Siegrid Ingrid: Mauro Punk discute novo disco e volta da banda

Para os que não conhecem, a banda Siegrid Ingrid com certeza é um dos maiores nomes do metal underground paulista, e com certeza do underground nacional. Formados em 1989 por Mauro Punk, eles têm lançado 2 álbuns de estúdio, “Pissed Off” de 1995 e “The Corpse Falls” de 1999, e após 16 anos de hiato, lançaram seu terceiro LP, “Back From Hell” agora no final do ano. Tivemos a honra de ter conseguido bater um papo com o idealizador por trás desta grande banda, Mauro Punk.

Sonoridade Underground: A banda voltou em 2019 após um tempo de hiato, como que foi voltar com a banda?

Mauro Punk: Olha irmão, boa noite, obrigado pelo convite. A banda ficou de 2003-2004 até 2019 (em hiato), uns 16 anos mais ou menos né? E assim pô, ter voltado com o Siegrid foi, na boa, sabe aquele bebê que você tem, desde adolescente? Aí pô, por um problema pessoal meu o bagulho parou, e pra mim foi, porra, eu entrei em êxtase.

Montei uma rede social para mim, que eu não tinha, não gostava, porém é necessário hoje. Aí eu montei, achei um, achei outro, e os caras já sabiam da minha caminhada, que eu estava, né, a princípio limpo dos meus comportamentos, do uso de droga e tal. Depois de um tempão limpo a gente se encontrou, falamos pelo Facebook, marcamos uma reunião, e vambora velho, foi isso. Eu agradeço para caralho a confiança dos caras né meu, porque foi bastante tempo de dependência química ativa. Foi meio foda né? Meio foda não, bem foda. Eu bem sei o que eu estou falando e os caras também. 

Mas foi isso, pra mim é um prazer máximo estar com uma puta formação do caralho, que é aquela do “The Corpse Falls”, mudou realmente só o batera. É realmente o que eu queria, voltar com essa formação. Infelizmente com o Evandro Jr (ex-baterista) não deu né, ele teve que mudar de cidade, bom, desencanou das baquetas, agora virou um escritor e tal. E é isso né irmão, entrou o Herbert (novo baterista) só para somar né. 

Então para mim, como para todos, eu tenho certeza, o que a gente está fazendo a gente está 100% afundado nas coisas da banda, e é muito importante, e para mim está sendo foda, depois de 23 anos lançar um disco, um full álbum, já com lyric video com single que já saiu né, já tem outro vídeo para soltar, videoclipe mesmo, o disco está para sair, então para mim, um cara que está nessa banda, que comecei lá em 88-89, aconteceu tudo que aconteceu, a banda lá em cima e ter que parar por um problema meu, que atinge as pessoas que estão ao meu lado. 

Para mim cara, em primeiro lugar é o prazer de estar limpo hoje em dia né, é o prazer de (gesticulando) fazer as coisas como ter que serem feitas. Porra, e estar com a banda também, neste meu atual momento, que já tem 11 anos e pouco, caralho meu, sem palavras. Foi tudo que eu pedi, tudo que eu sonhei nestes 11 anos quando eu ficava arrependido quando eu estava usando lá, minha droga de preferência, e também quando eu fiquei limpo. Eu fiquei lá “tem que voltar, tem que voltar”, mas tudo tem a sua hora, não adianta acelerar o processo né? Então, teve a hora pra acontecer e estou aqui né, suave, na boa, graças a Deus mano.

Sonoridade Underground: Vocês voltaram lá em meados de 2019, logo antes da pandemia, como foi produzir um disco novo, material novo durante a pandemia?

Mauro Punk: É assim cara, a pandemia atrasou para caralho a gente, porque a gente veio de um gás, 2019, fizemos dia 20 (de dezembro) com o NervoChaos, nossa volta, dia 21 com o Claustrofobia, um dia atrás do outro, fazendo shows de volta do Siegrid Ingrid. Aí passou o fim de ano e tal, entramos em 2020, e a gente teve um show para fazer em Ribeirão Preto, no dia 14 de março. Chegamos em São Paulo dia 15, dia 16 eu acordei com a minha esposa me chamando “porra, porra, você não sabe o que aconteceu!” “o que?”, ela falou “parou, o mundo parou.” ela falou “tomara que não pare o Lollapalooza”, que ela trabalha lá né, ela faz a direção técnica desses eventos gigantes. Aí parou tudo né.

