A noite em São Paulo uniu o melhor do hardcore nacional com o poder devastador do Rise of the Northstar, em um show que misturou brutalidade, identidade e uma conexão única com o público brasileiro.
Fotos por Ísis Trindade (@isistrindadephotos)
O Fabrique Club, em São Paulo, se tornou o epicentro de uma tempestade sonora no último sábado (19), quando o Rise of the Northstar retornou ao Brasil para uma apresentação única e inesquecível. Com uma mistura avassaladora de groove metal, nu metal, hardcore e hip-hop, os franceses provaram mais uma vez por que são considerados uma das bandas mais enérgicas da cena moderna.
A produção local foi conjunta entre Liberation Music Company e Powerline Music & Books.
Antes mesmo do quinteto francês subir ao palco, o público já era aquecido com duas apresentações nacionais de peso: Sujera e Bayside Kings.
A invasão começa: Sujera e Bayside Kings preparam o terreno
Abrindo a noite, o Sujera trouxe seu hardcore paulistano carregado de atitude e letras afiadas. Faixas como “Pesadelo”, “Matilha Vira-Lata” e “Nego Drama” ecoaram com força, transformando o Fabrique em um grito coletivo de resistência urbana. A banda ainda chamou Milton Aguiar para o feat em “Calle Hood Quebrada”, arrancando aplausos e mosh pits intensos logo no começo da noite.
Em seguida, o Bayside Kings, de Santos, manteve a energia em níveis explosivos. A banda apresentou um setlist que combinava agressividade e emoção, passando por músicas como “My Freedom”, “Todos os olhos em mim”, “Miragem” e “Entre a Guerra e a Paz”. O público respondeu à altura: as rodas de mosh se abriram em vários momentos, especialmente em “Get Up and Try Again”, quando o vocalista Milton Aguiar incentivou a galera a “se soltar de verdade” e que aquilo era um show de hardcore/punk. O resultado foi uma tempestade de corpos em movimento e gritos que mostravam a força da cena hardcore nacional.
Rise of the Northstar: o encontro da ficção japonesa com a brutalidade urbana
Quando as luzes se apagaram e os primeiros acordes de “Nekketsu” ecoaram, uma onda de gritos tomou o Fabrique. O Rise of the Northstar surgiu sob um clima de euforia, com o vocalista Vithia liderando o ataque em meio a uma iluminação vermelha intensa que remetia ao universo dos mangás e animes que tanto influenciam a banda.
O show foi um verdadeiro campo de batalha urbano: riffs pesados, grooves cortantes e uma performance teatralmente agressiva. Músicas como “Welcame (Furyo State of Mind)” e “Crank It Up” incendiaram o público, que respondia com crowdsurfing e circle pits cada vez maiores.

Quando “Here Comes the Boom” começou, o Fabrique praticamente veio abaixo. A faixa, uma das mais populares do grupo, foi recebida como um hino, com o público cantando cada palavra e transformando o salão em uma gigantesca roda de mosh.
Entre os momentos mais marcantes da noite, “Showdown” mostrou o poder do último álbum da banda, enquanto “Neo Paris” apresentou o lado mais recente e cinematográfico do ROTN. A faixa ganhou vida com projeções e uma introdução falada, lembrando o visual distópico de Akira, referência declarada por Vithia.

Entre os interlúdios clássicos japoneses “City Pop Star” e “Yume no”, o grupo manteve o público em transe, equilibrando peso e ambientação. “One Love” e “Back 2 Basics” mantiveram a energia em alta, mostrando que o novo material da banda é tão explosivo quanto os clássicos.
O show ainda teve espaço a sequência de pedradas, “Bosozoku”, “Rise” e “Again and Again”, que fecharam o set com intensidade máxima.
Cada música soava como um golpe, cada breakdown parecia uma explosão coordenada entre palco e público. E o público? Não parou um segundo, pulando, gritando, abrindo rodas, levantando os punhos.

Após a estreia no país em 2023, o retorno do Rise of the Northstar mostrou que a relação entre a banda e o público brasileiro é algo especial. “Vocês são os mais insanos!”, gritou Vithia em determinado momento, que até soltou um sorriso, que ia de orelha a orelha.
A apresentação também serviu como aquecimento para o novo álbum, “Chapter 04: Red Falcon Super Battle! Neo Paris War!!”, previsto para 14 de novembro. Músicas como “Neo Paris”, “A.I.R. Max” e “Back 2 Basics” já mostram a nova fase da banda, moderna, intensa e ainda fiel às suas raízes.
Ao final, suados, exaustos e sorridentes, os fãs deixaram o Fabrique com a sensação de terem participado de algo único: um espetáculo que une metal, cultura japonesa e energia de rua em uma experiência catártica.
Rise Of The Northstar – Setlist – Fabrique Club – 19/10/2025:
- Nekketsu
- Welcame (Furyo State of Mind)
- Crank It Up
- Here Comes the Boom
- City Pop Star (Interlude)
- One Love
- Showdown
- Neo Paris
- Back 2 Basics
- Yume no (interlude)
- Bosozoku
- Rise
- Again and Again