Às vésperas de sua primeira passagem no Brasil, no Bangers Open Air, Nils Molin discute diversos assuntos em entrevista exclusiva!

Foto: Mats Vassfjord

Dynazty se apresenta no Bangers Open Air, no sábado (03/05)

Recentemente, temos visto uma onda de bandas de Power Metal crescendo na Suécia. O cenário no país nórdico nunca esteve tão bom para o gênero, e um de seus representantes mais notórios atualmente é o Dynazty, que acabou de lançar seu nono álbum, o excelente Game Of Faces (confira nossa review do álbum aqui).

A banda está a caminho do Brasil para o Bangers Open Air em Maio, e o vocalista Nils Molin nos concedeu entrevista exclusiva, onde fala sobre o cenário musical sueco, o novo álbum da banda recém-lançado e, claro, sobre o que esperar e as expectativas para o show no maior festival de metal do país! Confira:

Fernando Queiroz: Boa noite, Nil! É um prazer e obrigado pelo seu tempo! Bem, vocês estão para lançar o nono álbum de estúdio completo. A que você atribui esse volume grande de lançamentos em um espaço relativamente curto de tempo, já que o primeiro álbum é de 2009, e já estão no nono?

Nils Molin: O prazer é meu, e eu que agradeço! Sabe, acho que nós somos pessoas que gostamos e temos a vontade de permanecer sempre criativos, e sempre nos atualizar. E nós sempre temos esse sentimento de que podemos fazer ainda melhor no próximo. Sempre pensamos assim. Acho, então, que é uma vontade de manter a banda em um momento de progressão.

Fernando: E o que mudou, para vocês, no como faziam os álbuns antes da pandemia, para como fazem agora?

Nils: Bom, esse álbum teve um processo bem diferente de compor e gravar quando comparado ao nosso álbum anterior. O anterior, Final Advent, na verdade foi feito todo durante a pandemia. Já o The Dark Delight é bem parecido com o que fizemos agora. O novo, Game Of Faces, nós começamos a fazer saindo da pandemia, e nossa prioridade naquele momento era fazer bastante turnês. Então escrevemos ele nos intervalos de turnês e de outros compromissos, por isso o processo foi mais espalhado. Bem diferente de como foi o Final Advent, onde nós fizemos o álbum, e exclusivamente isso, não fizemos nada além disso naquele período. Então foi diferente, sim, mas ao mesmo tempo foi só um molde diferente do mesmo tipo de processo que já fizemos outras vezes no passado. 

Fernando: O Dynazty vai se apresentar no Brasil pela primeira vez agora em maio, no Bangers Open Air, um festival gigantesco para os padrões da América do Sul. Vocês sentem uma pressão maior em fazer shows nesses eventos assim, tocando ao lado de outras bandas enormes, ou é apenas mais um show?

Nils: Eu não diria que é ‘apenas mais um show’, porque como você disse, é nossa primeira vez no Brasil, e é um festival imenso, um line-up simplesmente fantástico, com bandas incríveis. Mas, ao mesmo tempo, você não quer se pressionar, você tem que lembrar a si mesmo que vai subir lá no palco, e vai ser mais um show, só vai ser realmente um bem entusiasmante e emocionante pela ocasião. Então, definitivamente nós sentimos isso, essa pressão, mas sentimos mais ainda o entusiasmo em fazer isso. É um tipo bom de pressão. 

Fernando: Legal! Pode nos contar um pouco do que podemos esperar da apresentação de vocês por aqui?

Nils: Vamos fazer provavelmente parecido com o que fazemos por aqui nos festivais europeus no verão! Faremos o máximo que pudermos do nosso novo álbum, mas como é nossa primeira vez no Brasil, vamos fazer um best of Dynazty, por assim dizer. Vamos sem dúvidas dar o melhor show possível do Dynazty que podem esperar. 

Fernando: Uma pergunta sobre você como vocalista. como você diferenciaria o Nils do Dynazty para o Nils do Amaranthe?

