Foto de capa: @diegopadilha
Você, com mais de trinta anos, ou que viveu um pouco a “cena metal” dos anos 2010, deve se lembrar de como o power metal esteve em baixa durante muitos anos na década passada, após seu auge em meados de 2000. Talvez por isso, quando anunciaram duas bandas do gênero para encabeçar um dos dias do festival, muita gente, entre público e imprensa (inclusive esse que vos fala), ficou achando que seria um dia perdido em termos de público, que teria pouca gente, ou, em uma linguagem mais moderna, “floparia”. Nós nunca estivemos tão enganados. Não apenas tivemos o dia mais cheio dessa edição, mas também o maior público, provavelmente, das três edições do festival até agora. Com a “Nova Onda de Power Metal”, encabeçado por dois fenômenos musicais, o Powerwolf e o Sabaton.
Mas não apenas de fenômenos se fez esse dia! O palco Sun viu uma das apresentações com maior público para um palco secundário, com o show da banda Dynazty. Além disso, vivenciamos a volta dos suecos do hard rock do H.E.A.T., repetindo o sucesso de 2023, a apresentação sempre alto astral e divertida do Ensiferum, e os clássicos atemporais do Saxon, além de um clássico do power metal, os finlandeses do Sonata Arctica.
NOTA: por conta de limitações de equipe, não pudemos cobrir todos os shows do dia, então aqui temos os shows selecionados que pudemos conferir.
AS MENINAS SUÍÇAS DO BURNING WITCHES ABREM O DIA COM SOM MUITO ALTO, E UMA MISTURA DE POWER METAL COM AGRESSIVIDADE:
Ser a primeira banda de um dia de festival, tocando antes do meio-dia, não é uma tarefa fácil! Geralmente, as bandas acabam tocando para pouca gente, e um público desanimado, ainda guardando energia para o que virá depois. Foi com essa missão que, diretamente da Suíça, as belas meninas do Burning Witches abriram o dia – mas, para nossa surpresa, o que vimos foi um público animado, que as prestigiou e, mesmo sem conhecer as músicas, seguiu as instruções da vocalista Laura Guldemond, com sua sensual máscara, que combinava com suas roupas. O público ia chegando, mas em peso, e já com uma boa concentração de pessoas em frente ao Ice Stage, sob um sol não tão forte quanto em anos anteriores, as meninas subiram ao palco exatamente às 11h55, horário marcado no cronograma.
O nome mais conhecido da banda, porém, é a guitarrista Courtney Cox, famosa por ter integrado a banda tributo feminina do Iron Maiden, o The Iron Maidens, e na verdade, ela que acabou se tornando o chamariz da banda suíça no palco. É bem verdade que a banda ainda vem fazendo seu nome no meio metal, e especialmente no Brasil, mas abrir um festival desse porte já mostra sua importância, e tudo que conquistaram em sua curta carreira, que já conta com cinco discos lançados. É nítido o quanto agradaram pelos coros: enquanto a vocalista gritava “Burning”, o público respondia em peso com “Witches”. O som, porém, era inconstante – ora tínhamos bumbos muito altos, ora os vocais sumiam, em especial no começo do show, e aparentemente a equipe técnica tinha dificuldades de ajustar, pelo menos até o meio do show, quando finalmente a equalização se estabilizou.
Fotos por @rogeriovonkruger
SETLIST:
Unleash The Beast
Dance With the Devil
Maiden of Steel
Nine Worlds
Wings of Steel
Hexenhammer
The Spell of the Skull
The Dark Tower
Lucid Nightmare
Burning Witches
PELA SEGUNDA VEZ NO FESTIVAL, O H.E.A.T. APRESENTA SEU HARD ROCK “FAROFA” QUE NUNCA DECEPCIONA:
Da escola de hard rock “retrô” da Suécia, ao lado de nomes como o Crashdiet, um movimento dos anos 2000 que revivia o sucesso do gênero oitentista, com suas calças apertadas, muito glamour e um som radiofônico, o H.E.A.T., atração muito elogiada na primeira edição em 2023, voltou para sua segunda passagem ao festival, e novamente não desapontou. Novamente, também, trouxeram em peso seu fã clube brasileiro, com camisetas “H.E.A.T. Brasil”, que ficou na grade especialmente para o show dos suecos.
