Headbang, motherf*ck*r! Machine Head retorna a São Paulo com show intenso e emocionante

Após 8 anos, banda retorna ao Brasil com turnê imersiva, revisitando todos os trabalhos de sua carreira.

O último domingo (29) foi contemplado com quatro shows de metal na capital paulista: Machine Head, Marduk, Obscura e Primal Fear. Gêneros distintos, porém, não é difícil que dois ou mais desses nomes agrade uma mesma pessoa. Os que priorizaram o primeiro citado, certamente não se arrependeram de ter se descolado até a Tokio Marine Hall, em um dia relativamente frio e chuvoso para prestigiar a apresentação dos californianos. A casa, localizada no sul da capital, conta com uma ótima infraestrutura no que diz respeito as suas acomodações e ao áudio que soa de forma impecável.

A turnê “An Evening With Machine Head” chega ao Brasil, com três datas, sendo a última delas em São Paulo. A banda promete um setlist especial, repleto de clássicos e com mais de três horas de duração. Sua formação atual conta com o líder Rob Flynn (guitarra/vocal), Waclaw “Vogg” Kiełtyka (guitarra), Jared MacEachern (baixo) e Matt Alston (bateria).

Convidados da noite, Project 46 prepara o terreno, fazendo com que o público descarregue sua fúria

Enquanto a casa ia enchendo, os paulistanos do Project 46 subiram ao palco, pontualmente às 19:15, como previsto. A formação atual do grupo conta com Caio MacBeserra (vocal), Jean Patton (guitarra), Vini Castellari (guitarra), Baffo Neto (baixo) e Betto “Ninja” Cardoso (bateria). Patton, um dos membros fundadores, está em sua última turnê com a banda, realizando shows em despedida aos fãs.

Convidados por Rob Flynn para serem os responsáveis pela abertura da noite, compuseram um setlist com músicas dos três álbuns de estúdio lançados entre 2011 e 2017. “Terra de Ninguém”, “Violência Gratuita” e “Capa de Jornal” vieram em sequência, como um “soco na cara”, segundo as palavras de Caio. Apesar do público tímido, o vocalista não se contenta até que veja pessoas pulando e abrindo rodas no meio das pistas.

O show segue com breves interações com o público, como em “Pode Pá”, onde fãs se abaixam junto a banda no início da música e pulam em sincronia com os mesmos após dado o sinal de largada. Já em “Acorda pra Vida” os ares são diferentes, com um wall of death dividindo a pista e se fechando, promovendo mais uma roda com muita intensidade. No encerramento do show, Jean e Vini, dupla virtuosa de guitarristas, se posiciona no centro do palco, executando um dueto que é seguido com um coro da plateia que percorre com as notas de forma harmonizada.

Apesar de curta, com apenas 45 minutos de duração, a apresentação do Project 46 preparou bem o solo e despertou uma grande energia no público. Nas palavras de Caio, foi uma “sessão de descarrego”, onde todos foram convidados para liberar sua “fúria” acumulada, sem medo, sem receios.

Project 46 – 29/10/2023 – Tokio Marine Hall

Terra de Ninguém
Violência Gratuita
Capa de Jornal
Dor
Rédeas
Pânico
Corre
Erro +55
Pode Pá
Foda-se (Se Depender de Nós)
Acorda pra Vida

Machine Head encerra a turnê sul-americana com apresentação longa e memorável

O anseio pelo show principal era grande. A essa altura, a casa já estava cheia e o palco montado, faltando apenas os últimos ajustes dos instrumentos, que foram realizados após o horário previsto para o início. “Diary of a Madman”, clássico de Ozzy Osbourne lançado em 1981, ecoava nos falantes da casa, alertando que o grande momento estava por vir.

Com quinze minutos de atraso, às 20:45, as luzes se apagam e a intro de “Imperium” toma conta dos falantes e desperta gritos da plateia. Sendo uma das mais aclamadas do grupo, foi a escolha certeira para abrir o setlist. O quarteto foi ovacionado e a energia dos fãs era surreal, principalmente nas passagens melódicas da música.

Desde o primeiro momento, Rob Flynn mostra o grande frontman que é, agitando o público e tendo-o em suas mãos. “Cheers, motherf*ck*rs!”, frase que foi repetida em vários momentos do show, serve de gancho para que o vocalista atire copos de cerveja na pista, na tentativa de que algum fã pegue e saboreie a cevada.

“Ten Ton Hammer” e “CHØKE ØN THE ASHES ØF YØUR HATE” vem na sequência, sem piedade, ambas com momentos densos e frenéticos. Jared mostra como é carismático e expressivo, a todo momento fazendo caras e bocas, como se fosse um animal atroz com sede de destruição. O carisma do baixista é notório quando interage com os fãs próximos da grade, agitando a bateção de cabeça como se os mesmos tivessem pescoços de aço.

