Hammerfall – Avenge The Fallen — Mais um lançamento sólido na consistente discografia dos gigantes do gênero

Em seu décimo terceiro álbum de estúdio, e mais de vinte anos de carreira nas costas, os suecos do Hammerfall mostram a disposição de garotos, competência de veteranos, e uma clara intenção de ficarem no fim dos anos 90 e começo de 2000 em sua sonoridade. A mesma sonoridade, mesma postura “true metal”, sem serem pretensiosos, fazendo o que sempre fizeram bem.

Texto por Fernando Queiroz

O intervalo de dois anos entre Hammer Of Dawn (2022) e o novíssimo Avenge The Fallen (2024) antes era prática comum entre bandas do gênero, quando vender discos era algo importante. Hoje, cada vez mais, o intervalo entre lançamentos vem ficando maior, com músicas novas servindo mais para divulgar os shows e turnês, que realmente dão retorno financeiro. Esse atualmente curto intervalo de certa forma foi surpreendente, mas dada a boa aceitação do último álbum, que rendeu uma excelente turnê com passagem histórica pelo Summer Breeze Brasil, é justo que lançassem algo novo, e a expectativa da pelo lançamento era alta. Por sorte, mais uma vez os suecos não decepcionaram!

O ÁLBUM

Em primeiro lugar, é preciso dizer que esse é um álbum para fãs do Hammerfall, contendo todos os elementos que fizeram a banda famosa condensados em dez músicas.

A ideia de colocar a faixa título, Avenge The Fallen, como a primeira do álbum não é exatamente comum no gênero, e dessa vez, especialmente, temos um caso onde isso acontece e serve mais como introdução, com gritos de guerra em coro nos primeiros segundos, e apenas com trinta segundos de faixa, os primeiros acordes. Um riff introdutório no estilo “música de batalha”, seguido por uma pausa e os vocais de Joacim, primeiramente apenas praticamente falando, vindo um refrão alto, mais coros e um curto solo de guitarra. Uma música realmente introdutória de três minutos, mas que já é suficiente para dar um gosto do teor do álbum. O peso e a velocidade vêm já na segunda faixa, The End Justifies, que não muda os elementos de coro, gritos de guerra ao melhor estilo Manowar, e melodias pegajosas, mas conta com uma excelente introdução de bateria, e um andamento bem rápido, pedais duplos e a velha fórmula do sucesso de verso, pré-refrão e um refrão pegajoso extremamente prazeroso de se ouvir, seguido de um solo virtuoso.

A sequência, Freedom, também é uma música gloriosa, em estilo ‘marcha’. Hail To The King foi o single divulgado previamente, no começo do ano, que tem os empolgantes gritos de “hail”, algo para jogar para a plateia cantar em shows — embora não seja realmente um dos pontos realmente altos do álbum. Hero To All levaria o título de música mais empolgante do álbum se fosse para escolher, com uma mistura de certa velocidade, suavidade e fácil digestão com um refrão muito agradável de se cantar junto. Ela é seguida por Hope Springs Eternal, a mais leve do álbum, com um certo toque ‘balada’, mas sem o teor romântico, que serve para quebrar um pouco a intensidade e respirar entre tantas canções intensas. A trinca Burn It Down, Capture The Dream e Rise Of Evil são três músicas que de certa forma se completam, e ouvi-las em sequência torna a experiência das três bem melhor que ouvir sozinhas, três faixas pesadas que alternam entre mais lentidão e velocidade. O disco termina com Time Immemorial, que apesar de ser condizente com o disco num todo, e muito boa, não tem cara de faixa de encerramento, e dá um certo gosto de estar faltando algo para finalizar — talvez o único erro no álbum como um todo.

No geral, é mais um bom álbum musicalmente dos suecos, que não tentam se reinventar, nem renovar, ou redescobrir a roda, apenas querem fazer músicas para seus fãs, sua audiência, que não espera nada além do mostrado no álbum. Álbum, aliás, que tem a curiosidade de contar com participações do lendário John Bush, ex-Anthrax, em backing vocals em diversas faixas.

A produção impecável

Uma característica de bandas suecas, que o Hammerfall não fica de fora, atualmente é a produção e engenharia de som impecáveis. Como era de se esperar, o som é cristalino, ouve-se cada instrumento perfeitamente, e a masterização de cada faixa parece feita sob medida, sempre no volume certo para a proposta de cada álbum. O produtor Fredrik Nordström, conhecido por trabalhar com os nomes mais importantes do gênero no país, acertou a mão novamente, deixando o álbum, no fim das contas, um trabalho imprescindível para os ouvintes do gênero e fãs da banda. Destaque interessante para a produção vocal feita por Jay Ruston, que produziu bandas como Mr. Big, Armored Saint, e Anthrax, que permitiu tirar o melhor dos vocais de Joacim Cans, já que tem experiência em gravar grandes nomes da voz no metal.

Disco essencial para seu nicho

É difícil dizer se algum álbum é essencial num todo. Embora todos os elogios, ainda é um álbum de Power Metal sem nada de moderno, nada de inovador. É sem dúvidas essencial para quem é próximo desse meio, mas não para o público mais moderno. A diferença entre esse e muitos outros álbuns de Power Metal por aí, como o Rhapsody Of Fire, é o apelo ao público mais chegado em metal tradicional! Ainda há, e sempre haverá, o público que é acostumado ao Iron Maiden, ao Manowar e ao Judas Priest, e é nesse ponto que o álbum se sobressai no gênero, já que a sonoridade tem claras influências e remete em muitos momentos a essas bandas clássicas, utilizando pouquíssimos teclados, e focando sempre mais nas duas guitarras para preencher o som, e apenas com músicas mais curtas, sem os enfeites de músicas de sete, oito minutos como muitas fazem no gênero. Fãs de Manowar e Saxon, em especial, ficarão muito satisfeitos ao ouvir que a sonoridade “true metal” não foi abandonada, e foi levada muito a sério aqui. Para este público, também, ouso dizer que sim, é essencial ouvir com o coração nos anos 80! Não é o melhor e mais marcante álbum do Hammerfall, mas é um disco que ficará na história da banda como mais um grande trabalho dos suecos!

Hammerfall:

Joacim Cans – vocais
Oscar Dronjak – guitarra
Pontus Norgren – guitarra
Fredrik Larsson – baixo
David Wallin – bateria

Avenge The Fallen:

  1. Avenge The Fallen
  2. The End Justifies
  3. Freedom
  4. Hail To The King
  5. Hero To All
  6. Hope Springs Eternal
  7. Burn It Down
  8. Capture The Dream
  9. Rise Of Evil
  10. Time Immemorial

nota: 5 estrelas

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About Guilmer da Costa Silva

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