Um dos grandes nomes do death metal progressivo americano, o Rivers of Nihil está, agora, lançando seu quinto álbum. O álbum, que leva o nome da banda, lançado pela Metal Blade Records, está disponível a partir de 30 de Maio em todas as plataformas de streaming. O guitarrista e principal compositor destrinchou, em entrevista exclusiva ao Sonoridade Underground, o processo de produção, composição, e como a formação atual, com outro vocalista e guitarrista, mudou a forma de trabalharem. Confira!
Fernando Queiroz: Seja bem vindo, Brody! Obrigado por seu tempo e atenção!
Brody Uttley: É um prazer!
Fernando Queiroz: Vocês estão agora com um novo álbum, auto-intitulado para ser lançado. Pode nos descrever um pouco como foi o processo de produção do álbum, e quais diferenças em relação aos anteriores?
Brody Uttley: Claro! Esse foi nosso primeiro disco que fizemos com o Andy Thomas (guitarrista), do Black Crown Initiate na banda, e ter ele conosco mudou um pouco nosso processo, mas de um jeito positivo. Começamos a escrever as coisas depois que ele entrou na banda, então foi um novo começo, e ter ele conosco foi bem legal, porque ele tinha muitas sugestões. Bom, eu escrevo a vasta maioria das músicas, mas sempre que eu ficava preso em alguma parte, ele sempre vinha com ótimas propostas, ideias de riffs, coisa assim. E quando fomos gravar os vocais, ele também sugeriu bastante coisa legal em relação a harmonia e essas coisas. Então foi bem diferente do que fazíamos antes, pois temos uma formação nova, e eu acho que tudo correu muito fácil, muita coisa simplesmente aconteceu naturalmente. Para mim, foi o como precisava acontecer, aconteceu de forma muito natural, então com essa formação, tivemos um ótimo momento fazendo o álbum.
Fernando Queiroz: E como ele veio do Black Crown Initiate, uma banda bem rica, deve ter vindo com ótimas coisas na bagagem.
Brody Uttley: Sim, e como eu, ele e o Adam (Biggs, baixista e vocalista) somos da mesma cidade, e nos conhecemos desde, tipo, 2007, sempre fomos aos mesmos shows juntos, nossas bandas já tocaram várias vezes juntos, então temos um DNA musical muito parecido. E ter ele como um elemento novo na banda, ele já sabia como fazemos a coisa, então nada que ele sugeriu ou contribuiu ficou fora de lugar ali. Ele entende a banda, foi uma transição bem suave.
Fernando Queiroz: Como vocês chegaram no conceito de fazer um álbum auto-intitulado, dando o próprio nome da banda ao álbum?
Brody Uttley: Sabe, nossos primeiros quatro discos foram parte de um conceito único. Cada álbum era como uma estação do ano — verão, primavera, inverno, outono, esses eram nossos primeiros discos. Quando fechamos esse ciclo, aconteceu de termos essa mudança grande de formação, então sentimos como se fosse um renascimento da banda, um capítulo totalmente novo, e muitas bandas das quais somos fãs, quando fazem um álbum auto-intitulado, é importante por qualquer razão. E esse álbum é bem importante para nós, e marca um novo começo para a banda, e acho que é um bom ponto inicial para as pessoas que ainda não nos ouviram. Então achamos que é como um declaração ousada, é um álbum importante para nós e para a história da banda. Por isso, quisemos fazer ele com o nome da banda.
Fernando Queiroz: Sabe, uma coisa que achei muito interessante é o uso de Saxofone, em especial solo de sax, que é algo bem diferente em se tratando de metal extremo. Como surgiu essa ideia inicialmente?
