15ª álbum da horda sueca traz a visceralidade clássica com exímia técnica ao black metal
Lançado o 15° full lenght de um dos maiores ícones do black metal sueco, Marduk. O álbum é
o sétimo de estúdio, que com Mortus nos vocais, na banda desde 2014 foi incumbido da
missão de substituir uma das mais renomadas vozes do gênero, o performático Legion.
Em minha opinião, esse álbum se solidifica como um dos melhores da atual formação, em um
black metal visceral, e apocalíptico como tanques de guerra em destruição em massa.
Uma pequena intro, com as trombetas, precedem o caos, na faixa título do álbum e de
abertura, que vem uma crescente de volume, em vocais urrados á princípio, para depois
disferirem estrofes cortantes, com blastbeats acompanhados de riffs cortantes. Uma bela
escolha tanto para dar nome ao álbum, quanto a musicalidade, onde a primeira faixa dita o
ritmo que o álbum iria nos apresentar.
Em uma entrevista sobre o novo álbum, Mortus cita que seria um passo a frente na carreira da
banda, porém, sem se esquecer de quem eram. Talvez o salto a frente seria em produção, e as
raízes se referiam ao som dilacerador, com poucos momentos de cadência, embora hajam
alguns, mas que em nada mudam a atmosfera caótica do álbum.
Heart of the Funeral, apresentam um duo de guitarras, em uma sincronia melódica, no aspecto
de harmonia, mas usar o termo melódico seria uma ‘’blasfemia’’ para se referir a proposta da
banda, rs.
Blood of Funeral, me trouxe uma sensação de mescla de Panzer Division Marduk (clássico),
com o World Funeral (último álbum com Legion, mas que já trazia uma produção melhor),
talvez por que a evolução da música relembre Baptism By Fire, porém também a própria World
Funeral. Se fazendo uma das maiores faixas do álbum (5 min), após duas músicas curtas (de 2
min) e o álbum em si mantendo uma média de 4 minutos por faixa.
O comentário sobre o tempo, parece ser irrelevante, mas muito se houve sobre a forma como
a música é consumida atualmente, onde álbuns mais longos se tornaram maçantes para
alguns, habituados a singles em plataformas digitais, e conhecer músicas através de playlists e
etc. Porém, em Memento Mori, é incrível como a audição do mesmo é envolvente e sólida em
suma, e não fica se esperando um ápice, ou final do álbum.
Shovel Beats Sceptre é precedida por uma intro de sinos, em uma espécie de missa negra
proferida por Mortus, a mais cadenciada do álbum, trazendo uma bateria mais lenta com uma
levada doom/sludge, porém com os riffs gélidos já clássicos, e um vocal mais arrastado.
Charlatan, provavelmente seria a trilha para o navio que encaminha as almas do umbral ao
inferno, sem redenção, pelas veredas do rio Acheron. Seus riffs, em alguns momentos trazem
uma sensação de angústia a lá DSBM.
Seguindo de Coffin Carol e Marching Bones, gostaria de destacar o trabalho de BloodHammer
na bateria, embora sejam uma larga sequência de blastbeats, o que mais pega, é a precisão, e
o quanto o trabalho de ‘’cozinha’’ dita o caminho dos riffs, e o caminhar de cada música. Ou
seja, rápido, extremamente rápido, mas nada ‘’quadrado’’.
Ainda falando sobre a climática, o álbum se encerra com Year of the Maggot, Red Tree of
Blood e As We are, e é um tanto subjetivo explicar, creio que apenas ouvindo para ter a sensação, de como a ordem das músicas, e em suas composições, parecem narrar um
conceito, e gerar a sensação de que está se lendo um livro, ou uma peça em 3 atos, isso por que o
álbum sequer tem interlúdios em si, fora algumas climáticas em intro das próprias músicas.
Resumidamente a sensação nessa reta final de álbum é ‘’o mundo realmente está chegando ao
seu fim’’ , onde As We are, seria a música de fundo que velaria e enterraria a existência humana.
Excelente trabalho, que sem dúvida ira figurar em listas de melhores do ano de apreciadores
da música extrema.