Enthroned: 30 anos de blasfêmia!

Enthroned volta ao Brasil após 4 anos ao lado do NervoChaos e da banda mexicana de Death Metal Introtyl. A turnê contemplou dez cidades e celebrará o 30º aniversário da banda.

Texto e Fotos por Guilmer Silva

A noite de quinta-feira seria dedicada ao metal extremo. Por ser um show no meio da semana, era de se pensar que o La Iglesia estaria vazio, mas, pelo contrário, deu sold out. Fãs dedicados compareceram em peso para prestigiar mais um evento incrível da Tumba Productions.

O show em São Paulo não ia acontecer, mas, devido à tragédia no Rio Grande do Sul, a turnê teve que mudar a rota, incluindo uma data na capital paulista

POWER TRIO DAS MINAS!

Às 20h em ponto, o power trio de thrash metal The Damnnation subiu ao palco para entregar mais um show quente, no qual o público já conhecia e cantava junto. Formada por três garotas que executam um som pesado e com instrumental muito bem explorado, bem calcado no thrash/death metal.

A banda executou basicamente as músicas do seu primeiro álbum completo, “Way of Perdition”, lançado em 2022, que recebeu elogios massivos da crítica e dos fãs por ser um lançamento de estreia.

A banda é formada por Renata Petrelli (guitarra/vocal), Aline Dutchi (baixo/back vocal) e Leonora Mölka (bateria).

A FORÇA DO DEATH METAL MEXICANO!

Às 21h, a banda Introtyl subiu ao palco. Foi insanamente surpreendente; eu não tinha conhecimento sobre esse quarteto poderoso de mulheres até aquele momento, só conhecia de nome. O som não tem nada de delicado, mas sim brutal e visceral, um death metal que traz influências de Krisiun com uma pitada de Cannibal Corpse. Formada em 2009, a banda vem divulgando o álbum “Adfectus” e nos deu uma pequena amostra do potencial dessas garotas.

A vocalista Kary Ramos é um show à parte, com uma presença de palco surreal; ela não para um minuto. A todo momento se comunicando com o público, fazendo caras e bocas e headbanging, ela fez com que o público presente compartilhasse da empolgação. Arrisco a dizer que foi o segundo melhor show da noite, mostrando que elas vieram para ficar. Showzaço!

“Introtyl” é composto de duas palavras: “in” e “trotyl” (trinitrotolueno, TNT), que significam “estar dentro da dinamite”. Uma banda só de mulheres que fez seus primeiros shows em 2010, tocando um pequeno conjunto de quatro músicas originais e três covers (Bolt Thrower – “Cenotaph”, Hypocrisy – “Killing Art” e Napalm Death – “Unnecessary Evil”). Rapidamente se espalhou a notícia sobre as garotas mexicanas dando shows dinamitados, e logo o Introtyl abriu para bandas internacionais como Severe Torture, Cattle Decapitation, Unleash The Archers e Suffocation.

OS MONSTROS DO DEATH METAL BRAZUKA!

Na sequência, era a vez dos mestres do Nervochaos, que agora é um trio formado por Diego Mercadante (vocal/guitarra), Daniel Corvo (baixo) e Edu Lane (bateria). Nervochaos é uma das poucas bandas que mudam a formação regularmente, mas nunca perdem a qualidade, mostrando que eles têm uma identidade própria que nunca é comprometida com tais mudanças.

Falar do quão foda é o show deles é chover no molhado; a banda executou clássicos como “For Passion Not Fashion”, “I Hate Your God” e “Lullaby of Obliteration”, botando todo mundo pra bater cabeça. Diego, vocal e guitarra, declarou: “Deus não está aqui, Pazuzu is here” (o demônio exorcizado no filme). E o show continuou com muito metal extremo e brutal. Destaque para o baixista Daniel Corvo, possuído, bangueando sem parar e arrebentando com seu baixo de seis cordas.

