Orchid, pioneiro do screamo e do emoviolence, toca pela primeira vez no Brasil em 2026

Será show único em São Paulo, dia 24/01, no City Lights

Dissonância, melodias angulosas, blast-beats e vocais rasgados numa abordagem que soa ao mesmo tempo caótica e cuidadosamente trabalhada, essa é a combinação que fez a banda norte-americana Orchid difundir o screamo (ou emoviolence) mundo afora e se tornar referência máxima deste subgênero do post-hardcore. A banda enfim vem ao Brasil pela primeira vez com show único em São Paulo, dia 24 de janeiro de 2026, no City Lights. A realização é da ND Productions.

Ingresso já à venda no site da Fastix: https://fastix.com.br/events/orchid-eua-em-sao-paulo.

Para o anúncio da estreia do Orchid em São Paulo, a ND Productions lança também a promoção de ingressos Combo 2×1: Orchid + Touché Amoré. Ao comprar este ingresso para o show do Orchid, você tem passe também para o show do Touché Amoré, no dia 14 de setembro de 2026, no Cine Joia (SP).

Orchid é amplamente referenciada como uma das bandas que ajudaram a cristalizar o som conhecido como screamo/emoviolence no fim dos anos 1990, especialmente na cena costeira leste dos EUA, combinando fúria powerviolence com dinâmicas emotivas.

Lançaram álbuns considerados essenciais para o gênero: Chaos Is Me (1999), Dance Tonight! Revolution Tomorrow (2000) e Gatefold (2002). Há também a coletânea póstuma Totality (reúne EPs e faixas raras).

Diversas bandas contemporâneas citam o Orchid como referência, como Silverstein (Canadá) no início de carreira, Pg.99, Saetia e Respire.

Conheça o som do Orchid clicando aqui.

O Orchid também se apresentará no Chile e Argentina, em uma turnê inédita pela América do Sul realizada pela ND Productions em parceria com as produtoras Monkey e Noiseground.

SERVIÇO

Orchid pela primeira vez em São Paulo

Data: sábado, 24 janeiro 2026

Horário: 17:30 (abertura da casa)

Local: City Lights (R. Padre Garcia Velho, 61 – Pinheiros, São Paulo – SP)

Ingresso: https://fastix.com.br/events/orchid-eua-em-sao-paulo

Orchid: dos primórdios ao visceral retorno aos palcos

É um fragmento pouco conhecido do folclore punk o fato de que, quando Bruce Springsteen escreveu “tudo que morre um dia volta”, ele se referia especificamente à reunião da banda Orchid, de New England. Talvez o ‘Boss’ fosse um profeta, talvez eu esteja mentindo, ou talvez as obsessões da Orchid (jeans pretos em vez de azuis, pistas de patinação, nostalgia das fitas cassete, uma dor local cuidadosamente calibrada) fossem mais universais do que sua adoração de nicho sugere.

Se isso soa afetado, tudo bem. A Orchid sempre foi metade pretensão (a ambição de transcender o que se tem, a recusa em se contentar com o mero esforço hardcore), sustentada por uma tensão insolúvel entre integridade rígida e ironicamente teatral e uma lascívia proto-electroclash. A outra metade da Orchid era um monumento infinitamente propulsivo ao caos. Preferir uma ou outra talvez dependa das marcas no cartão da biblioteca de cada um. Mas a banda, em sua totalidade, era pura explosão.

A história começou com Jayson Green, Will Killingsworth e Brad Wallace no Hampshire College, uma pequena faculdade onde estudantes de camisetas “significantes” podiam se reconhecer (segundo Jayson, Will usava “provavelmente algo legal, tipo His Hero Is Gone”, e ele mesmo usava “algo de hardcore de Connecticut, sei lá, Fastbreak. Provavelmente Hatebreed…”). Após cumprirem o então comum ritual heteronormativo de amizade — trocar fitas —, Will sugeriu que formassem uma banda. Os astros se alinharam, e o que veio a seguir foi uma narrativa americana tão percorrida que beira o arquétipo: Jeff Salane foi recrutado, o grupo gravou uma demo, fez um show na lendária Hampshire College Tavern e recebeu o convite para dividir um disco com o Pig Destroyer. No filme biográfico, Scott Hull seria interpretado por Tom Hanks.

