Casa cheia, rodas insanas e stage dives marcaram a primeira passagem da banda pelo país.
Texto: Guilmer Costa / Fotos: Gustavo Diakov
Finalmente, chegou o dia. O tão aguardado show da expoente banda francesa Rise of the Northstar era uma realidade e parecia que São Pedro estava empolgado com o tal evento. No mesmo dia 03/11, sexta-feira, caiu um tempestade torrenciais, deixando vários bairros de São Paulo sem luz. Mesmo o contratempo não foi suficiente para me desanimar e os fãs fervorosos parece que chegaram com muita vontade até a Fabrique Club, na Barra Funda, e cedo! O que já denota uma mudança positiva em prestigiar todas as bandas do evento. Tempestade lá fora, um furacão dentro da casa.
De Santos, pro mundo
Começando os trabalhos, era hora do Bayside Kings aquecer os corpos presentes na casa. Os reis de Santos iniciou o show pontualmente, às 20h.
A banda, que está em tour para divulgação dos EP’s “TEMPO” e “#LIVREPARATODOS” (ambos lançados em 2022) já iniciou o show convocando a revolução com a faixa “A consequência da verdade”. Com um set bem variado, o set da metade do show pro final foi intercalando entre faixas cantadas da fase em inglês e da atual em português, passando pelos clássicos “My Freedom”, “Warship”, “Refuse to Sink”, e da fase atual, faixas como a “Miragem”, a rápida “O que você procura aqui”, “Todos os olho em mim”. Caminhando para o fim da apresentação com maestria, metralharam os últimos singles lançados, de 2023, as faixas “(Des)Obedecer” e “Entre a guerra e a paz”. O final do set ficou por conta da já clássica “Existência”, pedida perfeita para fechar qualquer set de respeito com chave de ouro. O vocalista Milton comandou o início da festa, e entre as faixas ele pedia para todos do fundão chegarem mais pra frente e somar nos stage dives e no mosh (que rolava solto) ao decorrer de todo o show. Ainda teve tempo de rolar uma mensagem carinhosa e podia ouvir os pulmões gritando em bom tom “EI BOLSONARO VAI TOMAR NO C#”. Mesmo não ocupando mais a presidência, cabe a essa ameba sempre ser lembrada se ‘já foi hoje?’.
Quem já foi em um show do Bayside Kings sabe a energia e o caos que é, o vocalista Milton Aguiar sabe como fazer essa troca de energia como ninguém. Em meio a chuvas de stage dives, a banda encerra o show e aquece os motores para os dois próximos shows da noite;
A Instituição do Hardcore, Paura
As 21hrs, Paura entra em cena, com quase 30 anos de vida dedicadas ao hardcore e em tour do último álbum “Karmic Punishment” lançado em Julho desse ano. O lançamento quebra o período de seis anos depois do lançamento de seu último álbum. Concebido durante o período pandêmico, é o oitavo disco de estúdio do grupo e tenho que confessar… nesse pique, ainda tem muita lenha pra queimar.
O soco na cara veio com a pedrada “Karmic Punishment”, uma das melhores do álbum. Essa música fala da luta antifascista e é sempre contra extremismos, seja ele qual for. O show passou por todas as fases da banda, com faixas como a “Reverse The Flow”, “Urban Decay”, “In the Desert of Ignorance”, “No Hard Feelings!? Fuck You!” e “History Bleeds”, não deixando os fãs mais saudosistas sem seu lugar de fala; Calaro, teve também performance de sons do novo álbuns, como as faixas “Last Response”, “The City is Ours”, e “Retaliate”.
Nas pausas do show, falas importantes do frontman do Paura, Fabio Pradini, falou “Se você é preto, você é bem-vindo. Se você é preta, você é bem-vinda. Se você é LGBTQIA+, você é bem-vinde. Foda-se o Estado de Israel! Foda-se o Hamas! Deixem as pessoas viverem”. Como sempre a banda se posicionamento bem e do lado certo, que isso nunca mude. Paura é uma besta viva, em palco, muitas caras e bocas e energia. Só desejo vida longa ao Paura!