Infelizmente o pai e a mãe do ex-batera (Evandro Jr), velhinhos, velhinhos, velhinhos, bem de idade, não dava pra sair mais. E ele também já é de idade, deve ter uns 60, se não beirando os 70 (risos). Aí tem o nosso baixista (Luiz Berenguer) que em 2019 nasceu o filho dele, com síndrome de down, é um outro cuidado que você tem que cuidar, além do pai ser de idade também.

Aí o que que a gente fez? A gente não começou a produzir o disco, na realidade, na pandemia, a pandemia explodiu em março e em abril a gente soltou a single “Damned Conviction”. Aí foi foda bicho, porque depois de muito tempo a gente foi ensaiar. Durante a pandemia a gente teve a notícia aí foi “e aí Junão, vai ou não vai, marcar ensaio” e tal. Aí ele jogou a realidade “ô meu, não consigo mais”. Então voltamos aos ensaios com uma pessoa que a gente testou e não deu certo, aí entrou o Herbert. Isso em 2021. É, em 2021 se eu não me engano, a gente fez o La Iglesia, com o NervoChaos e com o Genocídio, e aí a gente começou a compor.

A gente já tinha algumas coisas, mas foi aí que o Herbert entrou e falou “vamos parar, peraí”, vamos colocar o Herbert, e bum, o som está aqui. Aí iam saindo músicas do Borô, do Gubber (guitarristas), e os caras iam passando para o Herbert, que em um ou dois dias devolvia a música pronta. Quando o Herbert entrou, a gente realmente a gente deu um up e a gente “pum”! 

Aí pegamos e estamos praticamente há um ano sem parar de gravar. Tem algumas músicas que tem que fazer uma coisa aqui, outra coisa ali, eu diria que o processo ainda está um pouco demorado, mas eu diria que a gente está com 98% do disco pronto. Tem uma participação que ainda vai vir de uma última música que nós gravamos que ainda não veio, mas está pra vir nessa semana (11/9-17/9), começo da semana que vem (18/9-24/9) no máximo. A gente vai ter 3 participações neste disco novo, a gente já divulgou o Romário aí, o Rohks do Nephall, o Henrique Fogaça do Oitão e tem mais uma pessoa que assim que ela gravar vai estar nas redes. É uma mulher, posso falar, nervosa do vocal, e vai dividir essa música comigo. Chegando essa música tá pronto irmão.

Enquanto isso, o Perna, do Genocídio, tá finalizando a arte de dentro da capa, sendo que a arte de frente e de trás é do nosso baterista, Herbert Loureiro né. Então é isso cara, a gente começou a pegar pesado quando o Herbert entrou. O Herbert entrou na banda ano passado, então com isso você já consegue ver. O Herbert entrou em maio, em julho tivemos o show, fizemos uma meia dúzia de ensaio e ele tirou todo o set do show. Acabando esse já começamos a compor, aí o bagulho engrenou. Aí tem aquela coisa da pessoa adaptar à banda, a banda se adaptar ao novo batera, ele entender o que que é o Siegrid Ingrid. 

Então tá top mano, o disco vai sair um arrastão de porrada. E o cara se encaixou muito bem, essa é a caminhada. Na pandemia produzimos o “Damned Conviction”, ainda em 2021 gravamos a “Skeletons of Society”, do Slayer, com mais aquelas 31 bandas brasileiras, que foi magnífico também. Então, parados, parados não ficamos, gravamos o Slayer, compusemos a “Damned Conviction”, aí teve essa transição toda, entrou o batera e “bumba”, já era. “Pô vamos compor agora”, já tinha coisa e o cara só foi colocando as coisas dele e pronto irmão, tá top de linha. 

Vocês vão ver a porrada que tá. Logo mais tá aí, eu garanto para vocês que até novembro, estourando aí começo de dezembro o bagulho tá aí, deste ano não passa. 98% do disco gravado, estamos nos finalmente. A gente acha que não, mas os finalmente demoram. “Puta vamos rever o que tem que fazer”, até mesmo em uma arte, um agradecimento, alguma outra coisa, a gente tem que rever as coisas depois que faz né? Então a gente tá fazendo as coisas assim, estamos revendo tudo agora para ganhar tempo depois. E outra, a gente tem um videoclipe para soltar logo mais, do disco novo também.

Sonoridade Underground: Vocês disseram em entrevista que o “Back from Hell” vai ter um som mais brutal, mais voltado para um death metal. De onde veio essa ideia de fazer um som mais brutal, mais agressivo?

