O cantor canadense não apenas entregou um show impecável, mas também proporcionou uma performance de tirar o fôlego, deixando os fãs extasiados.
Texto da Carolina Dias (@carolinadias.dc) e Fotos da Isis Trindade (@isistrindadephotos)
No último domingo (30), sob a realização da produtora Livinstage, Marc Martel retornou ao Brasil com o aclamado espetáculo “One Vision Of Queen”, um tributo grandioso à icônica banda Queen. O show recria toda a magia e energia das lendárias apresentações de Freddie Mercury e companhia, com interpretações fieis e emocionantes de seus maiores sucessos. Aclamado mundialmente, o projeto tem encantado fãs ao redor do mundo, proporcionando uma experiência única para aqueles que desejam reviver a grandiosidade do Queen ao vivo.
Nascido em um ambiente cristão, Martel iniciou sua trajetória musical como vocalista da banda de rock Downhere, que fundou enquanto estudava na Universidade de Briercrest, no Canadá. Durante mais de uma década, o grupo lançou diversos álbuns e conquistou alguns prêmios, mas foi a impressionante semelhança vocal de Martel com Freddie Mercury que o levou a um reconhecimento mundial.

Marc ganhou notoriedade em 2011, quando seu impressionante cover de “Somebody to Love”, do Queen, viralizou na internet. O vídeo fazia parte de sua audição para o Queen Extravaganza, tributo oficial da banda idealizado por Roger Taylor, baterista da banda.
Durante anos, Martel percorreu diversos países interpretando os clássicos do grupo, consolidando seu talento e reconhecimento mundial. Seu destaque cresceu ainda mais quando foi convidado para dublar a voz de Freddie Mercury no filme Bohemian Rhapsody (2018), vencedor do Oscar. A partir daí, ele embarcou em sua carreira solo com o espetáculo “One Vision Of Queen”, levando sua impressionante performance aos palcos do mundo todo.
O músico é o grande destaque deste projeto, que faz um tributo eletrizante, combinando impacto visual e energia contagiante. No espetáculo, alguns dos hinos mais icônicos do rock ganham vida em uma apresentação teatral grandiosa, com uma produção impressionante que prende a atenção do público do início ao fim.

Acompanhado pelos talentosos Brandon Ethridge (teclados), Mike Cohen (baixo), Tristan Avakian (guitarra) e Brandon Coker (bateria), o canadense Marc Martel subiu ao palco pontualmente às 20h03, incendiando o Espaço Terra, que estava completamente lotado. Durante quase duas horas de show, ele entregou um verdadeiro espetáculo, interpretando vinte e duas músicas com maestria.
A noite começou com uma sequência eletrizante de “One Vision”, “Keep Yourself Alive” e “Bicycle Race”, dando o tom do espetáculo. Logo após a energia de “Hammer to Fall”, veio “You’re My Best Friend”, marcando a primeira de muitas interações de Marc Martel com o público. Em um momento descontraído, ele perguntou se havia fãs de rock na plateia, recebendo uma resposta tímida. Não satisfeito, reformulou a pergunta com entusiasmo: “E do Queen? Tem fãs de Queen aqui esta noite?”—dessa vez, sendo recebido com um estrondoso coro de gritos e aplausos.

Em um dos momentos mais marcantes de “Killer Queen”, Marc Martel se posiciona no centro do palco e reproduz o icônico gesto de abrir a jaqueta, um movimento que Freddie Mercury frequentemente fazia, especialmente nos shows da fase final do Queen, nos anos 80. Esse gesto, eternizado durante a Magic Tour de 1986 com sua lendária jaqueta militar amarela, simbolizava poder, confiança e uma profunda conexão com o público. Os fãs mais atentos imediatamente reconheceram a homenagem e, tomados pela nostalgia e emoção, responderam com gritos entusiasmados. Ao final da canção, Martel, em mais uma interação com a plateia, reforça a essência do espetáculo ao comentar: “Para nós, é tudo sobre música.”
A apresentação teve inúmeros momentos marcantes ao decorrer do show, mas “Under Pressure” foi, sem dúvida, um dos grandes destaques da noite, levando a energia do público a um novo patamar. Mais uma vez, deixou evidente a entrega absoluta da banda, que se dedicou com paixão e intensidade, proporcionando uma performance poderosa e envolvente.