Em uma breve pausa, Diego informa que a banda vai lançar um álbum de covers das bandas que os influenciaram em breve. Sendo assim, a banda tocou covers de bandas como Pentagram e “Metal Forces” do Onslaught, claro, tudo sendo tocado o mais brutal e técnico possível.

No palco, o Nervochaos mostrou toda a técnica e responsabilidade típicas de uma banda de seu porte e com o tempo de estrada deles, com brutalidade em seu mais alto nível a cada riff tocado.

30 ANOS DE BLASFÊMIA!

Comemorando os 30 anos de banda e a terceira passagem pelo Brasil, Enthroned subiu ao palco às 22h30, depois de uma boa espera. Os belgas vieram com tudo desde o início, abrindo o show com “Sepulchred Within Opaque Slumber”, do disco “Obsidium” de 2012. A música se encaixou lindamente na abertura do espetáculo, dando um início forte que realmente soou como uma grande pancada no ouvido do público. A bateria firme de Menthor soava muito bem, e deu o tom de uma música com a cara do black metal tradicional que é marca do Enthroned. A música seguinte, “Of Shrines and Sovereigns” do álbum “Sovereigns” de 2014, completou uma belíssima abertura, digna dos clássicos dos belgas.

A banda, porém, não apresentou apenas músicas boas. Realmente é difícil não dar crédito ao estilo performático da banda, em especial ao vocalista Nornagest. Ele realmente comanda o público e lidera a banda de maneira única, com seus trejeitos e excelentes vocais. A banda toda é realmente muito boa ao vivo, como nos discos, mas é difícil não ver no vocalista um ponto diferencial do Enthroned; me senti em uma missa negra regida por um líder satânico.

Lá pelo meio do show, o público foi realmente conquistado de vez. A pedido de Nornagest, uma roda se abriu durante “Nonvs Sacramentvm – Obsidivm”, e a pancada comeu solta no público, que parecia ensandecido como em um grande ritual comandado pelo Enthroned. No La Iglesia ecoaram os gritos em nome da banda. Nornagest arriscou algumas palavras em português, como “obrigado, Brasil”.

O setlist foi muito bem pensado, escolhido a dedo. Músicas como “Through the Cortex”, “Silent Redemption” e “Silent Redemption” foram realmente os destaques do show. A missa demoníaca ainda trouxe punhos ao ar e um “Hail Satan!”, comandado por Nornagest, que levantou até os mais céticos.

Alguém na plateia disse bem alto “EVIL CHURCH!”. O vocalista atendeu ao pedido e a banda executou o clássico “Evil Church”, sem sombra de dúvidas uma das melhores da noite. A banda mostrou vigor e comandou um público que parecia insano e grudado no palco. Para fechar, Nornagest convocou o público para ser a horda em “Hosanna Satana”, uma belíssima escolha para fechar o show.

Depois de um show arrebatador, Enthroned mostrou que é um dos grandes nomes do black metal mundial, mesmo sem lançar nada inédito há cinco anos. O vocalista Nornagest é um show à parte; a banda é um daqueles casos em que o show é melhor que o trabalho em estúdio, mais brutal, extremo e profano, do jeito que o black metal tem que ser.

Enthroned é:
– Nornagest – Vocal
– Neraath – Guitarra
– Wrast – Guitarra
– Norgaath – Baixo
– Menthor – Bateria

Setlist:

  1. Setlist:
  2. Intro – (Satan’s Realm)
  3. The Ultimate Horde Fights
  4. Though The Cortex
  5. Sepulchred Within Opaque Slumber
  6. Silent Redemption
  7. Deathmoor
  8. Rites Of The Northern Fullmoon
  9. Smoking Mirror
  10. Hosanna Satana
  11. Of Feathers And Flames
  12. Evil Church
  13. Outro – Armoured Bestial Hell
  14. Of Shrines Avd Sovereigns

Agradecimentos especial a Tumba Productions pelo credenciamento.

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About Guilmer da Costa Silva

Movido pela raiva ao capital. Todo o poder ao proletariado!

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