THE SISTERS OF MERCY ENTREGA SHOW CLICHÊ, PORÉM NOSTÁLGICO

Os ícones da música gótica retornaram a São Paulo no dia 26 de Setembro, mais uma vez no Tokio Marine Hall.

Fotos por Gustavo Palma (@guspalma)

Se existe uma banda que faz jus ao mistério, introspecção e incerteza, se chama The Sisters Of Mercy. Com mais de 40 anos de carreira, poucos álbuns lançados e zero presença em mídias digitais, o grupo britânico liderado por Andrew Eldritch ainda é um nome marcante do rock mundial, mesmo contrapondo todos os modelos de negócios tradicionais da indústria da música. 

A última apresentação da banda no Brasil em 2023 rendeu uma série de críticas por conta do setlist morno e o som com qualidade duvidosa, além da performance “preguiçosa” por parte de Eldritch.

O Tokio Marine Hall abriu as portas às 19h30, para receber fila de fãs que aguardavam e superavam um leve frio de primavera, o clima propício para um show de música trevosa. A abertura ficou por conta da banda 3 Pipe Problem, que já tinha feito a abertura do Sisters em 2023. “Drowning” contou com uma performance do guitarrista e vocalista Hafa Adami, com direito a arremesso de celular. A banda mescla elementos de stoner rock com timbres modernos como se nota em “Answers”, ainda sobrou tempo para uma versão de “Save A Prayer” do Duran Duran, que animou o público a cantar junto. Foi um show bem executado, mas que não engajou muito da plateia.

INÍCIO DE SHOW FRIO, MAS COM SOM E PERFORMANCE UM POUCO MELHORES QUE DA ÚLTIMA VEZ

Com o palco na penumbra e preenchido pela fumaça, a longa trilha de introdução tocou pontualmente as 22h, “Don’t Drive on Ice” deu ínicio ao show de maneira fria, só se via celulares pra cima e um público pouco animado, se seguindo por “Crash and Burn” – afinal, ambas músicas fazem parte da leva de canções que não foram gravadas em estúdio.

A animação dos fãs só começou a vir quando as “antigueiras” entraram em jogo, “Ribbons” e o medley “Doctor Jeep / Detonation Boulevard”, sendo que a clássica “More” foi o que realmente levantou o astral da galera, mesmo encurtada numa versão apressada de pouco mais de três minutos. O som da bateria/backing tracks e as guitarras estavam bem equalizadas, e a voz profunda de Andrew estava audível, isso quando ele cantava as partes de fato, sem titubear. 

Em questão de performances, quem se destaca mesmo são os guitarristas Ben Christo e Kai, que se perambulam pelo palco com movimentos e poses, interagindo constantemente com o público. Chris Catalyst é o “enfermeiro” encargo de operar o Doktor Avalanche (nome dado a aparelhagem que reproduz bateria, baixo e backing-tracks), só que o trabalho parece ser tão complexo, que o músico sequer move a cabeça durante o show, chegando a parecer um boneco de cera. Já o frontman Andrew Eldritch tem uma performance marcante, se esgueirando em meio as sombras e fumaça, ora de costas pro público num canto escuro do palco, ora fazendo movimentos que mais se parecem com o vampiro Nosferatu. 

SÓ OS CLÁSSICOS EMPOLGARAM O PÚBLICO (DE NOVO)

As canções “Alice” e “Dominion / Mother Russia” foram de longe as melhores executadas durante o show todo, sem versões encurtadas ou vacilos por parte do vocalista. Porém, o setlist era 90% igual ao show de 2023, com muitos clássicos de fora e uma aposta mal calculada em músicas “inéditas” que já não eram tão inéditas assim, como por exemplo “Summer” e “I Will Call You”. A sequência “But Genevive”, “Eyes Of Caligula” e “Here” emanaram uma vibe soturna interessante, até instigando os passos de dança de alguns, e uma batida coordenada de palmas em “On The Beach”. Todavia, era nítido que a maioria queria ouvir os clássicos, como: “First and Last and Always”, “No Time To Cry “ e “Vision Thing”, que foram tocados no show da banda aqui em 2019, mas ficaram de fora dessa vez.

Por um pouco de “piedade das irmãs” aos fãs, “Marian” e “Temple Of Love” foram mantidas no set, ainda que quase inteiramente sustentadas vocalmente pelos backing vocals dos guitarristas e da plateia, já que Andrew ou se esquecia de cantar, ou simplesmente não queria por preguiça.

Chegando a hora do bis, a plateia começa com o coro “Sisters, Sisters”, a banda retorna e Andrew volta exibindo um moletom com a caveira do St. Pauli nas costas, e a batida sorumbática de “Never Land (A Fragment)” já deixa um bom encaminhamento pro final do show. “Lucretia My Reflection” foi o suficiente pra levar a casa abaixo de vezessas músicas do álbum Floodland, evidentemente carecem de um baixista ao vivo tocando cada nota. Mas aquele de fato foi o momento mais esperado do show, com fãs dançando e cantando em plena energia, e então entra a introdução do coro de “This Corrosion”, arrancando todos os gritos da plateia e mostrando a verdadeira força do Sisters, pois não tinha uma alma viva presente que não cantou o refrão “Hey Now, Hey Now Now, Send This Corrosion To Me”. 

UMA AMOSTRA DE UM LEGADO JÁ DISTANTE

Mesmo com uma energia nostálgica presente, é evidente que o brilho que a banda tinha ao vivo veio se perdendo nos últimos anos, e de como isso segue afetado pela falta de conexão com os fãs por parte de Eldritch, que parece estar “cumprindo tabela” em vez de entregar uma apresentação fidedigna ao que costumava ser. Ben Christo, que está na banda desde 2006, tem sido o porta-voz midiático da banda recentemente, mas até agora não deu notícias sobre possíveis lançamentos dessas várias músicas “inéditas” tocadas nos shows. Tampouco o anúncio de alguma turnê comemorativa tocando o álbum First And Last And Always na íntegra, que completou 40 anos de lançamento, que, com certeza, agradaria muito os fãs. A impressão que se tem, é que o The Sisters Of Mercy se perdeu um pouco na própria proposta, e acaba frustrando a experiência de muitos que conhecem a banda como soa nos álbuns clássicos Floodland e Vision Thing. 

Setlist – The Sisters Of Mercy (Tokio Marine Hall – 26/09/2025)

  1. Don’t Drive on Ice
  2. Crash and Burn
  3. Ribbons
  4. Doctor Jeep / Detonation Boulevard
  5. More
  6. I Will Call You
  7. Alice
  8. Dominion / Mother Russia
  9. Summer
  10. Giving Ground (The Sisterhood cover)
  11. Marian
  12. But Genevieve
  13. Eyes of Caligula
  14. Here
  15. Quantum Baby
  16. On the Beach
  17. When I’m on Fire
  18. Temple of Love

Bis:

  1. Never Land (A Fragment)
  2. Lucretia My Reflection
  3. This Corrosion

Apresentação com 0 novidades e alguns lapsos de entusiasmo com músicas clássicas

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