Banda fez show único no Brasil celebrando seus clássicos de forma intensa e nostálgica
Fotos por Mazzei
Quase um ano desde sua última passagem pelo Brasil, a banda americana retornou para a América Latina em uma turnê de comemoração dos 40 anos do álbum Seven Churches (1985), considerado por muitos como o primeiro álbum de Death Metal da história.
O show ocorreria originalmente no dia 22 de junho, no Vip Station; porém, motivos logísticos relacionados à equipe de gerenciamento dos voos da banda obrigaram a produtora Dark Dimensions a remarcar a data para o dia 19 de junho (ironicamente, no feriado de Corpus Christi), em um novo local: o Burning House, localizada no bairro Água Branca, ao lado da estação da CPTM. A casa de shows foi inaugurada no começo deste ano e conta com um espaço que suporta aproximadamente 500 pessoas.
A HORA DOS LOBOS, COM THROW ME TO THE WOLVES
Pontualmente às 18:30h, a banda paulista subiu ao palco e iniciou o show de forma explosiva e agressiva com a música “Chaos”. De cara, já se podia assimilar uma mescla de power metal com vocais mais extremos de death metal melódico, seguindo um ritmo constante de harmonias, som direto e sem desperdício de notas. “Tartarus” abre um refrão cativante ao estilo Arch Enemy, com bateria e baixo cravados no groove.
O vocalista Diogo Nunes agradeceu a presença do público e destacou a importância de estarem abrindo para os precursores do metal extremo: “Se não fosse por eles, nós não estaríamos aqui” – declarou o vocalista. Em seguida, anunciou a próxima música, que dá título ao álbum de estreia, Days Of Retribuition, lançado recentemente.
O duo de guitarra de Gui Calegari e Lucas Unleash exibem técnica e feeling nos solos, além da presença de palco — algo que ficou ainda mais evidente em “Fragments” e “Awakening My Demons”, que contam com velocidade e precisão, algo que não parecia difícil para o baterista Maycon Phantoms.
Já próximo ao final da apresentação de abertura, a casa já começava a se encher, e a banda se preparava para a saideira. Diogo apresenta os membros da banda sob os acordes limpos de Calegari, e encerram em alta energia com épica “Gaia”, arrancando aplausos até dos fãs mais “true”, que assistiam atentos ao fundo da pista.
POSSESSED
Às 20h, a casa já estava lotada, mas a banda ainda não havia subido ao palco, aumentando a ansiedade dos fãs. Quinze minutos depois, a trilha de introdução começou, e a trupe de Jeff Becerra entrou em cena ovacionada pelo público. Sem muita encenação, “Eyes Of Horror” , a faixa do EP auto-intitulado de 1986, deu início à missa blasfema, arrancando berros de entusiasmo e um bate-cabeça frenético. O frontman saudou o público calorosamente antes de gritar “Tribulation”, e invocou o mosh-pit na pista — seguindo para “Demon”, que manteve o capeta no corpo da galera.

SEVEN CHURCHES TOCADO NA ÍNTEGRA
Jeff Becerra anunciou o que todos esperavam: a execução completa do álbum precursor, o clássico aclamado Seven Churches. A trilha macabra de teclado de “The Exorcist” se inicia, arrancando os gritos da casa — e, à partir daí, é um caminho sem volta. Chris Aguirre não perdeu nenhum andamento, mostrando o motivo de ter sido escolhido como membro fixo desde 2023.
Seguindo a ordem, a conplexa“Pentagram” não deixa o ritmo cair. O som dos PA ‘s estava mixado exatamente como deveria, destacando as viradas de bateria e com a voz ecoando nítidamente.
Antes de “Burning In Hell”, Jeff faz uma provocação: “Essa música é dedicada aos fofoqueiros que me acusam sem fundamento” — uma clara referência as acusações de pedofilia que o vocalista sofreu no final do ano passado.
“Evil Warriors”, “Seven Churches” e “Satan’s Curse”, são formam a trindade profana demoníaca, com riffs rápidos e solos ainda mais velozes — e tudo isso sem deixar o mosh-pit parar, chegando até a provocar um leve desentendimento de fãs bêbados e certamente emocionados.

Outra clássica que estava fora do setlist ano passado, mas que foi tocada no show, foi “Holy Hell”. “Twisted Minds” era chamada pelos fãs, mas era figurinha carimbada no setlist. “Fallen Angel” sempre emana uma mística com seus toques de sinos dissonantes, que fazem o público acompanhar no coro. Do palco, Jeff sorria o tempo todo, sem esconder a felicidade de estar ali.
O som de bumbos duplos e a cascata dos tons de “Death Metal” subitamente provocaram gritos, que se seguiram de violentos bate-cabeças, encerrando com maestria a execução de um dos álbuns mais icônicos do gênero. A banda não parecia cansada, mas, devido ao leve atraso, “Seance” foi cortada, e deu espaço para mais duas músicas que encerraram o show: “Graven” e “Swing of the Axe”, respectivamente.
Formação:
Jeff Becerra – Vocal
Claudeous Creamer – Guitarra
Daniel Gonzalez – Guitarra
Robert Cardenas – Baixo
Chris Aguirre II – Bateria
Setlist
1. The Eyes of Horror
2. Tribulation
3. Demon
4. The Exorcist
5. Pentagram
6. Burning in Hell
7. Evil Warriors
8. Seven Churches
9. Satan’s Curse
10. Holy Hell
11. Twisted Minds
12. Fallen Angel
13. Death Metal
BIS
14. Graven
15. Swing of the Axe