BLIND GUARDIAN – THE GOD MACHINE (2022) -

O renascimento épico com “The God Machine”

O Blind Guardian, renomada banda alemã de power metal, encontrou-se presa por um tempo à sua própria fórmula, especialmente após atingir o auge com os clássicos “Imaginations From the Other Side” (1995) e “Nightfall in Middle-Earth” (1998). Estes álbuns apresentaram um som épico e grandioso, enraizado no universo fantástico de J.R.R. Tolkien. No entanto, ao longo dos anos, a banda experimentou uma transição em direção a uma sonoridade mais grandiloquente, culminando em álbuns como “Beyond the Red Mirror” (2015) e “Legacy of the Dark Lands” (2019), este último totalmente orquestrado e creditado à Blind Guardian Twilight Orchestra.

“The God Machine” surge como um retorno às raízes, um reset para a banda. Este décimo segundo álbum marca o primeiro lançamento com material “metálico” inédito em sete anos. Produzido por Charlie Bauerfeind, conhecido por seu trabalho com bandas como Angra e Helloween, o álbum apresenta nove faixas que, em pouco mais de cinquenta minutos, revelam um som mais direto, fresco e vital. A fórmula musical dos alemães passou por uma limpeza, resultando em um trabalho que resgata a agressividade e a vitalidade perdidas nos álbuns recentes.

O quarteto, composto por Hansi Kürsch (vocal), André Olbrich (guitarra), Marcus Siepen (guitarra) e Frederik Ehmke (bateria), juntamente com os músicos convidados Barend Courbois (baixo) e Thomas Geiger (teclado), retoma a sua majestade, apresentando um tracklist sólido com composições notáveis como “Deliver Us From Evil”, “Violent Shadows”, “Life Beyond the Spheres”, “Secrets of the American Gods” e “Blood of the Elves”. A combinação única de peso, agressividade e melodia, características distintivas do Blind Guardian, ressurge com força, enquanto coros encorpam os refrãos e Hansi Kürsch oferece interpretações magistrais.

“The God Machine” é elogiado como um álbum completo e habilmente executado, evidenciando por que o Blind Guardian mantém sua posição de destaque no cenário do power metal há tanto tempo. É um retorno ao estilo direto e focado, uma fusão de todas as fases da banda. Em entrevistas, Hansi Kürsch destacou a decisão de reduzir a orquestração e focar na força, mantendo, no entanto, a extravagância característica da banda.

Ao unir elementos de suas diversas eras, desde a grandiosidade operística de “Legacy of the Dark Lands” até a agressividade épica de álbuns anteriores, como “Imaginations From the Other Side”, o Blind Guardian com “The God Machine” oferece um renascimento épico. Inspirado por obras de fantasia de Neil Gaiman, Brandon Sanderson e The Witcher, o álbum se destaca como uma obra cativante, estimulante e edificante que sintetiza o estilo power metal em toda a sua grandeza. “The God Machine” é mais do que um álbum; é uma declaração de ressurgimento para uma das bandas mais influentes do gênero.

Sobre a arte da capa, ela foi feita pelo americano Peter Mohrbacher que brinca com histórias de fantasia e perspectivas sombrias. “Você tem que olhar com uma lupa para achar esperança no álbum. Mas ela existe.” Sorri o vocalista Hansi Kürsch. “Minhas letras tem muitos níveis. Algumas delas até eu tenho que explorar depois.” Talvez The God Machine seja o álbum mais pessoal da banda desde Somewhere Far Beyond.

“The God Machine” pode ser o álbum que todos nós precisávamos depois de “Twilight Orchestra”. Enquanto eu louvo o Blind Guardian por seu desejo de crescer e progredir, eu também adoro ouvir um álbum que me lembra que eles podem simplesmente escrever ótimas músicas; com “Violent Shadows” facilmente sendo minha música favorita deles desde “Battlefield”. E, embora os Blind Guardian não sejam uma banda perfeita, sempre lançam material que eu identifico imediatamente.

TRACKLIST:

1 – Deliver Us From Evil
2- Damnation
3- Secrets Of The American Gods
4- Violent Shadows
5- Life Beyond The Spheres
6- Architects Of Doom
7- Let It Be No More
8- Blood Of The Elves
9- Destiny