O EPICA retorna em 2025 provando, mais uma vez, que não faz nada pela metade. Com mais de duas décadas de carreira, o grupo holandês lança seu nono álbum de estúdio, “Aspiral”, em 11 de abril pela Nuclear Blast, entregando um trabalho que preserva o peso e a grandiosidade do metal sinfônico que o consagrou, mas com frescor e vitalidade surpreendentes.
Gravado com uma abordagem que remete à energia de um registro ao vivo, “Aspiral” se destaca pelo som afiado, grandes momentos instrumentais e arranjos sinfônicos mais contidos, abrindo espaço para que a voz de Simone Simons brilhe ainda mais. Os coros aparecem pontualmente, ganhando impacto quando surgem, enquanto guitarras e bateria assumem papel central na construção da atmosfera. O resultado é um álbum mais direto, sem perder o caráter cinematográfico.
Logo na abertura, “Cross the Divide” quebra a tradição de introduções orquestrais com uma faixa melódica, cativante e até com toques pop, mostrando que a banda está disposta a surpreender. Já “Fight to Survive (the Overview Effect)” aposta em um som moderno, combinando vocais suaves de Simone, refrão marcante e guitarras intensas que culminam em uma parte instrumental frenética e um solo afiado.
O disco também revela a versatilidade do EPICA. “Arcana”, apresentada pela primeira vez no concerto The Symphonic Synergy, alterna passagens sombrias com coros e orquestrações expansivas e trechos delicados conduzidos por Simone, evocando a atmosfera de Omega. “Obsidian Heart” se destaca pela combinação entre fragilidade lírica e peso instrumental, com riffs marcantes e grooves envolventes, enquanto “Eye of the Storm” exibe o lado mais agressivo da banda, com guitarras pesadas, guturais de Mark Jansen e uma base rítmica poderosa que flerta com o melodeath.
Três faixas dão continuidade à saga “A New Age Dawns” – “Darkness Dies in Light”, “Metanoia” e “The Grand Saga of Existence” – resgatando elementos dos primeiros trabalhos, como Consign to Oblivion e Design Your Universe: vocais “belo e fera”, cantos em latim, orquestrações grandiosas, coros imponentes e toques de metal extremo. Em contraste, “T.I.M.E” (Transformation, Integration, Metamorphosis, and Evolution) e “Apparition” seguem a linha atual da banda, com melodias e grooves em primeiro plano, enquanto os elementos sinfônicos funcionam como camadas de textura.
O álbum se encerra com a faixa-título “Aspiral”, uma balada minimalista com clima atmosférico e trechos narrados, que fecha o trabalho de forma contemplativa, ainda que sem atingir o impacto emocional de composições como “Rivers”.
Coeso e multifacetado, “Aspiral” pode ser considerado um marco tardio na discografia do EPICA, reunindo diferentes paisagens sonoras sem perder identidade. Com a energia crua que percorre cada faixa e uma produção que valoriza a vitalidade das performances, o álbum reforça a posição da banda como uma das mais consistentes e criativas do metal sinfônico atual.

- Cross the Divide
- Arcana
- Darkness Dies in Light – A New Age Dawns Parts VII
- Obsidian Heart
- Fight to Survive – The Overview Effect
- Metanoia – A New Age Dawns Part VIII
- T.I.M.E.
- Apparition
- Eye of the Storm
- The Grand Saga of Existence – A New Age Dawns Part IX
- Aspiral
Lineup
- Simone Simons – Vocals
- Mark Jansen – Guitars, Vocals
- Isaac Delahaye – Guitars
- Rob van der Loo – Bass
- Coen Janssen – Keyboards
- Ariën van Weesenbeek – Drums, Vocals