Após mais de 10 anos sem pisar em terras brasileiras, um dos grandes nomes do post-hardcore mundial retorna a São Paulo.
A produtora Gig Music ficou responsável por trazer a banda novamente à capital de SP. Desde do dia do anúncio a expectativa era alta, e felizmente todas foram supridas da melhor forma possível. A casa localizada na zona sul de São Paulo, VIP Station, seria o palco para tal apresentação. Assim que cheguei na casa, já era possível ver uma fila quilométrica, então esperava sold out e uma casa entupida.
Os gigantes nacionais do Gloria
A banda Gloria na ativa desde de 2002 eram os responsáveis por aquecer os motores. Com um atraso de 30 minutos, a banda apresentou um setlist que passava por várias fases da banda, abrindo o show com uma música do seu último álbum, a faixa “Coração Codificado”, e em seguida o público vibrou com a clássica “A arte de fazer inimigos”. Rolaram também outros sons obrigatórios nos shows da banda, como as músicas “Bicho do Mato”, “Minha Paz”, “Horizontes”, sendo essa última com a participação de Lucas Silviera (Fresno), fazendo a alegria do público presente. Foi um show curto, mas honesto.
Uma apresentação explosiva e nostálgica
A casa estava cheia, disputado cada centímetro possível, mostrando a força da banda mesmo após quase uma década sem dar as caras na América Latina.
Com um novo atraso, a banda sobe ao palco em meio a gritos e começa com a “Take A Breath”. O som estava um pouco embolado, principalmente a voz, mas ao decorrer da música, o som foi ajustado e ficou muito melhor. As rodas já se formavam e emendaram com as clássicas “Writing in the Walls” e “In Regards to Myself”, ambas do álbum Define The Great Line, que particularmente é meu álbum preferido. Era impossível não cantar e pular junto; a banda estava a todo vapor, e o vocalista Spencer Chamberlain cantava junto com os fãs na grade.
Após esse arrasa quarteirão, foram tocadas as faixas “Hallelujah” e a clássica “It’s Dangerous Business Walking Out Your Front Door”, que fez marmanjo voltar aos anos de 2004, quando as coisas eram melhores e ninguém parecia ser triste. Ao dar início à pesada “Breathing in a New Mentality”, foi feito um solo de bateria que hipnotizou todos presentes com o talento de Aaron.
A faixa da vez é a pesada “Illuminator” do álbum “Disambiguation” de 2010, que não é o favorito da banda, mas que muitos fãs, inclusive eu, curtem demais. Nessa época, Aaron Gillespie (baterista, vocal) havia saído da banda, deixando um gosto amargo na boca dos fãs, mas que, por incrível que pareça, é um dos álbuns mais pesados da banda.
Era o momento de dar uma respirada; então, o vocalista Spencer perguntou quem era o primeiro show do Underoath ali, e muitos levantaram a mão. Era nítido que a banda havia renovado a fan base.
Agora, uma das faixas mais lindas da banda, a “Too Bright to See, Too Loud to Hear”, parecia um culto de igreja, com todos cantando juntos e com celulares levantados e lanternas acesas. Em seguida, foram executadas as clássicas “Reinventing Your Exit” e “You’re Ever So Inviting”. Nesse momento, o fã verdadeiro se emocionava e cantava como se não houvesse amanhã; era possível ver fãs chorando durante as músicas. Que momentos, meus amigos!
O single bem pesado “Let Go” fez duas rodas abrirem no meio da pista; até quem não queria estar dentro da roda era sugado como um buraco negro para dentro dela. Dando outra pausa para respirar, Spencer agradece a todos presentes, pede desculpas por demorar mais de uma década para voltar ao Brasil e promete que não irá demorar tanto tempo para voltarem; assim esperamos.
Na parte final do show, a banda anuncia a faixa “Damn Excuses”, que faz parte do último álbum “Voyeurist” lançado em 2022; a recepção dos fãs foi a melhor possível. As últimas músicas “Down, Set, Go” e “A Moment Suspended in Time”. Antes de tocarem o clássico absoluto da banda, Spencer disse que aquele foi o melhor show da turnê, fazendo com que todos gritassem.
No momento do hit “A Boy Brushed Red Living in Black and White”, foi o momento que proporcionou a abertura de uma roda gigante que pegou toda a pista da VIP Station.
Para o meu primeiro show do ano, já posso falar que com certeza será um dos melhores shows de 2024; foi nostálgico, emocionante e brutal. A banda tocou com vontade, o público cantou em todas as músicas, e a casa estava cheia, pilares essenciais para um evento incrível. Isso mostra que eventos de bandas desse porte e gênero são um tiro certeiro, e as produtoras podem olhar com mais carinho que não vão se arrepender.
Agradecimentos especiais ao Sonoridade Underground e à Gig Music pelo credenciamento.
Underoath – Vip Station – 27/01/2024
- Take a Breath
- Writing on the Walls
- In Regards to Myself
- Hallelujah
- It’s Dangerous Business Walking Out Your Front Door
- Breathing in a New Mentality
- Illuminator
- Too Bright to See, Too Loud to Hear
- Reinventing Your Exit
- You’re Ever So Inviting
- Let Go
- Damn Excuses
- Down, Set, Go
- A Moment Suspended in Time
- A Boy Brushed Red Living in Black and White