Mauro Punk: (rindo) ah véi, é o que eu falo né, nós somos todos brutos, essa é a real. Mas meu, é automático, o Siegrid Ingrid sempre teve. Você vê lá, metal anos 80, thrashão anos 80, tem umas pitadas de grind, lá no primeiro disco, lá no do EP (“The Choice”) aí tem umas pitadas de som pesado pra caralho, tem uns blast, aí tem umas porradas, então quer dizer, meu, a gente não se rotula. Esse disco tá bem mais brutal. O “The Corpse Falls” é um puta disco brutal, mas esse disco, você imagina, cinco caras, eu vou falar de mim, a 23 sem lançar nada, né? 

Uma coisa que você montou quando era moleque, e que por um momento em que a vida colocou na minha frente vários obstáculos, que eu demorei para caralho, anos (para conseguir passar). Aí eu tive que perder, né, entrar em um plano de recuperação para reconquistar.

Então automaticamente já saem as músicas, é automático. Tem coisa de death metal, tem coisa de hardcore, a música que o Fogaça gravou é um puta de um hardcore extremo, uma pancada do caralho, tem dois minutos no máximo a música. O Siegrid Ingrid tem isso, você pega é as músicas vão saindo, na hora que você vai escutar você fala “caralho o bagulho tá mais brutal. Tem umas pitadas de death, de hardcore, o bagulho tipo anos 80 continua, aquela energia, aquela pegada continua. O som dos caras tá brutal, fodido, e não deixa de ser o Siegrid Ingrid”. É isso que importa.

O cara vai escutar, ele pode escutar “poxa aqui lembra um pouco death metal old-school” mas aí o cara fala “é um death metal que o Siegrid Ingrid tá fazendo”. Então a banda tem essa identidade, isso é muito bom.

Sonoridade Underground: No geral, o que podemos esperar do disco novo?

Mauro Punk: Arrastão! (risos) Mano, pode esperar assim, eu não tenho que minimizar, que nem eu acabei de falar para você, imagina né, eu sem lançar um disco durante todo esse tempo, e por vários anos, uma coisa que você tem um puta de um carinho mas eu deixei perder, infelizmente, aí você pega de volta. A banda não deixou de existir, ela só ficou estacionada. Eu não deixei de ser o Punk, eu não deixei de ser o cara que estava sempre ali, com o Siegrid, é o meu negócio do coração.

Mas assim meu, o que que pode vir velho? Aí eu falo pra você, pega eu, um cara que respira essa banda desde que eu tinha 14, 15, 16 anos no máximo, você lança uma pá de coisa, toca numa pá de lugar, sua banda tá com o nome lá em cima, mas por causa de um negócio que você tem, pessoal, o negócio para. Aí você fica naquele gás do caralho, você começa, pra mim, no meu processo, tratamento, recuperação. Puta, aí quando voltou, nossa! 

Aí agora, então, imagina todo o ódio que a gente está colocando nessas músicas. Misturando com as letras caóticas, com as letras do cotidiano. Uma porrada de coisa que tem a ver aí com o que eu passei, então por isso que chama “Back from Hell” né, retornando do inferno. E não só eu, eu por causa da dependência e os caras por que conviviam comigo e tinham que passar infelizmente por situações que não eram legais.

O conflito era entre nós, para as pessoas estava tudo bem, o conflito era entre a banda. Então cara, você pode ter certeza, vai vir um negócio muito brutal mesmo. Pega aí pela “Never Again”, que foi o single que nós lançamos, pega aí essa pancada. Vai vir nessa linha, um pouco mais porrada também. Tem coisa que está foda, eu posso falar, velho. A vontade de pegar e começar a mandar para os outros, sabe as músicas que estão prontas a gente tem. 

Tem 9 músicas no álbum, tem 7 músicas prontas. O produtor, Michel Oliveira já tem os projetos das outras músicas então assim que chegar à música que essa moça aí vai participar, já vai para a mixagem. Tem uma coisa aí do baixo em uma música ou outra que o Luiz Berenguer, que é nosso baixista está refazendo, coisa pouca também, tem estúdio em casa fica a facilidade, manda para o produtor e já era

Então pode ter certeza, vai vir uma podreira do caralho, podreira em um bom sentido. Tudo bem tocado, bem feito. Pancada, a gente se preocupa muito com a qualidade do som, muito em ver os mínimos detalhes, então você pode ter certeza meu, está demorando um pouquinho mas as pessoas precisam entender que não é a demora que quando se muda de uma formação, principalmente com baterista, o processo tende a. A gente estava tocando juntos há vinte anos, todo dia, toda semana. Um fechava o olho e já sabia o que o outro ia fazer. Tem todo esse lance. Tivemos uns obstáculos para enfrentar, principalmente este lance de perder um batera, mas pô, perdemos um batera e ganhamos outro. A fila anda né, se um não quer tem outro que quer. A gente está fazendo a nossa, vai ser brutal, resumindo, brutal. Sem massagem.

