Slaughter to Prevail: O apocalipse russo em terras brasileiras

Fotos por Gabriel Eustaquio (@winter_eustachian)

Se você estava na VIP Station na noite de 29 de março e acordou sem dores no pescoço, sem a voz rouca e sem marcas de pisões no pé, sinto muito: você não esteve no mesmo show que eu. O encontro entre os russos do Slaughter to Prevail e os brasileiros do AXTY foi menos um show e mais um terremoto organizado, onde breakdowns eram placas tectônicas e os gritos de Alex “The Terrible” funcionavam como alertas de tsunami. Foi uma celebração visceral do deathcore, uma noite onde a fúria sonora e a energia da plateia transformaram São Paulo no epicentro de um abalo sísmico musical.

AXTY: O Brasil Não Tá Pra Brincadeira

A noite começou com o AXTY entrando no palco como quem invade um território inimigo. Se o deathcore brasileiro já estava em ascensão, a performance da banda só reforçou que o gênero está mais forte do que nunca no país. Com o álbum “Hannya” ainda reverberando nos fones de ouvido dos fãs, Felipe Hervoso e sua trupe entregaram um setlist que alternava entre melodias perturbadoramente belas e agressões sonoras avassaladoras.

Desde o início, a banda mostrou a que veio, transformando a VIP Station em um verdadeiro campo de batalha sonoro. Faixas como “Fragile” e “Dismay” foram recebidas com entusiasmo, mas foi no breakdown de “Dismay” que até os seguranças não resistiram e começaram a balançar a cabeça. O momento mais marcante do show foi quando “Flowers and Butterflies Lullaby” trouxe um contraste inesperado de melodia e peso, hipnotizando a plateia antes de jogá-la novamente no turbilhão de brutalidade.

AXTY não deixou dúvidas de que o deathcore nacional tem muito a oferecer e que, mesmo sendo a banda de abertura, elevaram o nível do evento a um patamar altíssimo. O desafio agora era para os russos: superar ou ser engolidos pela energia destrutiva já estabelecida.

Slaughter to Prevail: O Apocalipse Usa Tênis Nike

Quando os russos do Slaughter to Prevail subiram ao palco, a energia na casa já estava em ebulição. Alex “The Terrible” surgiu como um verdadeiro chefe final de Dark Souls, ostentando sua icônica máscara demoníaca e, claro, um par de tênis Nike que provavelmente já sobreviveram a mais mosh pits do que muitos de nós.

As luzes se apagaram e a atmosfera se tornou quase sufocante enquanto a intro sinistra ecoava pelos alto-falantes. Assim que os primeiros riffs de “Bonebreaker” explodiram, a casa veio abaixo. A banda surgiu mascarada, como se tivesse saído de um pesadelo soviético, e o público reagiu instantaneamente com rodas de mosh se formando por toda a VIP Station.

Dali em diante, foi uma avalanche sonora sem pausas para respirar. “Baba Yaga” e “Conflict” elevaram o nível de destruição, mas foi em “Koschei” – faixa inédita do próximo álbum ainda sem título – que os fãs puderam sentir o peso do que está por vir na nova fase da banda.

As execuções de “Viking” e “Bratva” foram brutais, com a pista inteira se transformando em um caos coreografado. Em “Hell”, a plateia proporcionou um momento épico e inusitado: um crossover improvável entre Goku e Jesus Cristo, onde fãs fantasiados dos personagens tentaram construir uma pirâmide humana no meio do mosh pit, enquanto o Goku reunia uma Genki Dama para ajudar Alex com seus guturais — como se ele precisasse.

O setlist foi uma verdadeira peregrinação ao inferno do deathcore. “I Killed a Man” transformou o público em um exército de headbangers, “1984” foi uma pancada de realidade distorcida pelo caos, e “Behelit” demonstrou toda a paixão de Alex pelo anime Berserk, que inspirou a faixa.

Após uma hora de adrenalina pura, o Slaughter to Prevail encerrou com “Demolisher”, deixando um rastro de destruição pelo caminho. Gargantas estavam destruídas, tímpanos provavelmente comprometidos, mas a certeza era uma só: São Paulo precisa dessa banda de volta o quanto antes.

Slaughter to Prevail e AXTY entregaram um espetáculo brutal e memorável, consolidando essa noite como um dos momentos mais intensos do metal extremo em 2025. Enquanto o AXTY reforçou a força do deathcore brasileiro, os russos provaram que são uma das bandas mais ferozes da atualidade. O saldo final? Dores musculares, vozes destruídas e lembranças de um show que ficará na história.

Se você perdeu essa noite, meus pêsames. Mas se estava lá, sabe que presenciou um dos shows mais pesados e insanos do ano.

Slaugther to Prevai – Vip Station – 29/03/2025

1. Bonebreaker
2. Baba Yaga
3. Conflict
4. Koschei
5. Viking
6. Bratva
7. Grizzly
8. Hell
9. 1984
10. I Killed a Man
11. Behelit
12. Kid of Darkness

Encore:
13. Demolisher

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About Guilmer da Costa Silva

Movido pela raiva ao capital. Todo o poder ao proletariado!

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