Muito legal, inclusive, fazer o adendo: antes dos shows começarem, ainda com pouca gente na grade, o baterista Don Crash desceu do palco, após passar o som, para cumprimentar e tirar fotos com os fãs, em uma atitude muito legal do músico.
Quem pôde conferir em 2023 sabe da qualidade da banda ao vivo, e especialmente do carisma do vocalista Kenny Lackermo, que com suas calças extremamente apertadas, se comunica muito bem com o público, mesmo aquele que não estava lá para vê-los. Ajudou o fato do som estar muito bom, com exceção, talvez, de alguma microfonação dos pratos da bateria, mas que não tirou o brilho da apresentação. O público parece ter aceitado muito bem o rock de arena “farofento” (no melhor sentido possível), e fez coros de “H.E.A.T.” durante vários momentos do show.
De qualidade indubitável, a banda que apresentou ao mundo o grande vocalista Erik Grönwall já passou da hora de fazer um show solo no país, mas enquanto não temos a oportunidade, é um mérito grande do festival apostar em uma banda que não apenas entretém o público, mas que traz sua própria base de fãs fieis.
Fotos por @raphagarcia
SETLIST:
Disaster
Emergency
Dangerous Ground
Hollywood
Rise
Beg Beg Beg
Back to the Rhythm
Bad Time for Love
1000 Miles
One by One
Living on the Run
POWER METAL LOTA O PALCO SUN EM APRESENTAÇÃO DE GALA DE TÉCNICA VOCAL COM O DYNAZTY:
Outra banda estreante no Brasil, mas que já vem despontando como um dos grandes nomes do power metal na Europa, o Dynazty era um show que não se sabia o que esperar. A única coisa que nós, brasileiros, já pudemos ver deles em nossa terra foi quando o vocalista Nils Molin veio, em 2017, com sua outra banda, o Amaranthe. Bem, que já ouviu o cantor, ou o viu ao vivo na ocasião, sabe que é um excelente vocalista! Mas, se você achava que eu aqui falaria que é uma banda ainda desconhecida dos brasileiros, você errou. Bem, de fato daria para falar isso se pensar que não é um nome que aparece em rodas de conversa sobre metal, mas definitivamente não foi o que vimos.
Às 14h10, ainda no começo do dia, era impressionante a multidão que se aglomerava no palco para ver os suecos do power metal, em provavelmente um dos shows mais incrivelmente cheios do palco Sun desta edição e também de outras. Não apenas isso, as pessoas sabiam cantar as músicas – em especial as dos dois últimos álbuns.
Precisos em seus instrumentos, seguem a fórmula do power metal, com riffs rápidos, refrãos marcantes, e vocais agudos, tudo executado com maestria. Por falar em vocais agudos, a técnica vocal de Nils é algo invejável! Não apenas ele acerta as notas, como vai até além em diversas partes, estendendo os agudos. Sua interação com a plateia começou tímida, mas logo foi se soltando quando viu que, de fato, as pessoas estavam lá por eles, para vê-los. Aí foi só alegria, e apostaram em músicas que funcionam muito bem ao vivo, que não são longas, e animam qualquer show. Um prato cheio para os muitos – muitos mesmo – fãs de power metal ali presentes para prestigiar sua primeira passagem no país.
Fotos por @ArthurWaismann
SETLIST:
Fortune Favors the Brave
Game of Faces
Natural Born Killer
The Grey
Waterfall
Yours
Call of the Night
The Human Paradox
Heartless Madness
SONATA ARCTICA FAZ BELO SHOW, MAS CURTO E FALTANDO CLÁSSICOS DEVIDO AO TEMPO DE PALCO:
Qualquer pessoa que goste de metal há, ao menos, dois anos, já ouviu falar dos finlandeses do Sonata Arctica. Da mesma escola do Stratovarius, assim como seus conterrâneos são aquela banda que ou você ama, ou detesta. Ou tem algum sentimento de nostalgia com eles! Agora, em turnê de divulgação de seu último álbum Clear Cold Beyond, onde finalmente assumiram que se saem melhor fazendo power metal formulado que tentando entrar no progressivo, e por isso tiveram boa aceitação, a banda volta para o Brasil com um show que, devido ao curto tempo, não teve como apresentar o setlist perfeito. Músicas excelentes como “Flag In The Ground”, “Paid In Full” e “Tallulah” infelizmente não puderam ser tocadas. Mesmo assim, dentro das possibilidades, conseguiram mesclar as novidades de seu mais recente disco com algumas canções que marcaram a vida de fãs ao longo de sua longeva existência.