Sonoridade Underground: E liricamente falando, o que podemos esperar?

Mauro Punk: Nesse disco, o Borô, o Gubber, escreveram para caralho. Eu dei ideia de uma coisa ou outra mas os caras (gesticulando), meu, o que eu te falei, nossas letras caóticas, falam de, porra, uma pessoa que está em busca de algo que faça bem para ela, o bagulho é muito louco, é foda. Pode esperar assim, tudo com muita originalidade e muita sinceridade nas letras. 

A gente vai ter umas duas músicas em português, as que você pegar em inglês, se você for passar para o português, você vai ver que não tem nada ali falando de lorota nem de mentira. Se a pessoa for a fundo nas letras, ela vai ver que é o que a gente está vivendo. A gente sempre fez isso. Letras caóticas, do caos, depressão, da pessoa que está na merda e quer se levantar. Então é bem por aí, é Siegrid Ingrid. 

O Borô e o Gubber também escreveram bastante nesse disco, isso é muito bom. Não fui só eu não. Esse disco o Borô e o Gubber escreveram bem, é isso daí.

Sonoridade Underground: Agora partindo para algumas perguntas mais gerais, vocês começaram em 88, 89. Como você diria que a cena do metal mudou e evoluiu desde então?

Mauro Punk: Olha velho, vamos lá. Evoluiu assim, vamos pegar, quando a gente começou, moleques, quem que estava no cenário? Sepultura. Vou falar para você, eu tinha uma banda, quando eu tinha uns 13, 14 anos em que eu tocava baixo, chamava Desordem Nacional. Era uma banda de garagem mesmo, né? E eu conheci os caras, já o Barone o Gargamel e o Peu, e “cara vamos fazer um som?”, “grita aí”, eu falei “pô, não sei”, aí comecei a, peguei o microfone e rolou. Aí pô, sentamos “vamos montar uma banda mesmo?” Aí lá, a gente estava em uma puta emoção, veio aí emoção, veio com prazer, aí começou a ficar sério, aí você fala “peraí, o bagulho é ou, não é?” Aí lançamos o EP em 92, quem ficou, era porque queria dar continuidade no bagulho. Eu não estou aqui para brincadeira.

Aí assim, o que que eu vejo lá do final da década de oitenta à década de 90, o bagulho era foda. Era foda mano. A década de 80, eu lembro quando era moleque, o shows do Viper, vamos falar, aí no Sesc Pompeia, no Mambembe, eu era moleque mano, uma puta cena fodida. Década de 90 eu falo “pô, a gente tocou para caralho!” Década de 90, meu a gente tocou muito.

Aí veio o começo da década de 2000, puta que pariu! O que que eu vejo hoje? Vamos lá, público tem, e a cena está aí. Nós tocamos no Setembro Negro, no domingo (10/9/23), tá ligado, eu fui no Setembro Negro quinta, sexta, sábado e domingo. Todos os dias lotados. Tem cena. O que que falta? Vamos lá, a maioria das pessoas cara, pegar um CD, que seja do Siegrid Ingrid, “pum”, porra, escutar aquele CD, porque não? Porque em primeiro lugar, ela vai direto naquilo que ela está acostumada a escutar. Ela não quer. Muitas vezes ela está fechada à novas ideias, à novas bandas. 

Principalmente assim, nós somos uma banda que ficamos parados 16 anos, imagina quantas pessoas que nasceram nesse tempo, nesses 16 anos. Tem moleque que não conhece (nosso trabalho), está conhecendo agora. Teve uma receptividade muito boa esse single, esse show que a gente fez no Setembro Negro está repercutindo até agora, muito bom, então muitas pessoas que não conhecem vão conhecer, apesar de que tem gente para caralho. Muita gente da década de 90 lá no show do Setembro Negro estava lá para ver a gente. Porra, chegaram lá no nosso horário para nos ver. Pegamos o Carioca Club cheio.

