Em noite memorável a lendária banda de Doom Metal faz show cheio de energia e vitalidade.
Texto e Fotos por Raissa Correa de Souza
Noite de domingo, finalzinho de mês, poderiamos estar em casa descansando da macarronada do almoço, sofrendo antecipadamente pela chegada da segunda feira e vendo algum programa dominical de gosto duvidoso mas não! Escolhemos vivenciar um show histórico e animadissimo de uma das bandas mais antigas do Stoner/Doom metal do mundo. O Pentagram que apesar de seus 50 anos de história, está viralizando por conta de um meme gravado de uma performance do vocalista (e fundador) Bobby Liebling que em pleno 71 anos de idade consegue possuir a vitalidade de um garoto de 20 anos.
Logo ao chegar na Fabrique Club (casa de shows localizada na Barra Funda, zona Oeste de SP) o que se via era um público ansioso e relativamente tranquilo, mesmo antes de iniciar os trabalhos, o espaço já estava cheio e a concentração de camisetas pretas próximo ao palco era intensa. Afinal todo mundo queria ver a estrela da festa de pertinho.
A irreverente e incrível Pesta
Que os mineiros são super simpáticos e acolhedores é inegável e o Pesta não nega suas raízes, a banda que já é conhecida do público por ser um expoente do Doom Metal nacional, mais uma vez apresentou um show de qualidade e com uma performance incrível, o irreverente vocalista Thiago Cruz, não economizou nem no estilo nem na entrega ao público e até o fã mais desatento ficou hipnotizado quando em meio a sons pesados de guitarra e baixo ele realizava danças e movimentos teatrais com seus lenços e ornamentos (dessa vez foi um acessório inspirado em “filtro dos sonhos”, amuleto utilizado para proteção de ambiente).
Apesar do setlist enxuto trouxeram para o palco da Fabrique seus maiores sucessos e contaram com a interação do público principalmente na música Witches’ Sabbath presente em no álbum Faith Bathed in Blood (2019) último trabalho de estúdio da banda. Sempre agradecendo a oportunidade de estar ali, gravando em sua história um momento especial, Thiago Cruz (vocal), Flávio Freitas (bateria), Anderson Vaca (baixo) e Marcos Resende (guitarra) transbordava felicidade finalizando sua apresentação com spoiler de um novo álbum a caminho.
Estamos no aguardo!
A Profania de Weedevil
As 20h00 em ponto a banda paulistana Weedevil sobe ao palco, Carol Poison com sua voz potente e sua presença de palco incrível não economiza na entrega e inicia os trabalhos com Serpent’s Gaze presente no trabalho mais recente da banda Profane Smoke Ritual e se a intenção era ser “profana” foi alcançada com sucesso,
Chronic Abyss of Bane do mesmo álbum veio em seguida esquentando ainda mais o momento e para relembrar os fãs mais antigos Underwater (The return, 2022) foi um momento lindo e unico, a cada música a interação com o público ficava maior.
Vale ressaltar que esse era o segundo show da banda no dia, mais cedo eles se apresentaram no Tendal da Lapa e mesmo com esse detalhe na logística, pareciam estar 0 cansados, ao contrário, todos animados, entregando um ótimo show, com uma qualidade vocal e técnica excelente.
Finalizaram em grande estilo com Hi I’m Lucifer! deixando o clima da noite pronto para a recepção de Bobby e seu Pentagram.
Uma lenda em terras brasileiras
Citar o Pentagram e seu vocalista Bobby Liebling como sendo uma das maiores lendas do Doom Metal de todos os tempos não é exagero, apesar de muitas vezes não ser tão valorizada como outras do segmento, o Pentagram tem seu legado marcado por alguns fatos, nem sempre tão bons, mas sempre marcantes para o currículo da banda. Na ativa desde 1971, o grupo norte-americano de Virgínia (USA) fez seu nome na história da música pesada, trazendo para si, respeito de músicos dos mais variados gêneros do Metal. E desde sempre quem mais acreditou no Pentagram foi seu frontman Bobby, que sem dúvidas é o que chamamos de “cara da banda”, o cartão de visita e é impossível citar qualquer coisa relacionada ao Pentagram sem comentar sobre as expressões faciais do líder.
Pioneiros no estilo, o Pentagram solidificou seu legado com o álbum “Day of Reckoning” (1987), que ficou marcado pelo peso das músicas e pela sonoridade pesada que o gênero pede. Junto ao lendário Bobby Liebling nos vocais, a formação atual conta com Tony Reed (guitarra), Scooter Haslip (baixo) e Henry Vasquez (bateria).
Pouco depois da 21h00, a expectativa tomou conta da Fabrique, todos com os celulares nas mãos, apertados na ponta do palco, não tinha espaço e ninguém estava se importando com o aperto e o desconforto, todos queriam ver de pertinho o senhor Bobby com seus cabelos brancos voando enquanto ele arregala os olhos em direção a todos, pouco antes dele adentrar ao palco, seus fieis escudeiros subiram, após um reconhecimento rápido do ambiente, lá vem ele, um senhor magro, com o cabelo grisalho até os ombros, com uma blusa azul com a manga bufante toda brilhante com algumas pulseiras e um colar que carregava em si uma característica inconfundível, um Pentagram!
A plateia em um mix de emoções, ninguém sabia ao certo se gravava, cantava, gritava, observava, marcava cada detalhe ou esperava qualquer movimento realizado pela estrela da noite. Muito simpático antes de iniciar soltou a frase “Boa noite, São Paulo! Prontos para o rock?” quem não estava rendido, se rendeu. E sim estávamos prontos!!!
A banda deu o pontapé inicial mandando ver com Live Again, super entrosados a expectativa atingiu seu auge, não tinha ninguém parado, estavam todos sobre o efeito Bobby. Recentemente, Bobby Liebling virou meme na internet, o que ajudou a banda a alcançar números impressionantes nos streams e aumentou muito a curiosidade de quem não conhecia o “velho” e bom Pentagram, mas no domingo quem estava la não era os curiosos, eram os fãs, que cantavam as músicas a plenos pulmões sentindo cada riff de guitarra e reagindo a cada expressão emitida por Bobby em cima do palco, com isso desmistificando que a casa estava lotada por causa do tal meme viralizado a dias atrás. Havia um sentimento absurdo de respeito ao legado de uma banda centenária, todos querendo demonstrar o amor e carinho a uma história que vai além da música, mas de vida de muitos presente no local.
O setlist contou com hinos impecáveis misturando músicas mais recentes com clássicos conhecidos pelo público, o que causou a cada início, gritos e empolgação. The Ghoul (Turn to Stone, 2002), Sign of the Wolĺ ( Relentless, 1993) e Review Your Choices (First Daze Here, 2016) reafirmou junto ao público o status da banda como uma das mais icônicas do Doom Metal mundial. No encore, Forever My Queen e 20 Buck Spin (ambos de First Daze Here, 2016) fecharam a noite com chave de ouro e com uma promessa de retorno feita por Bobby.
Muito além de um “show de rock” o que presenciamos foi a entrega de uma banda a seu público, mesmo após o show os músicos continuaram no local, tirando foto com todos, participando de Lives, mandando beijo em chamadas de vídeo e atendendo a todos com muito carinho, simpatia e respeito.
Esperamos o Pentagram mais vezes no Brasil!!!
Setlist – Pesta:
Anthropophagic
Hand of God
Witches’ Sabbath
Black Death
Words of a Madman
Setlist – Weedevil:
Serpent’s Gaze
Chronic Abyss of Bane
Underwater
Veil of Enchanted Shadows
Profane Smoke Ritual — (Delayed because Flavio broke his snare)
Necrotic Elegy
Serenade of Baphomet
Hi I’m Lucifer!
Setlist – Pentagram:
Live Again
Starlady
The Ghoul
I Spoke to Death
When the Screams Come
Sign of the Wolf (Pentagram)
Might Just Wanna Be Your Fool
Solve the Puzzle
Review Your Choices
Thundercrest
Walk the Sociopath