Pontualmente, a banda entra no palco às 15h20, em um momento abafado do dia, que contrastava com o pano de fundo da banda, mostrando um cenário gélido – a capa do último disco. Com introdução usando música do filme Piratas do Caribe, foi com uma canção de seu último álbum, “First In Line”, que abriram a apresentação, assim como a segunda, “Dark Empath”. Com seus cabelos grisalhos, parecendo o digital influencer brasileiro “Lobo Branco do Amor”, o vocalista Tony Kakko sabe como encantar seu público, agradecendo e arriscando aquele português, antes de anunciar a primeira música um pouco mais antiga, “I Have a Right”, e seguiu com mais algumas palavras para começar o primeiro grande clássico da banda no dia, “San Sebastian”, do álbum Silence, seguida de “Replica”, de seu celebrado álbum de estreia, Ecliptica. Outro clássico do mesmo álbum, “My Land” foi celebrada pelos fãs que já lotavam o Hot Stage, principal palco do evento.
Mas foi com a próxima que os fãs realmente caíram em emoção: a música mais famosa da banda, que com certeza não podia faltar, era “Fullmoon”. E nem deu tempo de descansar, pois já tivemos “Wolf & Raven”. Com o show já chegando ao fim Tony anunciou a “última” música, que seria outro clássico, “Don’t Say a Word”, de outro álbum celebradíssimo, o Reckoning Night. Mas o show só foi acabar mesmo com aquela curta música de saideira e brincadeira, “Vodka”. Um belo show, com bom som, uma pena que curto para a rica discografia da banda.
Fotos por @raphagarcia
SETLIST:
First in Line
Dark Empath
I Have a Right
San Sebastian
Replica
My Land
FullMoon
Wolf & Raven
Don’t Say a Word
Vodka
O FOLK METAL, SEMPRE PRESENTE NO FESTIVAL EM HORÁRIOS DE MEIO DA TARDE, FEZ A ALEGRIA DOS “TUPINIVIKINGS” EM UM DIVERTIDO SHOW DOS FINLANDESES DO ENSIFERUM, DESFALCADOS DE SEU GUITARRISTA PRINCIPAL:
Por mais que muita gente diga que não gosta, um show de folk metal, ao menos, é sempre alto astral. Além disso, é sempre bacana ver as pessoas vestidas a caráter: alguns homens com kilts escoceses, as garotas com vestidos medievais, e todas as caras pintadas no estilo “viking”, ou medieval, como preferir chamar. O Ensiferum, em especial, é uma banda que tem uma pegada mais “gloriosa”, com músicas sobre batalhas, e misturam muito bem os vocais limpos do também tecladista Pekka Montin e os excelentes guturais do guitarrista e vocalista Petri Lindroos. Gloriosa, também, é a animação dos músicos no palco, que pulam e correm o show todo!
A banda começou sua apresentação às 17h20 sob um sol fraco, já quase escurecendo, que deixou tudo mais agradável. Tivemos alguns problemas de som no começo, em especial na parte mais à frente do palco, e os guturais eram pouco ouvidos, algo que ao longo da apresentação foi se resolvendo. Era, estranho, também, ouvir as guitarras principais em playback, mas era perfeitamente compreensível, pois o guitarrista Markus Toivonen não pôde nos agraciar com sua presença, já que sofreu um grave acidente e colocou pinos na perna, e está impedido de viajar de avião pelo risco de um coágulo se formar e causar uma embolia, dada a pressão atmosférica afetando o corpo. Desejamos melhoras e boa recuperação!