Brody Uttley: Sabe, quando fizemos o Where Owls Know My Name, o primeiro álbum que usamos o sax, nós já éramos amigos desse cara (Patrick Corona), e sabíamos que ele era um saxofonista incrível. Ele um dia falou falou “ei, se vocês quiserem algum dia colocar saxofone em algo, me falem!”, e acho que a primeira música que nós tentamos isso foi a “The Silent Life” que tem essa grande parte instrumental antes do solo de guitarra, e no começo eu ia apenas colocar o solo de guitarra duplamente maior, mas em vez disso, resolvi tentar com o sax, e então ele veio na minha casa, gravamos umas demos, mandei para os caras, e todos adoraram. Aí resolvemos tentar isso, e as pessoas parece que responderam muito bem a isso, então tivemos sax nos últimos três álbuns. Nesse momento, eu acho que simplesmente já faz parte do nosso som. Todos somos fãs de rock progressivo, como Pink Floyd, King Crimson, e todas essas bandas têm saxofone… David Bowie tem também, então para nós não foi algo estranho ou algo assim. Pensamos só “bom, por que não? Se eles fizeram, nós também podemos.”, e no fim deu certo.
Fernando Queiroz: E há a possibilidade do Patrick Corona se tornar um membro permanente da banda?
Brody Uttley: Eu não sei. Ele está realmente bem ocupado com a banda dele, o Cyborg Octopus, que é um death metal técnico e progressivo, um pouco diferente de nós, mas excelentes no seu próprio estilo. Mas ele é um membro ao vivo nosso, e acho que nós e ele estamos bem confortáveis nessa situação. Ele participa de muita coisa conosco — quer dizer, ele escreve suas próprias coisas e, claro, sempre estamos abertos a sugestões vindas dele, de forma que vá facilitar suas performances nos álbuns. Mas, não sei. Não sei se ele vai se tornar um membro oficial da banda ou não. Quero dizer, ele já está envolvido nos processos tanto quanto quer estar nesse momento, e eu acho que é uma ótima relação que temos. Ele estará conosco o tempo todo em turnê, estará nos álbuns, então não sei, nesse momento, se teria muita diferença de ter ele como um membro oficial em relação a como é agora.
Fernando Queiroz: Será que podemos esperar uma turnê pela América do Sul em algum momento?
Brody Uttley: Não temos nada confirmado neste momento. Tentamos algumas vezes ir para a América do Sul, mas nunca acabou dando certo. Espero que, nesse ciclo do novo álbum, seja possível. Estivemos no México antes, e estávamos tentando descer para a América do Sul, mas acabou não dando certo. Dessa vez, tentaremos fazer ambos, México e América do Sul, pois nunca estivemos por aí, e sabemos que é um lugar que temos fãs! E seria muito legal conhecer o lugar, parece ser bem bacana. Então, bom, sem planos concretos agora, mas vamos ver. Espero que dê certo.
Fernando Queiroz: Apenas uma última pergunta: de 2009, quando vocês começaram, para cá, olhando em retrospectiva, como você vê as turnês, como elas mudaram, e como evoluíram os shows?
Brody Uttley: Ah, nós começamos essa banda quando éramos só crianças, praticamente! Digo, eu tinha só dezoito anos quando entrei, vou fazer trinta e quatro logo mais, então eu basicamente cresci nessa banda em muitos pontos. As coisas mudaram bastante ao longo dos anos, pois todos ficamos mais velhos, mais sábios, todas essas coisas. Então acho que no começo nós só queríamos escrever músicas para nossos amigos, e só queríamos ir a shows, entrar no mosh, e nos divertir, tomar cervejas, e agora é tudo bem diferente. Hoje temos produção de iluminação, técnico de som, todo esse tipo de produção conosco. Claro, tocamos sets muito mais longos, e estamos tentando criar um ambiente bem mais imersivo nas apresentações com os recursos que temos. O que quero dizer é que quando começamos, não tínhamos muita ideia de que as coisas chegariam assim tão longe. Só queríamos nos divertir, e não achávamos que iríamos muito além daquilo. Mas agora já fazemos isso há tanto tempo, e agora com cinco álbuns, a coisa é muito maior. E estamos felizes em fazer, e queremos fazer isso. Crescemos muito, sabemos hoje o que queremos e o que estamos fazendo, e pretendemos subir cada vez mais.