Em “Fat Bottomed Girls”, durante outro momento de performance impecável, Marc Martel aproveita para interagir com o público. Ele expressa sua felicidade em estar de volta a São Paulo, elogia a energia divertida da plateia e revela que também estava se divertindo muito. Em seguida, compartilha um pouco sobre sua transformação na carreira, ao se tornar “o cara que parece com Freddie Mercury”.
Martel conta que, no início, não se reconhecia nesse papel, mas as pessoas constantemente comentavam sobre a semelhança entre ele e Freddie. Foi então que, em um momento de reflexão, ele pensou: “Ok, esse cara realmente se parece comigo.”

No primeiro momento mais intimista e introspectivo da noite, Marc Martel senta ao piano e interpreta “You Take My Breath Away”, com um arranjo impecável. A serenidade, elegância e sensibilidade da canção conquistaram profundamente o público, que respeitou o clima único da apresentação, absorvendo cada nota com atenção e sentimento. Para muitos, foi um momento de fechar os olhos e se deixar levar pela emoção, imaginando estar, de fato, diante de uma performance de Freddie Mercury.
Uma das músicas mais emblemáticas da banda Queen, escrita por Mercury e lançada em 1975 no álbum A Night at the Opera, “Bohemian Rhapsody” é famosa por sua estrutura única e complexa, que mistura rock, ópera e balada. Na apresentação de Marc Martel, a canção se torna um dos grandes momentos da noite. Ele inicia ao piano, conduzindo com sensibilidade, e, à medida que a música cresce em intensidade, convida o público a cantar o solo, criando uma interação emocionante. A performance de Martel, repleta de entrega e energia, transforma esse momento em uma verdadeira experiência visceral para todos presentes.

Em “Another One Bites the Dust”, Marc Martel convida o público a participar de um ensaio de “call-and-response” — uma técnica comum em shows ao vivo, onde o cantor faz uma “chamada”, cantando uma frase ou palavra, e a plateia responde, repetindo a mesma palavra. O objetivo dessa interação é criar uma energia compartilhada, fortalecendo a conexão entre o artista e os fãs, e proporcionando momentos inesquecíveis.
No espetáculo “One Vision Of Queen”, essa técnica ganha um apelo ainda maior, pois Freddie Mercury foi um mestre em utilizá-la, especialmente para interagir com a plateia. Ele a incorporava de forma natural em suas performances, criando uma conexão com o público, que se tornou uma das suas marcas registradas mais memoráveis.

Após uma pausa do restante da banda para um momento impressionante de solo de guitarra de Tristan Avakian, que performou “Who Wants To Live Forever”/ “Brighton Rock”/ “God Save The Queen”, Martel e banda retornam ao palco com o que considero o momento de maior entrega técnica da noite, a apresentação de “Seaside Rendezvous”, que envolve complexidade notável tanto em sua composição quanto em sua execução. A canção mistura rock, música de salão e comédia musical, sendo possível observar o reflexo dessa complexidade em vários aspectos.
Logo no início da canção, já se percebe sua estrutura musical não convencional, marcada por mudanças dinâmicas de tempo e estilo. A introdução traz uma atmosfera leve e descontraída, com toques de jazz e music hall, que logo se transforma em uma sequência mais energética, com um ritmo acelerado e uma dinâmica vibrante.

A performance vocal também se destaca por sua complexidade, com harmonias em múltiplas camadas e passagens em falsete, exigindo grande controle técnico e precisão. Além disso, a música incorpora efeitos sonoros criativos, como a simulação de instrumentos de sopro e tapinhas, reproduzindo a sonoridade característica de um conjunto de jazz.
Esse nível de detalhamento evidencia o quanto o Queen era inovador ao experimentar novas técnicas de gravação e arranjos ousados. Da mesma forma, a performance de Marc Martel e banda nesta faixa merece reconhecimento, por capturar com fidelidade e excelência toda a complexidade e criatividade de uma das músicas mais elaboradas do Queen.