Divulgando seu novo álbum, Winterstorm, a banda não deixou isso interferir tanto em seu setlist, e apostou em um passeio por sua carreira. Do mais recente álbum, a faixa inicial, a excelente “Fatherland”, e saideira “Victorious” e o single “Winter Storm Vigilantes” foram tocadas. No mais, sucessos de outrora, como as icônicas “In My Sword I Trust”, uma das suas marcas registradas, e a mais famosa, “Lai Lai Hei” fizeram o público dançar, alguns “moshs de bêbado”, todos com bebidas na mão, e a fantástica “remada”, onde as pessoas sentam e começam a fingir que estão remando um barco, algo muito comum em shows de folk, e especialmente nos da banda sueca Amon Amarth. Era o momento de descontração do festival, embora tivesse menos gente que o que poderia ter, se não tivesse uma competição quase desleal do outro lado da passarela.
Fotos por @ArthurWaismann
SETLIST:
Fatherland
Twilight Tavern
Andromeda
Winter Storm Vigilantes
Lai Lai Hei
Run From the Crushing Tide
In My Sword I Trust
Two Spades
Victorious
VETERANOS E LENDAS DO SAXON FAZEM SHOW REPLETO DE CLÁSSICOS, COM SOM DE BATERIA EXTREMAMENTE ALTO:
Tocar logo antes de uma das mais aguardadas atrações do festival nunca é fácil. Mas com cinquenta anos de estrada, calejados e acostumados com as adversidades, tiraram de letra!
Apesar de não terem o reconhecimento e o tamanho de seus contemporâneos e conterrâneos do Iron Maiden e Judas Priest, os ingleses possuem uma discografia invejável, que para muitos é até mais rica que de alguma dessas duas citadas, então o que não faltaria era repertório para representarem o “metal tradicional” old-school no festival. Fizeram bem!
Mesmo com um álbum recém-lançado, intitulado Hell, Fire and Damnation, apenas três músicas dele foram tocadas, sendo a faixa-título na abertura do show, depois “Madame Guillotine” e “1066”. Fora isso, o foco ficou nas músicas antigas, dos anos oitenta, com destaques para “Wheels Of Steel”, “Crusader” e “Heavy Metal Thunder”.
Fechado o show com “Princess of the Night”, elogios devem ser feitos a quem merece, e mesmo este que vos fala não gostando da banda, é inegável que a voz de Biff Byford envelheceu como bom whisky, e o cantor continua atingindo agudos, drives quando necessário, e ao mesmo tempo animando a plateia. Uma banda afiada, que começou a parte noturna do festival com muita qualidade.
Fotos por @raphagarcia
SETLIST:
Hell, Fire and Damnation
Motorcycle Man
Madame Guillotine
Heavy Metal Thunder
Strong Arm of the Law
1066
And the Bands Played On
Denim and Leather
747 (Strangers in the Night)
Wheels of Steel
Crusader
Princess of the Night
A PROVA QUE O METAL PRECISA, URGENTEMENTE, DE MAIS TEATRALIDADE, CENOGRAFIA, E BOM HUMOR. ELES NÃO ERAM A BANDA PRINCIPAL, MAS O POWERWOLF ROUBOU A NOITE:
Como disse, recentemente, o proeminente jornalista, e querido colega, Igor Miranda na revista Rolling Stone Brasil, o power metal, um gênero que há muito havia caído no marasmo e estava no limbo, com baixa popularidade, voltou com força. Como alguém que conhece e acompanha o gênero há duas décadas, sinto-me apto a fazer um comentário sobre, com propriedade. Usarei esse espaço para isso. E a verdade é que o motivo dessa queda foi um paradoxo de mesmice e mudança. Você tinha bandas bem populares dentro do gênero, que ao verem sua fórmula ficar repetitiva, se sentiam na necessidade de inovar, o que acabava por atraí-los para outros gêneros, como o metal progressivo (o exemplo já citado aqui do Sonata Arctica é emblemático, mas não único, longe disso); já outras bandas, novatas, apostavam na fórmula das consagradas, mas as pessoas não querem um “2.0” de outra banda mais antiga, nem querem um “novo insira uma banda do gênero”. Por isso, durante muitos anos o estilo ficou estagnado. Foi apenas recentemente que bandas mais recentes, com propostas realmente diferentes dentro do power metal começaram a despontar, exatamente pelo fato de serem… diferentes! Dentre elas está o Powerwolf, banda alemã que apesar de usar a fórmula musical do power metal, e se enquadrar, de fato, no gênero, não soa como uma “nova versão” de alguma outra. Você ouve, e sabe que são eles. Outro ponto a ser destacado é a teatralidade, o apelo da identidade visual, a cenografia, a produção com esmero de palco. Uma pessoa pode falar que o que conta é a música, e é verdade, mas no rock, sempre tivemos o apelo visual como um atrativo, ou um chamariz. Pois bem, quem presenciou o show monumental aqui no Bangers Open Air, entende o que quero dizer, creio.