Mostrando o Espirito Samurai
Era hora do chicote estralar. Os protagonistas da noites, a banda Rise of the Northstar subiriam ao palco. Para quem não conhece, eles têm como temáticas de suas músicas a cultura japonesa, em especial, a paixão por mangas e animes, contrastando com temas urbanos e, até mesmo, superação. Um detalhe bem legal é que nesse mesmo dia do show foi o dia internacional do mangá, sendo que o mangá Fist of the North Star, é a origem do nome da banda. Os fãs de metal que cresceram assistindo ao Dragon Ball na TV Globinho, se deliciaram com o presente que a banda trouxe na bagagem. Uma coincidência legal, é que no dia 03 de novembro é comemorado o dia internacional do mangá em todo o mundo.
22:10 em São Paulo, a banda sobe ao palco, trajados com seus já tradicionais macacões pretos e caracterizados como uma espécie de samurais modernos, mascaras de hannya, ao som de fundo da cantora e letrista japonesa Akino Arai cantando a música “Macross Plus Opening” ( famosa por ter feito várias músicas de temas de anime e shows, eles entram e uma flor de cerejeira, tradicional no Japão, imensa) já se inicia o instrumental da “The Anthem” que faz parte do último álbum deles, o “Showdown”. Lançado esse ano, foi incrível ver todo o público já cantando bem alto “Northstar…Northstar….Northstar”.
Sem tempo para respirar, ja engataram o som “Showdown”, um clássico da banda, e ainda focando em seu último álbum, e acompanhando todos os refrãos e gritos de guerra vociferados pelo vocalista Vithia e por Eva B e Air One (guitarras), Yoru (baixo) e Phamtom (bateria) – enquanto o led atrás do palco exibe imagens típicas de anime, arte marcial e outras referências à cultura oriental.
Ao longo do set, a banda passeia entre hits que tinham todas as fases da banda, como “Third Strike”, “Here Comes The Boom”, “Samurai Spirit” (que alias fiquei muito feliz, porque eles não tocam esse som desde de Agosto desse ano), “Welcame (Furyo State of Mind)” e “Demonstrating My Saiya Style”, encerrando a noite com “Rise” e “Again and Again” no encore, em pouco mais de uma hora de moshpit, braço rodando e geral pulando junto. O som da casa estava ótimo, vez e outra o som embolava , mas nada que impactasse o show.
Inclusive um momento sensacional do show foi durante a faixa “Rise” que o vocalista Vithia pediu pra geral agachar, algo que o Slipknot costuma fazer nos shows, e o pedido foi atendido, geral agachou e pulamos juntos, era nítido o rosto de felicidade e cansaço dos presentes.
O vocalista, Vithia, de início pareceu pouco carismático (talvez pela falta de vocabulário do nosso Português Brasileiro haha e para manter todo o mistério em torno de sua persona), mas logo assume a postura dos heróis Shonen dos mangás que ele tanto ama, conquistando a plateia, inclusive, repetidas vezes, o que se ouvia era o quão feliz ele estava e prometia voltar em breve. Nós esperamos, ansiosos.
Vejo a banda em festivais pelo Brasil em 2024/2025, porque disposição e atitude a banda tem, e entregou um dos melhores shows do ano, esta com certeza no meu top 3 de 2023.
Rise of the Northstar – Fabrique Club – 03/11/2023
The Anthem
Showdown
Third Strike
One Love
Here Comes The Boom
Welcame (Furyo State of Mind)
Bosozoku
Sound of Wolves
Samurai Spirit
Nekketsu
The Legacy of Shi
Demonstrating My Saiya Style
Rise
Bis:
Again and Again
Agradecimentos especiais ao Sonoridade Underground, que me deu a oportunidade de cobrir este evento, a Powerline, e a Tedesco Comunicação que fizeram tudo acontecer.