Megadeth celebra sua carreira com memorável show no Brasil

Dave Mustaine e seu time entregaram aos brasileiros um setlist recheado de clássicos que fizeram a alegria dos fãs após sete anos sem vir ao país.

Texto por Peu Bertasso e Fotos por Gustavo Diakov

Megadeth e América Latina, quando juntos, vem sendo sinônimo de sucesso há um bom tempo. O público latino, sempre fiel à banda, aguardava quase que impaciente pelo retorno dos americanos. Depois de alguns cancelamentos (um dado à descoberta do câncer de Dave Mustaine; outro, por falta de avisarem a banda que já tinha shows marcados por aqui), o grupo finalmente desembarcou para sua turnê latino-americana. Depois de Peru, Chile, Paraguai e três shows na muito bem sucedidos na Argentina, Dave Mustaine e sua trupe chegaram ao Brasil para uma data única no país, com produção da Mercury Concerts, encontrando um quase esgotado Espaço Unimed. O Megadeth não deixou pedra sobre pedra com um desfile de hits, levando os fãs ao delírio em seu primeiro show em terras brasileiras após sete anos.

Com a abertura da casa prevista para às 19:30 e o show marcado para às 21:30, a fila no Espaço Unimed se iniciou cedo, com fãs ansiosos enfrentando a garoa paulistana. Às 21h, os panos que cobriam a bateria de Dirk Verbeuren foram retirados, animando quem já estava dentro da casa. Porém, só estavam testando os instrumentos. Enquanto isso, o som da casa tocava alguns clássicos do metal, contando com o coral da galera em “Wasted Years”, do Iron Maiden. Pontualmente, as primeiras notas de “The Sick, The Dying… And the Dead!” ecoavam nos ouvidos dos brasileiros que faziam barulho para uma das bandas do Big 4 do Thrash Metal americano. A primeira música do show, faixa título do último álbum, deu espaço para a famosa “Skin o’ My Teeth”, clássico que levantou o público. O Megadeth, apesar de algumas peças fixas em seu setlist, acaba variando algumas músicas de um show para outro. Dessa vez,  “Angry Again” esteve presente, depois de Dave cumprimentar o público brasileiro, contando na sequência com a pesada dobradinha de “Wake Up Dead” e “In My Darkest Hour”, emendadas uma na outra. Durante essas músicas, era possível perceber a qualidade trazida pelo time comandado por Dave Mustaine. O baterista Dirk Verbeuren apresentava uma performance impecável, invertendo as mãos enquanto tocava e levantando em algumas partes. Nas cordas, James LoMenzo (baixo) e Teemu Mäntysaari (guitarra) constantemente se movimentavam no palco trocando de lugar, sempre interagindo com o público e não errando uma nota sequer. Teemu, membro mais novo no grupo, substitui o brasileiro Kiko Loureiro que se deixou a banda por motivos pessoais. 

Depois de o público gritar o nome da banda, “Countdown to Extinction” deu sequência no show, música que não empolgou tanto o público, diferente de “Sweating Bullets”, faixa onde os brasileiros acompanharam Mustaine quase frase a frase. Logo na sequência, “Dystopia” também abaixou a euforia dos presentes que mal reagiram à canção. “Hangar 18”, em compensação, serviu para, novamente, inflamar os brasileiros, fazendo o mundialmente conhecido coro de “Megadeth” na parte dos solos finais da canção. Depois de “Trust”, Dave pediu para que o público prestasse atenção no solo da canção seguinte e, assim, “Tornado of Soul”, faixa conhecida por sua complexidade técnica, mostrou que Teemu não havia sido escolhido à toa. Pelo contrário, Mustaine sempre prezou em ter músicos excelentes o acompanhando. A emocionante “A Tout Le Monde” fez os fãs cantarem junto com Dave, um dos momentos mais bonitos da noite. Após isso, o vocalista disse que tocaria uma música muito antiga e que nem se lembrava da última vez que havia tocado ela no Brasil mas que, mesmo sem dizer o nome, os fãs saberiam qual era a música. “Devil’s Island” começou, emocionando os fãs mais apaixonados. Um dos maiores hinos do metal mundial, “Symphony of Destruction” fez os brasileiros cantarem novamente, acompanhando os riffs com o também conhecido grito de “Megadeth” enquanto a banda tocava. Em “Peace Sells”, faixa responsável por encerrar o set principal, o brasileiro Rafael Pensado, baterista da banda Mindflow e manager do Megadeth, subiu ao palco vestido de Vic Rattlehead, mascote do grupo americano.

Com a banda saindo do palco, o público clamava por mais uma música. No caso, “Holy Wars… The Punishment Due”, era a música esperada por quem já vem acompanhando os últimos setlists da banda. Porém, Dave Mustaine voltou sozinho ao palco, empunhando sua guitarra e disse, em inglês, que parecia que o público não queria ver a próxima música, o que nos leva a pensar em algumas coisas. Durante todo o show, Mustaine conversou muito pouco com os presentes e, nesse momento em específico, deu-se a impressão de que ele estava esperando mais empolgação dos fãs brasileiros. Dito isso, relatos de conhecidos que estavam presentes em outros setores (diferentes de onde eu estava), contavam que o público não parecia estar muito animado ou respondendo a banda à altura. Somado a isso, outros conhecidos que estavam presentes nos shows da Argentina relataram que os hermanos, de fato, demonstraram uma empolgação muito maior do que o que foi mostrado pelos brasileiros. Não sabemos, de fato, apontar o que aconteceu, mas Mustaine passou a impressão de que estava incomodado com algo em relação a plateia. Independente, a banda voltou ao palco e fez uma performance perfeita de “Holy Wars… The Punishment Due” e encerrou a noite. 

O Megadeth se apresentou no palco com a perfeição que lhe é sempre cobrada. Mustaine está longe do primor de que sua voz já foi um dia, mas não decepcionou. Pelo contrário, a banda teve uma performance surpreendente e que deixou os fãs indo embora com um sorriso no rosto. Porém, a cara marrenta de Mustaine com seu questionamento na hora do bis nos faz questionar se a alegria que os fãs sentiram foi a mesma que a banda sentiu. Talvez a empolgação argentina em três noites seguidas (com direito a show acústico na frente do hotel) tenha elevado o parâmetro de Dave sobre o que esperar dos fãs. Ainda assim, pudemos presenciar um desfile de hits e hinos do metal que abrangeram boa parte da carreira do grupo. Esperamos, apenas, que a falta de empolgação com os brasileiros não deixe que o Megadeth fique longe daqui por mais sete anos. 

Megadeth – 18/08/204 – Espaço Unimed

The Sick, The Dying… and the Dead!
Skin o’ My Teeth
Angry Again
Wake Up Dead
In My Darkest Hour
Countdown to Extinction
Sweating Bullets
Dystopia
Hangar 18
Trust
Tornado of Soul
A Tout le Monde
Devil’s Island
Symphony of Destruction
Peace Sells

BIS
Holy Wars… The Punishment Due

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