Dito tudo isso, vamos ao show!
A noite já chegara, e uma multidão impressionante se aglomerou ao redor do Ice Stage para acompanhar o show dos lobisomens alemães e seu espetáculo temático de “igreja profana”, por assim dizer. Sob gritos em coro clamando o nome da banda e, acreditem se quiser, uivos e mais uivos, em especial próximo ao palco, imitando realmente lobisomens. Finalmente, então, às 18h50, começou um dos shows mais esperados não só da noite, não só do festival, mas do gênero de rock pesado no país. Nos telões, assim como na decoração do palco, tudo fazia referência a igrejas e catedrais, com vitrais em estilo sacro, e as pinturas idem, mas em vez de santos, lobisomens com auréolas – uma produção muito maior e elaborada que a última vez que vieram, em 2020, quando abriram para o Amon Amarth (hoje, deve-se dizer, a banda é muito maior que os suecos vikings). A banda, igualmente performática em visuais, maquiagens e estilo de show, fazia encenações, e abusava do bom humor na interação tanto entre si quanto com o público entre as músicas.
Falando nas músicas, uma coleção de hits, recentes e pouco mais antigos. Novidades como “Bless’em With the Blade”, que abriu o show, de seu último álbum Wake Up the Wicked foram presentes, mas o grosso era de clássicos. O primeiro momento que absolutamente todos cantaram junto com a banda foi “Army of the Night”, um de seus grandes sucessos. E eu sei! Eu sei que você foi ao setlist.fm ver o que tocariam, por terem tocado nos últimos shows. Embora tenham seguido o mesmo set, a banda fez questão de trocar a ordem de músicas.
Entre música e outra, quem sempre roubava a cena, ao lado do vocalista Attila Dorn era o carismático tecladista – e líder de facto da banda – Falk Maria Schlegel. Em hilário momento, eles dois começaram a simplesmente dançar uma valsa no palco, antes de anunciarem “Dancing With the Dead”. Entendem o que eu quero dizer com a encenação que faltava ao power metal, um estilo por si só lúdico? É exatamente isso. Se trata de diversão em um espetáculo, primariamente, de entretenimento – e de entreter seu público, a banda entende!
Os momentos mais icônicos, musicalmente falando, ficaram por conta de “Werewolves of Armenia”, que antes vinha sendo tocada ao fim dos shows, mas que colocaram no meio de seu set aqui, e a próxima, “Demons Are a Girl’s Best Friend”, uma das músicas mais divertidas, e com construção palatável que você ouvirá no gênero, e sem dúvidas a mais da noite. O encerramento, após mais de uma hora e meia de show, ficou com outro grande sucesso, “We Drink Your Blood”. A performance caricata e lúdica da banda foi apreciada pelos fãs, e a apresentação deixou aquela miríade de pessoas extasiadas. Facilmente, a mais apreciada do dia pela maioria, independente de gosto pessoal.
Fotos por @rogeriovonkruger
SETLIST:
Bless’em With the Blade
Incence & Iron
Army of the Night
Sinners of the Seven Seas
Amen & Attack
Dancing With the Dead
Armata Strigoi
Sainted by the Storm
Heretic Hunters
Fire and Forgive
Werewolves of Armenia
Demons are a Girl’s Best Friend
Blood for Blood
Sanctified With Dynamite
We Drink Your Blood
A MAIOR BANDA DE METAL DA EUROPA CONTINENTAL, O SABATON, DIRETAMENTE DA SUÉCIA, FECHA A NOITE MAIS CHEIA DO FESTIVAL EM, PROVAVELMENTE, TODAS SUAS EDIÇÕES:
Eles são uma banda gigante. Isso ninguém pode negar. Quando você atrai uma base grande de detratores, e ao mesmo tempo uma muito maior de fãs, você é uma banda gigante. A prova está aí, no Bangers Open Air, tocando para milhares e mais milhares de pessoas, uma massa que não tinha fim. Alguns dizem que a banda usa bases pré-gravadas, embora claramente seja apenas dos samplers de coros e teclados, pois a banda não tem tecladista, e de alguns backing vocals. Outros dizem que as músicas da banda são “todas iguais”, mas ao mesmo tempo são fãs do Iron Maiden, outra que todas as músicas seguem um mesmo padrão. De toda forma, é claro que a banda tem uma base extremamente leal de fãs. O que mais se via era gente com tatuagens da banda, camisetas, o visual temático de guerra, por aí vai.
