Bruxa Fest SP: festival breve porém extremamente bem executado

Texto e fotos: Daniel Agapito

Reunindo nomes tanto consagrados quanto em ascensão do underground nacional, o Bruxa Fest SP não foi de grande porte mas foi de grande estima.

Fffront. Vila Madalena. São Paulo. Domingo, dia 10 de dezembro. Foi aí que aconteceu o Bruxa Fest São Paulo. Organizado pela Bruxa Verde, produtora de eventos de metal underground de Santa Catarina, o evento contou com performances das bandas Finis Hominis (sludge, São Paulo), Pachorra (hardcore, Florianópolis) e Cemitério (death metal, São Paulo). Mesmo com a casa sendo um local menor, comportando por volta de 120 pessoas, a casa aparentava estar bem cheia e com um clima inerente de animação para a noite de muito metal que viria pela frente.

Os trabalhos da noite foram iniciados pela Finis Hominis, power trio de sludge paulista. O som do grupo é o que se espera de qualquer banda boa do gênero: som arrastado, mas hipnotizante; vocais do fundo da alma e peso para dar e vender. O som do grupo é influenciado (e como consequência remete à) bandas como Dystopia, Eyehategod e Bonnot. Por conta do tamanho e caráter mais intimista do Fffront, o público era reduzido, porém com certeza estava animado e engajado. À medida que eram tocadas as músicas, mais e mais pessoas iam vagarosamente batendo cabeça ao ritmo de faixas como “Jukai” e “Sinne Floribus”, ambas extraídas de seu EP, “Sordidum Est”.

A performance do grupo teve uma duração de aproximadamente 40 minutos, e este tempo foi muito bem aproveitado. O show foi direto ao ponto, objetivo; 40 minutos do mais puro sludge nacional. Neste tempo, conseguiram mostrar uma parcela de seu repertório para o público paulista que certamente os recebeu de maneira calorosa.

EP da banda

Por volta das 19h50, subiram ao palco os integrantes da Pachorra, banda promissora da cena de hardcore de Florianópolis. No dia 27 de agosto o grupo foi convidada para abrir o show do Brujeria, as lendas do deathgrind mexicano, no Célula Showcase, em sua cidade natal. Comparado à última banda, sua sonoridade é completamente diferente, sendo exponencialmente mais rápida e agressiva, mas não sacrificando peso. Pode se dizer que seu som se assemelha ao próprio Brujeria e bandas do gênero (são bastante influenciados por Ratos de Porão, Madball e Biohazard). Mesmo com isso, o público presente continuou ativo e engajado, mostrando no geral bastante ânimo. 

Se seu set fosse descrito em uma palavra só, seria “dinâmica”. As músicas eram curtas, mas iam direto ao ponto; a banda transitava de uma faixa para outra quase sempre sem parar, o vocalista (Pogo Fonseca) descia do palco e ia cantar com o público, apenas reforçando o clima de festa já bem presente à essa altura. Em certas músicas, colocaram o baixista, Menna Marcelos nos vocais e o vocalista no baixo. Era realmente difícil prever o que iria acontecer nos próximos segundos e mais difícil ainda de parar de prestar atenção.

É realmente difícil falar da banda sem mencionar a aparência do vocalista, que usava uma máscara de palhaço no palco. O grupo definitivamente apresentou peso, rapidez, ânimo e definitivamente fez um show de qualidade. O fato de terem tocado tantas músicas diferentes realmente mostraram a profundidade que tem seu repertório, mesmo só sendo formados recentemente. Sua performance, de maneira semelhante à do último grupo, durou por volta de 35 minutos, e pode-se dizer com certeza que aqueceu o público para a atração principal da noite.

Lyric video da faixa “Alguém”, tocada no show

Cemitério, banda de death metal com temáticas de filmes de terror que com certeza tem se consagrado dentro do underground paulista, foi o grupo responsável por encerrar esta noite de muita festa no Fffront. O trio experiente fez um set um tanto reduzido (40 minutos), como as outras bandas Mesmo assim conseguiram tocar grande parte de suas obras mais conhecidas como “O Dia de Satã”, “A Volta dos Mortos Vivos” e “Pague Para Entrar, Reze Para Sair”.

Músicas como “Tara Diabólica” animaram bem o público, que até fez alguns moshs, que literalmente fizeram o fino piso de madeira tremer. A interação com o público foi um dos pilares da performance do Cemitério, houve horas em que o público até pode escolher qual música seria tocada. Muito provavelmente por conta do ambiente, o clima era de descontração total. Todos estavam tranquilos, curtindo um bom death metal naquela noite chuvosa de domingo.

O show do grupo foi marcado por um repertório de qualidade e um público tão bom quanto. Em relação ao som em si, estava impecável durante todos os shows.  Todos os instrumentos estavam claros e distintos, o som estava alto, mas não ensurdecedor. Outro fator que acabou fortalecendo o clima leve daquela noite foi a atitude do produtor do festival, Matheus Jacques. Matheus estava sempre animando moshs e no geral esbanjando disposição.

Videoclipe da “Tara Diabolica”

No geral, o Bruxa Fest São Paulo foi um evento de tamanho menor, mas indubitavelmente bem-sucedido. Todas as bandas que tocaram fizeram shows que demonstraram as partes essenciais de seus respectivos repertórios, mas que foram objetivos. O evento contou com um tamanho menor? Contou. Sua importância foi de jeito algum pormenorizada? Não, como qualquer show underground conseguiu demonstrar as habilidades de um grupo diverso de bandas. Não seria um equívoco em dizer que o underground paulista receberá todo e qualquer evento futuro da Bruxa Verde de braços abertos.

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