Men at Work celebra sua música em dia caótico na capital paulista

Apesar do bom show, a falta de animação da plateia quase tira o brilho da apresentação

Texto: Peu Bertasso / Fotos: Isis Trindade

O Vibra São Paulo serviu como palco para um grande reencontro na quarta-feira (27). Depois de vinte e sete anos, o Man at Work retornou à capital paulista para uma noite de celebração da música oitentista, com direito à casa cheia. O grupo é comandado por Colin Hay, único membro original da banda, que mantém acesa a chama do grupo australiano vencedor do Grammy de 1983 como banda revelação. O vocalista e guitarrista é acompanhado por excelentes músicos, sendo todos, curiosamente, de ascendência ou nacionalidades latina. Apesar de encontrar uma plateia morna, o grupo fez uma boa ou apresentação, justificando o porquê de terem tido grande relevância em sua época de ouro. 

No hall de entrada do Vibra, a banda The Lords animava quem chegou cedo para o evento com covers clássicos de diferentes épocas da música pop e do rock. Programado para iniciar às 21h, a forte chuva e o recorde de trânsito no ano 2024 talvez tenha obrigado a produção do show a atrasar a apresentação em 25 minutos, que se iniciou com Colin agradecendo, em português, pela presença de todos antes de executarem “Touching the Untouchables”, com “No Restriction” logo em seguida. Morno, o público não animava durante as músicas, a não ser em momentos em que eram “obrigados”, já que os músicos da banda, em especial Cecilia Nöel (percurssão e backing vocals), buscava essa interação com os presentes. Pouco se ouvia Colin conversando com a plateia. A maioria das interações eram comandadas por Cecilia, peruana, que arriscava conversas em seu “portunhol” difícil de se entender, principalmente pelo baixo volume de seu microfone. 

Após pedir desculpas pela chuva e arrancar risos do público, Colin convidou o público a cantar “Come Tumblin’ Down”, uma das faixas de seu trabalho solo que vem integrando os sets de sua banda principal. Apesar do convite feito, poucos do público cantavam com o australiano. Porém, entre si, a plateia interagia muito. Grandes grupos conversavam em alto e bom som enquanto a banda executava suas músicas, dando a impressão de que estavam no show de uma banda qualquer que tocava em um barzinho enquanto bebiam e conversavam, fato esse comentado entre algumas pessoas na saída do show. “Can’t Take This Town”, outra faixa do projeto solo do vocalista, contou com um excelente solo de saxofone feito pela excelente musicista Scheila Gonzalez que, além de comandar o sax, ainda performava flauta e teclado no show com maestria. 

A belíssima “Down by the Sea” mostrou como Colin Hay mantém sua voz muito bem cuidada até os dias de hoje, aos 70 anos, e ainda contou com um divertido solo de bateria do cubano Jimmy Branly. A apresentação seguiu com “Everything I Need”, “Blue for You”, “I Can See It in Your Eyes” e a interessante “Dr. Heckyll & Mr. Jive”. Essa última, com seu refrão marcante, teve a banda convidando o público para acompanhá-los nas palmas. Em meio a toda a conversa do público, poucos participaram. “No Sign of Yesterday” contou com um excelente solo de baixo do cubano Yosmel Montejo e serviu de abertura para a clássica “Who Can it Be Now?”, a primeira que fez, de fato, o público cantar. “Underground”, assim como a anterior, fez com que o público cantasse e levantasse suas câmeras, o que aconteceu apenas nesses momentos onde os clássicos eram apresentados pela banda. “Catch a Star” e “Upstair in My House” vieram antes de uma boa sequência de músicas importantes na carreira da banda. “Overkill”, “It’s a Mistake” e “Down Under”, maior sucesso da banda, encerraram o setlist principal, essa última contando com solos de baixo, bateria e também do guitarrista cubano San Miguel Perez. Ao fim de “Down Under”, a banda deixou o palco naquele famoso movimento de sair antes de voltar para o bis. Porém, uma parte do público começou a se retirar do recinto, enquanto outros batiam palma, chamando a banda de volta ao palco. O grupo voltou para a execução de “Into My Life”, faixa solo do vocalista, e a marcante “Be Good Johnny”; porém, uma boa parte do público continuou se retirando do show, comprovando que, depois do clássico principal, eles não tinham mais o que assistir ali.

O Men at Work entrega um show tecnicamente perfeito. As divertidas interações de Cecilia Nöel, com sua extravagante roupa amarela, mesmo que mascaradas pelo volume baixo do microfone, dava um ar leve para a apresentação, até em momentos engraçados como quando chamava Colin Hay de “gostoso”. Porém, quem deixou a desejar foi o público, já que apenas se empolgavam quando um clássico era tocado pela banda. Imaginei que o incomodo era apenas meu pela conversa constante dos presentes, porém, a insatisfação com isso era fácil de se detectar na saída ouvindo os comentários. Por vezes, víamos pessoas tirando fotos delas. Não da banda, não do show. Delas. Todos, é claro, são livres para fazer o que bem entenderem, desde que isso não atrapalhe a diversão de seu próximo. Para uma banda que gravou o seu primeiro disco ao vivo aqui no Brasil, acredito que o Men at Work merecia um público mais interessado. Haviam, sim, uma boa parte interessada na apresentação. Porém, do meu ponto de vista, era uma minoria. Ainda assim, o grupo deixou sua marca, celebrando a música oitentista que fez parte. 

Men at Work – 21/02/2024 – Vibra

Touching the Untouchables
No Restriction
Come Tumblin’ Down
Can’t Take This Town
Down by the Sea
Everything I Need
Blue for You
I Can See It in Your Eyes
Dr. Heckyll and Mr. Jive
No Sign of Yesterday
Who Can It Be Now?
Underground
Catch a Star
Upstair in My House
Overkill
It’s a Mistake
Down Under

Bis:
Into My Life
Be Good Johnny

Nos sigam e deêm um like na gente \m/
error
fb-share-icon

About Gustavo Diakov

Idealizador disso aqui, Fotógrafo, Ex estudante de Economia, fã de música, principalmente Doom/Gothic/Symphonic/Black metal, mas as vezes escuto John Coltrane e Sampa Crew.

View all posts by Gustavo Diakov →

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *