Foto: Lizzy Livingston
Dentre os diversos lançamentos do ano passado, um que trouxe uma qualidade indubitavelmente absurda, mas acabou se perdendo um pouco no mar de álbuns incríveis foi o brilhante Time Will Take Us All, terceiro full-length da dupla californiana de death metal progressivo Entheos, integrada por Navene Koperweis (ex-Animals as Leaders) cuidando do instrumental e a incrível Chaney Crabb no vocal. Desde abril deste ano, a banda vem lançando um monte de singles, todos impressionando tanto fãs quanto críticos. Agora no final do mês, mais especificamente dia 25, a icônica Metal Blade Records lançará An End to Everything, EP de 5 músicas e a sequência de Time Will Take Us All. Consegui acesso antecipado ao mais novo projeto da dupla, confira o que achei!
Logo de cara, a sonoridade diferenciada do grupo fica evidente, mesclando elementos dos gêneros da esfera do ‘core com influências que vão do death metal ao jazz, ao grunge, o groove, prog, slam, gótico e até a música eletrônica. “An End to Everything”, por exemplo, cartão de visita do EP tem a intensidade de um death metal moderno, mas com uma estrutura que lembra um pouco o metalcore e certas nuances no instrumental que remete muito ao tempo do Koperweis no Animals as Leaders. “Life in Slow Motion” é um exemplo incrível do que é o Entheos, transitando entre o deathcore mais tradicionalzão (pique Chelsea Grin) com aquela avalanche característica de pig squeals e um flow rapidíssimo e um pós-refrão calmo, com cheiro de Sleep Token, com vocais limpos e bateria jazzificada.
A versatilidade vocal de Chaney Crabb é um espetáculo à parte. Ela consegue ir de um gutural do fundo da alma a um vocal clean, cantado, com uma facilidade absurda. Na hora da mixagem, usaram essa característica muito bem, usando tanto takes do gutural quanto dos cleans na maioria dos refrões, adicionando camadas e camadas de qualidade. A produção em si também merece ser destacada, pois o som é incrivelmente polido, limpo, com todos os instrumentos encaixando perfeitamente um com o outro, mas sem perder a intensidade inerente do metal. É uma aula de produção de metal moderno. Pegando “All For Nothing”, como exemplo, tem esse riffzinho simples que é introduzido logo de cara, que de uma brutalidade torrencial tomar conta da faixa, ele persiste na maioria do tempo, lá no fundo, quietinho. Pequenos detalhes como esse destacam não só a genialidade da produção, mas também das composições, que mesmo sendo complexas, são demasiadamente coesas.
Gostaria de rapidamente destacar “A Thousand Days”, penúltima faixa, pelo simples fato de que é o suprassumo da sonoridade do grupo. Ela começa calma, com algumas notas na guitarra, criando uma cama de dissonância para uma levada brutal de death metal se jogar em cima. A agressividade toma conta, com a voz de Crabb vindo como trovoadas, mas no meio de tanto caos, há um pouco de cadência, um certo groove. Chega uma hora que o lado Animals as Leaders de Koperweis fica completamente à mostra, com algumas linhas de guitarra bem progressivas, seguidas pela bateria – bem prog mesmo. Todo esse “buildup” culmina em um refrão grandioso, simplão, mas ainda bem forte. Daí para a frente, essa estrutura se repete, com um solo de guitarra lindo após a segunda repetição. É o exemplo perfeito de um solo moderno, é algo claramente bem técnico, mas sem exagerar. Mostra que o Navene é foda, mas sem ficar remoendo as mesmas ideias.
No geral, An End to Everything se destaca como mais um trabalho espetacularmente sólido do Entheos, que vem provando de tempos em tempos que ainda há muita vida no death metal. A versatilidade vocal de Chaney Crabb, a produção perfeita, as composições complexas e inovadoras, tudo se junta para criar um produto final que – em menos de 20 minutos – leva os ouvintes em uma montanha-russa do metal, expondo um pouco do bom e do melhor do metal moderno. Dupla ou não, o Entheos consegue ser incrível e inovador. Conseguiram pegar todo o embalo de Time Will Take Us All e seguir em uma toada parecida em An End. Só ouça!
Entheos – An End to Everything:
- An End to Everything
- All For Nothing
- Life in Slow Motion
- A Thousand Days
- Return to Me
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