Em ato de misericórdia, “UNHALLØWED” é apresentada, baixando brevemente a poeira levantada pela banda. Rob tem momentos de serenidade, mostrando como exerce sua função com maestria, assim como toda sua ferrosidade nos momentos impactantes da música e ao executar seus solos embravecidos. “Take My Scars” e “Locust” compõem outra sequência matadora, a segunda ilustrando momentos de emoção, com destaque para os solos que são intercalados entre os guitarristas, posicionados no centro do palco, fazendo com que as melodias encantem os fãs.

Trazendo um ar festivo, “Is There Anybody Out There?” faz com que alguns dancem, contagiados não só pelo ritmo, mas também pelos passinhos dados por Jared. “NØ GØDS, NØ MASTERS”, terceira música do setlist que promove “ØF KINGDØM AND CRØWN”, último álbum de estúdio lançado em 2022, transforma o clima com uma mistura de melancolia, peso e emoção, mostrando a versatilidade do grupo.

Mais cerveja, escolha de cover e discurso sobre saúde mental

No segundo ato, Rob Flynn retorna ao palco, saudando o público e novamente, atirando cervejas na pista, dessa vez presenteando um fã que estava na grade. “CARALHO!” foi a resposta espontânea e empolgada do vocalista ao ver o rapaz agarrar o copo. Já o redator que vos escreve não teve a mesma sorte e tomou um banho de “cerva” nos momentos finais do evento, vítima de um erro de pontaria do frontman.

Flynn inicia uma enquete sobre qual cover deverão tocar na sequência, solicitando que a plateia faça barulho após pronunciar o nome de cada música. As opções foram: “Whiplash” (Metallica), “Seasons in the Abyss” (Slayer), “All The Small Things” (Blink 182) e “Hallowed Be Thy Name” (Iron Maiden). A disputa foi acirrada entre os clássicos do Maiden e Slayer, enquanto a do Blink, alvo de muitas vaias. Embora “Seasons” tenha a sido a vencedora, os caras sacanearam tocando um breve trecho da música do trio de Pop Punk, arrancando risadas de muitos. Brincadeiras à parte, a música do saudoso quarteto de Thrash Metal foi executada na íntegra, de forma majestosa e brutal.

Sem cerimônia, a banda segue o setlist com “Old”, grande hit do grandioso “Burn My Eyes”, de 94, com seu refrão sendo cantado em alto e bom som. “Asthetics” é dedicada a Dimebag Darrell (1966-2004), em uma homenagem ao amigo e ídolo do líder do Machine Head. Ao final da música, Vogg inicia um solo de guitarra, esbanjando técnica e habilidades. O músico, que também faz parte dos grupos Decapitated e Lux Occulta, mostra como é talentoso e virtuoso.

Um dos momentos mais marcantes da noite ocorre quando Rob entra no palco empunhando um violão e pede aos fãs que guardem seus celulares, apenas naquele momento. Discursa sobre saúde mental, depressão e como a música tem poder e pode influenciar positivamente nos momentos mais difíceis de nossas vidas. Complementa dizendo que, pediu para que guardassem os aparelhos não só para que aproveitassem melhor aquele momento, mas também justifica que seria mais satisfatório guardá-lo na memória, em vez de registrá-lo com câmeras. E então, “Darkness Within” é executada, emocionando muitos nesse momento especial e introspectivo.

O vocalista relembra de sua primeira passagem no Brasil, quando o Sepultura fora o responsável pela abertura da noite, em São Paulo. Também resgata na memória a primeira vez que teve contato com o clássico “Beneath The Remains”, em meados de 89, dizendo que ficou impressionado com o que estava diante de si.

De volta aos trilhos, os momentos finais da apresentação foram intensos, com direito a um wall of death regado de porradaria e fãs cantando com todo fôlego que ainda restava em seus pulmões. Acertando em cheio, o repertório se encerra com “Davidian” e “Halo”, mostrando que mesmo após três horas de música, o quarteto ainda tinha lenha para queimar.

O Machine Head entregou um show impecável, com um setlist que transita por todos os álbuns lançados em sua carreira, proporcionando muito peso, intensidade e emoção. A experiência foi imersiva, como é proposto no título da turnê, com momentos impactantes no que diz respeito as composições como um todo. Muitos fãs de longa data estão comentando que das três passagens que o grupo fez em nosso país, essa última foi de longe, a melhor. Sendo assim, fica a expectativa de um futuro retorno que seja à altura do espetáculo que ocorreu na capital paulista.

Machine Head – 29/10/2023 – Tokio Marine Hall

Imperium
Ten Ton Hammer
CHØKE ØN THE ASHES ØF YØUR HATE
Now We Die
The Blood, the Sweat, the Tears
UNHALLØWED
None But My Own
Take My Scars
Locust
Is There Anybody Out There?
NØ GØDS, NØ MASTERS
Seasons in the Abyss (Slayer cover)
Old
Aesthetics of Hate
Guitar Solo
Darkness Within
Catharsis
Bulldozer
From This Day
Davidian
Halo

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About Bruno Santos

O amor pela música nasceu na minha infância e ir em shows é uma de minhas maiores paixões. Também sou um grande fã de games e da cultura geek.

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