Texto por Andrei Ramirez e fotos por Gabriel Ramos
Quarta feira, 3 de abril, o clima estava ameno na noite paulista, porém o habitual movimento da região central. Uma pequena dificuldade para encontrar local para estacionar, pois mesmo próximo a uma casa de shows e eventos como o Cine Jóia que costumam encerrar após as 23, os estacionamentos próximos encerram por volta das 21 horas. O que serve de reflexão para o uso de Uber é transporte público para deslocamento a dias de evento.
Pontualidade na abertura dos portões, as 19. Fiquei durante um tempo ainda na área externa, onde acompanhei que não se gerou filas, o que daria uma leve impressão de que não seria uma noite de casa cheia, mas por se tornar de um dia útil, o público foi chegando aos poucos, pós suas atividades como trabalho, estudo e etc.
Adentrei o Cine Joia, por volta das 19:30. E já haviam cerca de 15% da lotação da pista da casa. Um público mesclado no aspecto de faixa etária, e também com aspecto de diferentes gostos musicais, visto que reparei camisas do Amenra, Ozzy, até mesmo Molchat Doma, e algumas camisas xadrez. O merch já estava a postos, e contava com camisetas long sleeve também, além das típicas mangas curtas, e estavam na faixa costumeira de 100 reais.
Cine Joia, possui uma estrutura não plana, e com alguns degraus, o que permite uma boa visualização do palco, mesmo que a distância, e o que colabora para uma melhor experiência para pessoas de baixa estatura, além de possuir rampas o que trás maior acessibilidade ao público PCD. Conta com uma área de fumantes externa, bem pequena, o que trás a necessidade do bom senso aos fumantes de colaborar com o rodízio do local, e não usa – lo durante longo tempo. E que dá uma bela vista da cidade noturna, entre prédios, avenidas e ainda algum aspectos de natureza em meio a metrópole, e belas artes, grafites e pinturas que colaboram para tirar o cinza das construções. Tive a oportunidade de ir até o camarote/mezanino, onde creio caber confortavelmente mais de 100 pessoas. Fica à frente do palco, em forma de “U” e da uma bela visão panorâmica e alta do palco.
Seguindo a pontualidade por volta das 20 horas, se inicia o show de abertura que ficou por conta do A Terra Nunca me Pareceu Tão Distante. Procurando me informar sobre, descobri que o quarteto veio de singles lançados desde 2014, sendo o primeiro neste ano e intitulado com o nome da banda, e dois álbuns lançados, Fundação (2018) e Linguagem (2023).
Durante o decorrer da apresentação, a casa foi sendo tomada pelo público, onde cerca de 45% do público que mais à frente preencheria a pista para ver o Russian Circle, já havia chegado (pequeno spoiler, rs) Com uma sonoridade um tanto diferente da banda que seria headliner da noite, E A Terra Nunca Me Pareceu Tão Distante, trouxe um show instrumental, com pegadas de post rock, alternativo e até mesmo indie, o que não agradaria aos presentes que costumam consumir bandas e artistas de música pesada, mas que recepcionaram os mesmos com respeito e atenção para a proposta da banda.
Uma apresentação que pode transparecer certa timidez a quem se habitua a algo mais performático, ou talvez maior introspecção tanto de seus membros e sua sonoridade. Em determinado momento, o que achei interessante, foi a troca de instrumentos, onde baixista pega a guitarra, guitarra vai para a percussão e em sequência o mesmo também tocou algumas das músicas no baixo. Uma apresentação honesta, e sem contratempos, com relação a equipamentos e afim, e também dentro do tempo previsto, para aquecer os presentes, de uma maneira que não foi maçante.
Sem mais delongas, pontualmente as 21 hrs, e recebidos com êxtase, Mike Sullivan (guitarra), Dave Turncrantz (bateria) e Brian Cook (baixo) sobem ao palco, disferindo a entusiástica “Station” do álbum de mesmo nome de 2007, o primeiro com Brian.
Um adendo, já sao 20 anos de carreira do Russian Circles, e se tratava da primeira apresentação da banda em solos brasilis. E através das redes sociais dos carismáticos integrantes, se pode ver o prazer em estar aqui, em suas postagens no tour por SP.
Voltando ao show, deixamos o carisma de lado, mas não de maneira perjorartiva, e sim, devido a climática da apresentação. Luzes baixas, escuro, gelo seco, e todo um clima a lá doom metal, foram marcantes na apresentação da banda americana (Chicago), de post metal. Clima este que percorreu toda a apresentação, que contou com um alto e bom som dos instrumentos. Uma curiosidade pessoal, é que este foi meu primeiro show de uma banda instrumental.
Comecei a me interessar pela banda neste período pós pandemia, e como vocalista, sempre fico imaginando linhas vocais para as músicas, rs. Mas nada incômodo para mim, pelo contrário, o que o Russian Circles faz apenas com a tríade baixo, guitarra e bateria, é absurdo.
Ainda falando sobre a climática da apresentação, vemos um show a parte que faz toda a diferença. O escuro dava lugar a uma cor diferente a cada música, passando por azul, roxo e até vermelho. Entre uma música e outra, dissonâncias e ambientações, que mantinham soturna a sensação do show.
Que trouxe momentos para bangear (principalmente na execução da majestosa “Conduit” ) e plena atenção e introspecção também.
A apresentação teve cerca de 1h20m e pelo que reparei passou por toda discografia da banda que conta com 8 álbuns, sendo 1 deles ao vivo.
Algumas músicas conta com sintetizadores, o que agrega e tempera a proposta do trio, como em “Quartered” , trazendo leves influências de shoegaze, em meio as quebras de tempo de bateria e riffs tanto de baixo quanto de guitarra pesados, que por vezes, abrem espaço a dissonâncias e cadências.
Não há interação da banda com o público, porém o público foi bem interativo com o show, principalmente clamando por “Youngblood”, que foi recepcionada em alvoroço, é estranhamente não foi a música de encerramento (sendo esta, “Mladek“)
Para não dizer que não houve nenhuma interação com o público (o que não é uma reclamação), o show encerra com todos instrumentos ecoando e fortes luzes vermelhas clareavam a banda acenando em tom de agradecimento ao público paulistano, encerrando assim a épica apresentação do trio!
A Terra Nunca me Pareceu Tão Distante Setlist:
- Ausente
- Bruce Willis
- Pequenas Expectativas, Menores Decepções
- Já Não Ligo Se Tudo Der Errado
- Medo de Tentar
- Medo de Morrer
- Como Aquilo Que Não Se Repete
- Oblívio
- Infamiliar
- PMR (with extended end)
Russian Circles setlist:
Song played from tape – Ghost on High
- Station
- Harper Lewis
- Conduit
- Afrika
- Quartered
- Betrayal
- Gnosis
- Deficit
- Youngblood
- Mlàdek