Após “Radio Ga Ga”, momento em que Marc Martel fala português pela primeira vez, agradecendo a plateia com um simpático “Obrigado”, chega a vez de “Somebody to Love”, executada ao piano. Antes de encerrar sua turnê pela América do Sul com o show em São Paulo, o espetáculo “One Vision Of Queen” passou por Santiago, no Chile, onde trouxe um setlist praticamente idêntico. A única diferença marcante foi a ausência de “Somebody to Love”, que não foi apresentada por lá. Nesse sentido, os fãs brasileiros podem se considerar privilegiados, pois tiveram a oportunidade de vivenciar uma performance emocionante e inesquecível.
Aproveitando a atmosfera mais intimista, Martel interage novamente com o público. Ele destaca que aquele era o último show da turnê na América do Sul e faz um elogio especial, afirmando que o Brasil tem o melhor público. Em seguida, pergunta se todos já assistiram ao filme Bohemian Rhapsody (2018) e, com humildade e evidente orgulho, compartilha que foi ele quem deu voz às canções da cinebiografia. O público retribuiu com aplausos entusiasmados e uma onda de carinho.

Antes de iniciar a próxima música, pergunta se queremos mais duas canções e encerra a noite com “We Will Rock You” e “We Are the Champions”. Dois momentos com uma crescida do público, casa animada e emocionada.
Mais do que uma apresentação, foi uma experiência memorável, marcada por entrega absoluta, performances envolventes, troca de figurino, exibições impecáveis de técnica vocal e instrumental, além de um uso inteligente do palco. Martel não se limitou ao centro, explorando as laterais e envolvendo tanto o público da pista quanto o do mezanino, conduzindo o público a cantar em um só coro criando uma atmosfera única e emocionante.
Marc Martel provou, mais uma vez, porque é considerado o melhor intérprete do legado vocal de Freddie Mercury. Seu show não é apenas uma homenagem ao Queen, mas uma experiência musical envolvente e emocionante que continua a conquistar fãs pelo mundo. Para quem deseja reviver a grandiosidade de uma das maiores bandas de todos os tempos, “One Vision Of Queen” é simplesmente imperdível. Foi uma daquelas noites inesquecíveis, que deixaram no público a expectativa de revê-lo em breve.

One Vision Of Queen feat. Marc Martel -Terra São Paulo – 30/03/2025
- One Vision / Keep Yourself Alive / Bicycle Race
- Hammer to Fall
- You’re My Best Friend
- Killer Queen
- Under Pressure – (Queen & David Bowie cover)
- A Kind of Magic
- I Want to Break Free
- Fat Bottomed Girls
- You Take My Breath Away
- Bohemian Rhapsody
- Flash / Death on Two Legs
- I Want It All
- Crazy Little Thing Called Love
- Another One Bites the Dust
- Guitar Solo (Who Wants To Live Forever / Brighton Rock / God Save The Queen)
- Seaside Rendezvous
- Don’t Stop Me Now
- Love of My Life
- Radio Ga Ga
- Somebody to Love
- We Will Rock You
- We Are the Champions
Só esqueceu de comentar que não deram nada de lembrança para os fãs nem palheta ou baquetas. Mas tirando isso foi um bom show
Oi, Priscila!
Obrigada pelo seu comentário!
No final do show, vi que alguns fãs conseguiram fotos e autógrafos com Brandon (teclado) e Mike (baixo). O Mike, inclusive, distribuiu algumas palhetas. Eles atenderam esses fãs diretamente do palco, mas foi tudo bem rápido.
Uma pena que o baterista não tenha jogado as baquetas logo após o show. Vamos torcer para que eles voltem em breve!
Que bom que você gostou e aproveitou o show!