltam a ocupar as ruas, as noites e os bares da cidade. O setor do entretenimento dá sinais de vida.

É nesse contexto que a Plebe Rude retorna aos palcos, numa turnê de comemoração dos 40 anos de estrada, som e fúria.    

Aconteceu na sexta-feira, 12 de novembro, no carioca clube em Pinheiros, numa noite gelada onde os termômetros marcavam 13° graus na zona oeste da capital paulista, com os ingressos em mãos, álcool em gel e uma máscara que mutilou a minha cara, marquei presença nessa noite histórica. 

O homem que fez a minha recepção na entrada da casa não era funcionário ou colaborador ou algo parecido. 

Com um ingresso sobrando e disponível o homem procurava uma companhia, justificando que a dona do ingresso não apareceria naquela noite, me comovi com a história e lhe ofereci uma cerveja… o desgraçado não bebia.

UMA RECEPÇÃO ESQUISITA 

O público da noite foi recebido pela produção com uma trilha sonora dos anos 80

Ao som de engenheiros do hawaii, Cazuza, Lobão, Legião Urbana e na companhia de muitos casais com no mínimo 20 anos de relação, famílias e poucos jovens foram ocupando o espaço entre a pista e o bar, a noite parecia caminhar pra um destino esquisito, com um certo ar de nostalgia e particularmente melancolia pra mim. 

Abertura dos Vespas Mandarinas

Um público modesto, porém, empolgado, se concentrou na boca do palco para assistir ao show de abertura da nova formação dos Vespas Mandarinas, banda paulistana que teve o seu primeiro álbum indicado ao 14º Grammy Latino na categoria “Melhor Álbum de Rock Brasileiro”, em 2013. 

O setlist desfilou pelos principais clássicos da banda, abrindo o show com “Cobra de Vidro” a banda demonstrou nos primeiros acordes um entrosamento notável, com todas as qualidades e defeitos de um power trio, os integrantes Thadeu Meneghini (Baixo elétrico e vocal) Bart Silva (Bateria) e Sampaio (Guitarra) energizaram o público num começo de uma noite gelada.

Fazendo jus ao clima de comemoração aos clássicos do punk rock a banda contou com a participação do atual vocalista da lendária banda paulistana Cólera, Wendell Barros, 

em homenagem ao vocalista já falecido do cólera, Redson Pozzi, as guitarras distorcidas ecoaram os riffs da nova música de trabalho dos vespas “amor em tempos de cólera” 

O show que apresentou as clássicas “na hora que eu me perder”, “o vício e o verso”, “não sei o que fazer comigo” e  encerrou com “o inimigo” momento mais empolgante do show, o vocalista Thadeu Meneghini surge no palco, com uma balaclava no rosto, se arrastando pelo chão, usando e abusando das expressões corporais.

Setlist completo:

Cobra de vidro

O vício e o verso

Antes que você conte até dez

Na hora em que eu me perder

Amor em tempos de cólera

Um homem sem qualidades 

Não sei o que fazer comigo

O inimigo

A Plebe Rude

Com a casa cheia e uns minutos de atraso, a plebe rude foi recebida sob gritos e aplausos, a banda atualmente é composta por Phillipe Seabra nos vocais, responsável por uma Les Paul turbinada, Clemente Tadeu, também nos vocais e nas guitarras, André X no baixo e Marcelo Capucci na bateria.

O público que se espalhava pelo salão procurando por nostalgia foram agraciados com as famosas “johny vai a guerra”, “68”, “sexo e karate”, “minha renda” e o momento divertido em que durante a canção “brasília” o vocalista e o membro mais recente da plebe, o Clemente Tadeu se esqueceu da letra: “40 anos de banda, dá nisso.!” brincou o vocalista. 

Era notável a emoção da banda e público com o reencontro depois de um período conturbado dado ao contexto da pandemia, num certo momento da apresentação o vocalista Phillipe Seabra, emocionado, pediu um minuto de silêncio em memória dos amigos da música que morreram durante a pandemia do covid-19

Os jovens e os mais velhos encontraram um setlist repleto de músicas de um passado que se confunde com o presente. 

Letras de 40 anos atrás e que ainda encontram eco no Brasil de 2021

Em meio a jaquetas vintage, coturnos e looks 70’s que aparentemente não saíram de moda, contrastavam através das letras antigos costumes de um Brasil que também, aparentemente, ainda não saiu de moda. 

Reflexões acerca da nossa cultura golpista, nossa sociedade policialesca e a sensação de viver muito perto da censura das ideias, da ciência e da cultura fez com que as letras da plebe rude ecoassem nas vozes dos brasileiros que sobreviveram ao fim do mundo e dividiram o salão do carioca clube naquela noite.

No gran finale, a música “Até quando esperar?” clássico absoluto com a letra sido escrita no ano de 1985, o público gritava os versos com a sensação de que aquilo tudo estivera entalado na guela durante um longo período esquisito e complicado que fomos obrigados a testemunhar nos últimos anos em nosso país. 

Setlist completo: 

Evolução

Brasília 

Johnny vai à guerra

Anos de luta

Luzes

A serra

Descobrimento da américa 

Bravo mundo novo

O que se faz

Este ano

A mesma mensagem

A ida

68

Censura

Sexo e karate 

Medo

Minha renda

Até quando esperar

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About Gustavo Diakov

Idealizador disso aqui, Fotógrafo, Ex estudante de Economia, fã de música, principalmente Doom/Gothic/Symphonic/Black metal, mas as vezes escuto John Coltrane e Sampa Crew.

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