Assim, eu vejo lá, que a curiosidade, de público em relação ao metal, em relação ao heavy metal, ao thrash, ao death, o que for, era muito mais fervorosa na década de 90 e começo de 2000. O Siegrid Ingrid em 2000, tinha dia que a gente fazia 2 shows por dia mano, tocava à tarde em um lugar, de noite em outro. O que eu vejo, também lá atrás, a gente fazia show para caralho. Só que tem aquela coisa de que, porra, a gente estava a milhão, não queria parar, e com isso a gente não se valorizava também.

Então agora está assim, o Siegrid Ingrid faz show sim, só que hoje, é que nem a gente estava batendo um papo aqui com o nosso assessor, a gente não pode levar a banda como a gente levava antes. Porra, legal para caralho, a gente tocava para caralho. Era época de caixa postal, o Borô pegava, ele respondia todas as perguntas de todos os fãs, de todos os meios de comunicação. 

A gente ia na TV, a gente ia no rádio. Hoje em dia ficou que o meio de comunicação que está mais assim (gesticulando), mais, na realidade é o que você está fazendo agora. É as lives, que pintou na pandemia, é uma porrada de cana de imprensa que é direcionado ao estilo de som que a gente faz o hardcore, o punk, o metal, heavy metal, hard rock, o que seja. Então assim, esta facilidade teve, agora eu ainda vejo, eu não vou falar no show do Siegrid Ingrid em pessoal, por exemplo, eu vejo que ainda, eu escuto de outras pessoas, de outros músicos que falta um pouco desta energia que tinha nos anos 90 e nos anos 2000.

Mas eu vi também, repetindo, no Setembro Negro, que tinha gente lá, tipo um moleque no show da gente que tinha 11 anos de idade, o Rafa Baron, guitarrista. Moleque estava no show lá, na maior êxtase! E tinha aquela (gente) de 50, 60 anos para ver a gente também. Público tem, o que falta é a valorização das bandas daqui. É o que eu falo. E antes, na década de 90, começo de 2000, bagulho era monstruoso a união era mais foda. Hoje a panela domina, né? Tem uma panela que domina, né, mas é o seguinte, a gente sai para fazer a nossa, o sol está para todo mundo né? Sem problema também. Estamos aí para o que der e vier.

Hoje é tudo muito conversado antes da gente sair de casa, né? Mas na década de 90, se a gente quisesse a gente tocava duas, três vezes por semana, se fosse tocar em qualquer lugar. Se você selecionasse, você conseguia fazer um ou dois shows por semana, bons para caralho. A nossa intenção é voltar a fazer isso. Mas, para isso a gente precisa de reconhecimento das pessoas, as pessoas saberem que hoje o Siegrid, é um empresa velho, querendo ou não. São 5 pessoas, todos pais de família, todos dependemos de trabalho, então eu não posso deixar minha casa, uma semana, 10, 15 dias, para ir para a estrada e chegar em casa com 500 conto (risos). É um exemplo, né? Não dá para fazer o que a gente fazia na década de 90 e 2000 não. 

Então, tudo é conversado ante de sair, mas é tudo negociável, e a gente é muito fácil de levar para os lugares né, aí vai do pessoal né? É o que eu falei, lá atrás a união fazia e desfazia tudo para levar você para os lugares e levavam. Hoje ainda tem uma resistência, mas “vamo que vamo” né? Estamos aí para o que der e vier. A gente sabe que nosso som é pesado, é bruto, e que tem aquelas pessoas que os produtores vão direto naquela banda, a gente sabe disso. Mas é o seguinte, temos a nossa história, temos a nossa estrada e voltamos aí para arregaçar, tá aí o reconhecimento no Setembro Negro. Puta de um festival, e pode ver nas redes aí, está bombando essa porra desde domingo. É isso aí.

Sonoridade Underground: Agora quero perguntar do Setembro Negro mesmo, eu vi que foi um baita show, vocês destruíram tudo, como que foi tocar lá?

Mauro Punk: Assim, eu conheço o Edu (Tumba produções, produtora do Setembro Negro), desde 92, o Edu Lane. O Edu eu conheci ele em uma festa né, a gente tem uma história de amizade muito grande, muito forte. Porém em 96, quando nós lançamos o “Pissed Off”, em 95, a gente começou a fazer show para caralho, fomos viajar, enfim, por problemas pessoais do Punk, os caras saíram fora e montaram o NervoChaos, eu fiquei no Siegrid Ingrid. Ficamos um tempinho sem se falar, ficou todo mundo chateado. A gente estava num gás do caralho, beleza. Aí a gente voltou nossa amizade, voltamos a tocar junto, claro, em bandas diferentes, claro, saíram do Siegrid e montaram o NervoChaos, ficaram duas bandas fodidas, “vambora” né, tá da hora. Não foi legal do jeito que aconteceu né, mas, vou fazer o que, não posso voltar atrás.