Sobre o termo “screamo”, “emo-violence” ou qualquer outra designação de gênero e o lugar da banda dentro dela, esse sangue particular nas mãos da Orchid é um caso complexo. Embora a memória situe o grupo na tradição de San Diego e do Noroeste do Pacífico — cinturões brancos e calças justas —, a verdade é que “Salane, nosso baterista, era mais um cara do indie. Cantava e tocava guitarra tão bem quanto bateria (muito bem, aliás), enquanto Will e Brad vinham de um background crust grind. Garlock era mais o típico sujeito do hardcore clássico, sabe?”, diz Jayson, comparando a estética da banda a fotos antigas do Black Flag, “daquelas em que você se pergunta como essas pessoas chegaram a se conhecer”.

Sonoramente, a banda não tinha pudores em trabalhar dentro de uma tradição então nascente de cacofonia hardcore — pesada, desordenada, abruptamente bela — que capturava a agressão do punk, evitando (ao menos na execução, se não nas coleções de discos e camisetas) o tom de intimidação e gritaria que dominava grande parte do gênero. Claro que, como recomenda o KLF, ao tentar soar como seus “melhores sociais”, a Orchid acabou criando algo — linhas de guitarra melódicas e pregações dilacerantes e espirituosas sobre bases de blast beats — inteiramente seu.

Enquanto existiu, a Orchid enfrentou a cena — passado, presente e futuro — com reverência, desprezo e alegria. Essa era a abordagem da banda: pegar o cavalo morto do hardcore e insuflar-lhe vida cutucando-o, provocando-o, acariciando-o, rabiscando slogans situacionistas em seu cadáver como se fossem runas incômodas — até que o cavalo morto não tivesse escolha senão levantar e galopar pelo centro comunitário de shows para todas as idades.

Após o fim da Orchid, seus integrantes mantiveram os pés no chão em outros projetos. Os anos não criaram distância intransponível; a amizade permaneceu. Duas décadas de negativas quanto a uma reunião tornaram-se ligeiramente inconsistentes diante da ausência de qualquer ruptura real.

Quando questionado sobre a improbabilidade da volta da Orchid — numa escala de 1 a 10 Fugazis —, Green rejeita a métrica, vendo a reunião da banda como algo menos “implosivo para o mundo” do que uma volta do Fugazi, deixando claro, no entanto, que a nova turnê só foi possível graças ao vínculo comum entre os integrantes.

“Sempre recebemos propostas. Cada um tem sua vida, e nunca parecia fazer sentido”, diz Jayson. “Até que um dia eu estava conversando com Damien Abraham, do Fucked Up, e ele me perguntou: ‘Você gosta dos caras?’ E eu disse: ‘Sim.’ Aí ele: ‘E você gosta das músicas?’ Eu disse: ‘Sim.’ Então ele perguntou: ‘Então qual é o problema?’ E eu pensei: ‘Hmm. É, isso faz sentido.’”

“Então o Brad disse: ‘Sabe, eu sou meio ambivalente quanto a essa reunião… Mas acho que, quando estivermos no leito de morte, não vamos dizer: ainda bem que não voltamos com a Orchid!’”

Outro bom argumento. Sim, a nostalgia é um cadáver a ser dançado, mas agora, com a paixão sendo algo talvez ultrapassado (ainda em debate), a retórica da Orchid — amor revolucionário sustentado por força e ritmos cáusticos — é uma adição bem-vinda ao discurso infernal contemporâneo. De todo modo, a banda — pavorosos antifascistas futuristas e tradicionalistas antitradição, como sempre foram, paradoxalmente e com gosto — está de volta… pronta para celebrar a confusão.

Mais informações em @chaosisorchid.

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