No mesmo caso da banda anterior, o Sabaton soube se descolar do power metal de outrora – sem os vocais agudos, um som mais reto e direto, sua temática única sobre guerras e eventos históricos reais – muito bem contados e fidedignos, aliás, além de uma produção cenográfica que chega a ser cinematográfica, embora em menor escala no Brasil, por conta das barreiras legais e alfandegárias do país, os colocam em um patamar acima. Hoje, com o Nightwish em hiato por tempo indefinido, eles são a maior banda de metal da europa continental, e os principais responsáveis pelo renascimento da popularidade do power metal.
Como de costume, abriram sua apresentação com “Ghost Division”, após a tradicional introdução de “The March of War”. Quem estava na frente literalmente sentiu o calor do show, com os fogos apontados para o público, em diversas músicas, até assustando. O vocalista Joakim Brodén, além de agradecer o público, se desculpou pelo longo período sem vir ao país, e disse que ver aquele mundo de gente à sua frente sem dúvidas os fará pensar melhor, no futuro, para onde virão, prometendo que virão com mais frequência.
Outro ponto interessante, foi a canção “Carolus Rex”, faixa-título do álbum de mesmo nome, que fala sobre o rei Karl II da Suécia, que foi tocada em sua versão em sueco, em vez da em inglês, que geralmente tocam fora de seu país natal. Mas também não faltaram músicas rápidas, como o cantor brincou sobre uma camiseta recentemente usada pelo baterista Hannes Van Dahl, sobre “tocar as músicas rápidas”, que é o que o público quer. Em especial, “Fields Of Verdun” e “Stormtroopers”, que apesar do nome, não se trata dos soldados de Star Wars, mas sim sobre tropas de elite da primeira guerra mundial.
A banda soube, também, ser bem-humorada. Em momento descontraído, claramente ensaiado para isso, o vocalista recebeu de seu roadie uma guitarra rosa com estampa da Hello Kitty, e ficou em uma discussão ensaiada com o guitarrista Thobbe Englund, arrancando risadas da plateia, e até arriscou o riff de “Master Of Puppets”, do Metallica, antes de, finalmente, tocarem outra celebrada música, “Resist and Bite”. A comunicação com o público, no geral, foi ótima, em especial pelo baixista Pär Sundström, que ficou alguns minutos no palco falando com a plateia, e anunciou “Christmas Truce”.
O momento mais esperado, porém, foi quando falaram, em português, o nome da próxima música: Cobras Fumantes, ou “Smoking Snakes”, que é, inclusive, a única música feita em homenagem a forças armadas de outro país que tem trechos cantados na língua nativa. Cobras Fumantes Eterna é sua Vitória! E neste momento, o que não poderia faltar em um festival, embora teoricamente proibido, sinalizadores, nas cores verde e amarelo, foram acesos na plateia, onde abriu uma roda. Icônico, em especial pelas cores.
Após o hino maior da banda, “Primo Victoria”, seguida de “Swedish Pagans”, a banda toca sua tradicional saideira, “To Hell and Back”, música que fala sobre o ator e “heroi de guerra” americano Audie Murphy. Terminou ali uma histórica apresentação, a maior da banda no país, no maior dia do maior festival de heavy metal do continente sul-americano.
Fotos por @diegopadilha
SETLIST:
Ghost Division
The Last Stand
The Red Baron
Bismarck
Stormtroopers
Carolus Rex (versão em sueco)
Night Witches
The Attack of the Dead Men
Fields of Verdun
The Art of War
Resist and Bite
Soldier of Heaven
Christmas Truce
Smoking Snakes
Primo Victoria
Swedish Pagans
To Hell and Back
O dia havia acabado, mas não o festival! Fique de olho, pois logo teremos, aqui, a cobertura do terceiro e último dia do Bangers Open Air 2025!