Nils: Sempre haverão diferenças, claro. São duas bandas bem diferentes. E especialmente com o Amaranthe, é uma situação muito única de banda, já que tem três vocalistas, e muita dinâmica entre nós cantores no palco. Então tem bastante diferença, mas em geral ainda sou eu ali nos dois casos. Mas eu realmente tenho bem mais responsabilidade como o vocalista frontman único ali no palco com o Dynazty. Mas o Amaranthe é surpreendentemente exigente em questão de voz para mim, já que eu canto refrãos e músicas que foram escritos primariamente para vozes femininas. É surpreendentemente difícil. Mas estar no palco com o Dynazty acaba sendo mais exigente para mim, pois estou lá sozinho, e é um setlist bem exigente para vozes.

Fernando: Em relação à agenda das bandas para você, tem sido difícil a conciliação de ambas Amaranthe e Dynazty, ou é algo harmonioso, algo que já se tornou natural para você manter esse cronograma?

Nils: Nesse ponto, eu já faço isso há muitos anos. Então já ficou mais ou menos rotineiro, já é algo padrão para mim. Claro, é um pouco difícil, sim, ir montando esse cronograma, mas no fim acaba que eu vou para muitos e muitos lugares. Eu acabo não tendo muito tempo livre, fico a maior parte do ano na estrada.

Fernando: Imagino que isso seja bem exigente para um cantor, não?

Nils: Eu acho que seria exigente para qualquer um, na verdade. Mas, sim, especialmente para um cantor, pois você está usando um instrumento orgânico, que você leva consigo o tempo todo, o seu corpo, e nós dependemos de períodos de descanso para cantar.

Fernando: O Dynazty é uma banda bem mais chegada ao Power Metal tradicional. Recentemente, tenho visto, vamos dizer, uma nova onda de Power Metal Sueco, e é um gênero que costumava ser mais proeminente na Alemanha e na Finlândia. Mas atualmente têm aparecido muitas bandas grandes na Suécia, como o Dynazty, o Dream Evil, o Seventh Wonder e o Sabaton. Você, sendo parte dessa cena, como foi a experiência de ver esse cenário sendo criado e crescendo mais e mais no gênero do Power Metal?

Nils: É bem interessante, porque na Suécia, nós temos as duas maiores cidades, que são Estocolmo e Gotemburgo. E quando criamos o Dynazty, havia uma cena muito prolífica de Rock em Estocolmo, e uma cena em Gotemburgo, que eram muito, muito diferentes. Em Estocolmo era tudo sobre uma coisa meio retrô anos oitenta, e era quase a única coisa que você iria fazer se tivesse uma banda nessa cidade lá para 2005, 2006, 2007, 2008.

Fernando: Como o Crashdiet, por exemplo?

Nils: Exatamente isso (risos)! E isso foi quando estávamos começando o Dynazty – era isso que todo mundo fazia naquele período em Estocolmo. E haviam novas bandas aparecendo toda semana, e depois de duas semanas elas acabavam, ou se transformavam em três bandas diferentes. E em Gotemburgo tinha algo diferente, era muito aquela onda de Melodic Death Metal, e bandas como o Soilwork e o In Flames, que influenciaram toda uma geração ali. E tinha bastante bandas de Power Metal já, como o Hammerfall. E ao mesmo tempo, você via bandas aparecendo e crescendo muito, como o Sabaton, que é um lado completamente diferente da Suécia. Aí você via um monte dessas bandas vindas de lugares diferentes, não desses dois centros, que nem sequer ligavam para o que acontecia ali, e essas eram na maioria as bandas de Power Metal. Hoje em dia eu acho que tem bem poucas dessas bandas retrô anos oitenta de Estocolmo por aí – claro, tem algumas, mas hoje o que você mais vê por aí é essa, como você disse, Nova Onda de Power Metal Sueco. Acabou que isso foi o que sobreviveu a todo o resto. São, sem dúvidas, tempos bem interessantes aqui na Suécia. É um país pequeno, mas com tanto hard rock, e tanto metal vindo daqui. Mesma coisa na Finlândia, que é um país até menor, mas tem muitas bandas que vêm de lá. É realmente impressionante para essa região do mundo, num geral.

Fernando: Falando um pouco do futuro, vocês têm intenção de voltar aqui na América do Sul para apresentações sozinhos e um setlist completo em algum momento próximo, ou teremos que esperar para talvez mais um álbum, para daí ter uma turnê por aqui?

