Fotos: Gustavo Diakov em cobertura para o igormiranda.com.br
Os ‘deuses do metal’, co-headliners do festival, nunca decepcionam! Apostando em músicas mais pesadas e rápidas, tanto clássicos quanto de seu mais recente álbum, Invincible Shield, e usando e abusando de uma produção de palco impecável, o Judas Priest fez o primeiro dos shows “completos” do festival. E, como sempre, entregaram show para bater cabeça, cantar junto, e perder a voz tentando fazer os agudos de Rob Halford.
ENTRADA ANTECIPADA NO PALCO PEGOU FÃS E IMPRENSA DE SURPRESA:
O final do (excelente) show do Europe era, também, prenúncio de outro show que viria; um dos mais aguardados da noite – por muitos, o mais aguardado: o Judas Priest. Já era noite ao fim da apresentação dos suecos, e os britânicos estavam programados para começar seu show às 19h10. Isso nos daria tempo de sentar, descansar, tomar uma água, certo? Bem, em tese, sim, mas não foi o que ocorreu. Uma bagunça no cronograma, por algum motivo, antecipou o show de Rob Halford e sua trupe. Às 18h50, vinte minutos antes do previsto, as luzes se apagaram, a música introdutória da turnê, “War Pigs”, do Black Sabbath começou a tocar. Quem estava na frente do palco comemorou, mas para profissionais de imprensa, em especial fotógrafos, foi um problema, e ocorreu certa correria nos corredores internos do Allianz. Felizmente, no fim deu tudo certo!

SONS DO ÁLBUM NOVO, SEM ESQUECER DOS CLÁSSICOS, E ROB HALFORD EM NOITE INSPIRADA:
A abertura do show já por si só foi impactante! A produção de palco do Judas Priest é algo de cair o queixo: luzes pelo palco todo, telões distribuídos pelo palco, e cada música com uma animação de tela diferente.
Padrão na turnê atual, do álbum Invincible Shield, começaram com “Panic Attack”, faixa que também abre o disco, que serve muito bem para abertura de shows. Mas como toda banda clássica, o que queremos ver, no fim das contas, são exatamente clássicos! E foi isso que tivemos em seguida, com uma tríade de hinos da banda: “Another Thing Comin’”, “Rapid Fire”, e uma das músicas mais conhecidas do rock, “Breaking The Law”, para delírio de fãs de heavy metal e hard rock igualmente. Ninguém consegue ficar parado com esse som, não é mesmo? Daí em diante, uma artilharia de mais clássicos, do British Steel ao Screaming For Vengeance, sempre com vocais apuradíssimos, e agudos impecáveis do vocalista Rob Halford, que estava naquelas noites que ninguém pode botar defeito. As “classiqueiras” só foram parar com a entrada de “Crown Of Horns”, também do último disco. A presença de palco do vocalista não ofuscava outros membros. Tanto Richie Faulkner quanto Andy Sneap fazem muito bem o papel de guitarras gêmeas, tanto sonoramente, quanto em “coreografia”. Talvez a única crítica técnica que possamos fazer é a escolha do uso de reverbs, que em muitos pontos parecia exagerado ao tentar dar mais “grandiosidade” ao conjunto, e a bateria acabava soando um pouco plastificada. Não são, exatamente, problemas técnicos, mas sim escolhas estéticas no som, que muitas vezes podemos não concordar, ou gostar, mas que sem dúvidas agradarão outras pessoas.

É verdade que algumas pessoas poderiam reclamar do cover de “The Green Manalishi”, do Fleetwood Mac, mas a canção caiu bem no repertório, e a performance da banda, fazendo essa versão, ajudou a não quebrar o clima do show. Outras pessoas, porém, diriam que poderia ter dado lugar a clássicos como “Metal Gods”, mas o conjunto da obra não te faz sentir falta de qualquer música – especialmente levando em consideração a discografia gigantesca da banda, o que torna difícil criar um setlist que vá ser perfeito para todos.
Curiosamente, quem anunciou a “última” música foi o baterista Scott Travis, ao perguntar o que todos queriam ouvir. Vejam bem, um baterista perguntando isso, só poderia significar uma coisa, não? Pois bem, o riff mais famoso de bateria da história começou, para deleite de todos, “Painkiller”. Era hora de bis! Após “The Hellion” ser tocada nos alto falantes, a banda volta ao palco com “Electric Eye”,outro grande clássico, e então um dos momentos mais legais do festival acontece: Rob Halford entra no palco com sua Harley Davidson para tocarem, então, “Hell Bent For Leather”, do álbum Killing Machine. Faltava algo ainda. A saideira! E ela veio ao som de “Living After Midnight”, música que tradicionalmente, há anos, a banda vem usando para acabar seus shows. Um encerramento perfeito.

TODO FÃ DE HEAVY METAL DEVE VER UM SHOW DO JUDAS PRIEST, E ESSE FOI MAIS UMA PROVA DISSO:
Quem vai a um show do Judas Priest espera isso: peso! Tanto em canções clássicas, quanto em músicas mais recentes, peso eles têm de sobra para oferecer. Foi assim nesse Monsters Of Rock 2025, com um desfile das músicas mais pesadas das mais diversas eras da banda. Mais legal ainda, é o respeito que a banda tem ao seu legado. Em determinado momento, quando a música “Victim Of Change” era tocada, a imagem de Glenn Tipton, ex-guitarrista da banda, acometido por doença de Parkinson, foi mostrada no palco, em homenagem emocionante a alguém que, de fato, foi vítima da mudança.
A verdade é que Judas Priest é uma escola de heavy metal. Quem nunca viu um show deles, precisa ver! Todas as fundações do estilo estão aqui, com couro de sobra, guitarras gêmeas distorcidas, agudos estridentes, motos, e metal (no sentido literal mesmo, pois todo o apetrecho de palco da banda faz alusão ao minério). Aliás, se preparem, pois a oportunidade existirá novamente. Ao fim do show, uma mensagem no telão: The Priest Will Be Back!
SETLIST
PANIC ATTACK
YOU’VE GOT ANOTHER THING COMIN’
RAPID FIRE
BREAKING THE LAW
RIDING THE WIND
LOVE BITES
DEVIL’S CHILD
CROWN OF HORNS
SINNER
TURBO LOVER
INVINCIBLE SHIELD
VICTIM OF CHANGE
THE GREEN MANALISHI (WITH THE TWO PRONG CROWN)
PAINKILLER
ELECTRIC EYE
HELL BENT FOR LEATHER
LIVING’ AFTER MIDNIGHT