Então, para nós cara, é um festival que está na décima-quinta edição. Uma puta experiência você tocar em um lugar de uma puta qualidade de som. Você não precisa levar um roadie (risos). A Tumba colocou lá o Setembro Negro, que é o fest que a Tumba nos proporciona lá, do caralho, você não precisa fazer nada, é muito bem tratado. Tudo no horário.

A receptividade do público lá. Lá tem headbanger de verdade. As pessoas que estão lá, elas vão porque elas amam mesmo o som, nego vai lá, compra os três dias, o combo. O cara não vai lá só um dia. Tinha gente da Bolívia que veio falar comigo, no dia do Voivod, tinha gente da Alemanha que veio falar comigo, você tá entendendo, tinha gente de todos os lugares que você pode imaginar do Brasil. Um monte de produtor veio trocar ideia comigo, um monte de gente. E tinha nego que veio lá ver o Siegrid, porque tinha gente que trampava na segunda em outros estados. Teve gente que veio porque era feriado também. Eu sei que todo Setembro Negro é caravana de tudo quanto é lugar. Para nós é uma experiência incrível e queremos estar em outros, lógico. 

O Edu dá oportunidade para uma pá de gente, isso é importante. E outra, ele acredita na banda (Siegrid), aposta na banda. Ele de membro da banda, virou um cara que apoia a banda. É um cara que vai estar envolvido no lançamento do Siegrid também, a Tumba vai estar envolvida no novo disco. Então, pô esta conexão, a gente faz show com o NervoChaos, a gente está envolvido nas coisas da Tumba junto. Eu sei que é coisa boa porque eu conheço o trabalho do Edu. Para nós, foi prazeroso para caralho, e está sendo até agora. Destruição. Foi muito foda. Experiência incomum assim. Não tem o que falar, só você estando lá, e o tratamento que nós tivemos também.

Vou falar para você, nessa pegada, se juntar, o Siegrid Ingrid vai fazer 35 anos ano que vem, em fevereiro. Nessa pegada, nessa organização, nesse lance que foi assim, maravilhoso, eu já sabia que era assim, mas eu não tinha participado, não tinha tocado. Eu acho que o Siegrid Ingrid nunca pegou um negócio tão organizado, dessa maneira, em uma proporção tão grande. Já tocamos para 500 mil pessoas no impeachment do Collor por exemplo. Mas à proporção que o Setembro Negro traz para uma banda, ou até para quem trabalha com uma banda, que está lá, é foda. É sem palavras. É muito bom. 

E é o que rola, você vê estes festivais, tá tendo show Pra caralho, Siegrid Ingrid quer estar nos shows, e é isso aí. A gente recomeçou lá em 2019, com muito trampo, aí veio a porra da pandemia, quase 3 anos parados, voltamos num gás do caralho, estamos com batera novo, disco novo para sair. Cara eu não tenho do que reclamar, e participando de um puta de um fest desses, porra sem palavras. Amanhã tem ensaio com a banda, tem reunião com o assessor, legal para caralho.

Quer dizer, o Setembro Negro deu um gás para a gente que a gente já estava. Você trabalhar em um lugar em que você tem aquilo que você necessita é muito bom né? Não é verdade? “Cara você usa o que?” tudo você passa antes e você chega lá e tem tudo que você pediu, até mais, até outras opções, não tem o que falar. Puta fest, puta qualidade, puta organização, parabéns à Tumba, a todos os envolvidos e ao idealizador, que é o Edu Lane. Parabéns, muito foda, sem palavras, até as bandas gringas estava de boca aberta com a organização do fest para você ter uma ideia. Eu sei porque eu estava lá, e presenciei não só o de domingo, mas de todos os dias. Muito foda.

Sonoridade Underground: Bom, é isso então, vou acabar a entrevista por aqui. Punk, foi incrível conseguir bater um papo com você!

Mauro Punk: É isso, “tamo junto”!

Sonoridade Underground: Então, todo mundo que está ouvindo/lendo aí, por volta de novembro/dezembro, vai ouvir o “Back from Hell”, vai comprar o CD, vai ouvir o disco, vale a pena.

Mauro Punk: Vale a pena, vai que o bagulho tá destruidor. É isso então, valeu irmão pela oportunidade!

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2 Comments on “Siegrid Ingrid: Mauro Punk discute novo disco e volta da banda”

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