Nils: Ótima pergunta! Bom, nós realmente gostaríamos de fazer isso direito, tocar nosso set completo como headliner no Brasil, na América Latina em geral. Não sei se vamos conseguir fazer isso esse ano, pois já está bem em cima neste momento, mas espero que não muito depois. Eu realmente espero que não tenhamos que esperar a fase do próximo álbum. Mas, pelo menos, é um bom começo fazer esse Bangers Open Air no Brasil, que estamos realmente muito animados em fazer.

Fernando: Espero que consigam! Bem, você pode me dizer um pouco sobre as influências que vocês do Dynazty tiveram ao criar a banda?

Nils: Claro! Todos nós lá temos o mesmo background musical se tratando de hard rock e heavy metal. E o mais legal é que todos nós sempre ouvimos os mesmos álbuns dos anos setenta e oitenta, e todos temos muito em comum quando se trata de nossos herois musicais. E foi muito interessante que acabamos nos encontrando e tocando juntos nessa banda, pois temos realmente muito em comum. Hoje em dia nós temos muitas outras influências também. Muitas bem contemporâneas, que podemos trazer para nosso som e completar junto aos clássicos do rock que nos influenciam. E para mim, pessoalmente, todos os meus cantores de rock preferidos são relativamente antigos – Dio, Rob Halford, David Coverdale são até hoje meus preferidos. E acho que o mesmo vale para os outros caras na banda. O Jonathan (Olsson, baixista) tem como seu ídolo máximo o Billy Sheehan, e o Love (Magnusson, guitarrista) tem como seu guitarrista preferido o Yngwie Malmsteen. Então todos nós viemos dessa background de hard rock e heavy metal old school. Bandas como Deep Purple, Kansas, Rainbow, e todas aquelas dos anos oitenta. As minhas preferidas são, sem dúvidas, Dio, Black Sabbath, Iron Maiden, Rainbow. Mas tudo isso vem acompanhado de caras mais modernos, inclusive pares nossos, que tocam com a gente por aí.

Fernando: Só uma última pergunta. Você e o Erik Grönwall são dois dos meus cantores preferidos hoje em dia, dos mais atuais. Não só da Suécia, mas em geral! Bem, você acha que os cantores mais recentes suecos estão cada vez mais técnicos e proeminentes por conta dessa maior exposição do rock e metal do seu país, ou é algo que já vem naturalmente de muitos anos?

Nils: Essa realmente é uma excelente questão! Existe uma tradição muito forte musical na Suécia. E não apenas no hard rock e heavy metal. No pop nós tivemos artistas muito grandes se sobressaindo internacionalmente, causando grande impacto, e isso sempre vai impactar gerações futuras de músicos e cantores. E com certeza, temos cantores absolutamente fantásticos no rock sueco, muitos inclusive que você provavelmente nunca ouviu falar. Temos uma tradição muito forte na música por aqui, e também temos um ótimo ambiente para aprender música por aqui desde uma idade muito jovem. As perspectivas para seguir uma carreira musical são realmente muito boas aqui na Suécia.

Fernando: Bem, muito obrigado pelo seu tempo, suas palavras. E esperamos vocês aqui no Brasil logo!

Nils: Obrigado pela oportunidade aqui! E nos vemos no Bangers Open Air!

BANGERS OPEN AIR:

Data: 02 de maio de 2025
Local: Memorial da América Latina
Endereço: Av. Mário de Andrade, 664 – Barra Funda – São Paulo, SP
Classificação: +16

HORÁRIOS DOS PORTÕES: 15h

Data: 03 de Maio de 2025 – sábado
Local: Memorial da América Latina
Endereço: Av. Mário de Andrade, 664 – Barra Funda, São Paulo – SP

HORÁRIOS DOS PORTÕES
03 de maio de 2025 – 10h

Data: 04 de Maio de 2025 – domingo
Local: Memorial da América Latina
Endereço: Av. Mário de Andrade, 664 – Barra Funda, São Paulo – SP

HORÁRIOS DOS PORTÕES
04 de maio de 2025 – 10h

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About Gustavo Diakov

Idealizador disso aqui, Fotógrafo, Ex estudante de Economia, fã de música, principalmente Doom/Gothic/Symphonic/Black metal, mas as vezes escuto John Coltrane e Sampa Crew.

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