Uma explosão de energia e cultura
Até o momento, os anos 2010 foram um período de grande formação para as progressivas evoluções no metal, tanto em termos de habilidade musical quanto de cultura. Com sete cordas, experimentos no minimalismo e um tipo de metal que alguns dizem “isso não é metal”, é fácil ficar surpreso com a existência completa do Rise of the Northstar. O clipe do primeiro single do álbum de estreia, intitulado “Welcame”, mostra os cinco membros franceses vestidos com uniformes escolares estilo gakuran, causando um pequeno tumulto em um subúrbio japonês, jogando Street Fighter em um fliperama e se apresentando ao lado de atores de kabuki tradicionais em um estúdio de gravação de vídeo de metal tradicional. Se você nunca os ouviu falar até agora, isso basicamente resume a essência da banda. O Rise of the Northstar tem o orgulho de basear toda a sua produção em animes e mangás do estilo shonen.
Minha reação inicial, assim como o título da primeira faixa do álbum, foi apropriadamente “que porra é essa? Provavelmente, a sua reação foi a mesma. Mas, tendo dito isso, a conexão entre metal e cultura nerd existe há muito tempo, e talvez sempre tenha caminhado lado a lado. Afinal, a Emmure lançou aquele álbum temático de videogame há alguns anos, o Slipknot baseou as letras do primeiro álbum em Werewolf: The Apocalypse, e depois temos o velho Gary Gygax para agradecer por décadas e décadas de letras de metal com temas de espadas e magia. No entanto, com isso em mente, é mais fácil compreender a presença do Rise of the Northstar na cena do metal agora, mas nada o salvará dos olhares desconfiados e das brincadeiras quando você disser: “sim, estou ouvindo uma banda de metal com tema de anime”.
É fácil rotular a banda como uma manobra vazia para capitalizar a moda japonesa que está em alta agora (apesar da banda surpreendentemente existir há mais de meio século), e ainda mais fácil elogiá-los por se nomearem após a maior obra-prima televisiva de todos os tempos. No entanto, a obsessão do Rise of the Northstar pela mídia japonesa vai muito além de sua imagem, com a banda inserindo pequenos detalhes por todo o lugar (como o riff desajeitado e frenético na abertura do álbum refletindo o estilo do tema original de Godzilla). Mas, deixando de lado as referências aos antigos mangás shonen e aos filmes de ação, há uma interessante variedade de influências na banda, que pode ser apreciada facilmente por fãs fora do público-alvo da banda (embora, sinceramente, como você estaria ouvindo esse álbum se não fosse um cara com uma faixa de Naruto na cabeça). Enquanto a banda baseia seu som no groove do hardcore de Nova York dos anos 90 e no crossover thrash à la Madball e Earth Crisis, eles também exploram o hardcore metálico clássico e o youth crew (uma influência não surpreendente, já que o produtor Zeuss dá à banda uma conexão distante com Hatebreed e Emmure), além do hip-hop (desde as injeções sutis do ritmo arrebatador de Ghostface Killah em seus instrumentais e entregas vocais, até a amostragem não tão sutil de Cypress Hill no primeiro single do álbum). Claro, também é fácil identificar a influência de bandas japonesas como Number Girl e Maximum the Hormone, todas elas, ironicamente, mais inspiradas por bandas ocidentais do que qualquer outra coisa.
Como alguém com seu próprio gosto secreto tanto pelo machismo icônico e absurdo dos antigos seriados de anime quanto pela força jovem e poderosa do punk rock, é difícil não amar a pura dose de ridículo que vem da fusão dessas duas culturas distintas.
Em seu álbum de estreia, intitulado “Welcame”, uma explosão de energia e uma mistura única de influências que resultam em uma experiência musical intensa e inesquecível.
Desde o primeiro acorde, fica claro que “Welcame” não é um álbum comum. A combinação de metalcore, hardcore e elementos do hip-hop e da cultura japonesa cria um som poderoso e viciante. A habilidade da banda em fundir esses gêneros de forma coesa e orgânica é impressionante e demonstra uma maestria musical notável.
As letras, em sua maioria em inglês, mas com algumas incursões no japonês, exploram temas de luta, superação e a celebração da cultura de rua. Essas mensagens são entregues com uma intensidade crua e uma autenticidade que ressoa com a juventude contemporânea. A mistura de línguas adiciona uma camada extra de autenticidade e profundidade ao álbum, proporcionando uma perspectiva única sobre as experiências dos membros da banda.
As faixas de destaque incluem “What The F***”, com seu riff de guitarra hipnótico e refrão viciante que fica na mente por dias, e “Dressed All In Black”, que demonstra a habilidade da banda em transitar entre diferentes estilos musicais de forma fluida e impactante, e a minha preferida e já é um clássico da banda, a música “Samurai Spirit”.
A produção que ficou a cargo do renomado produtor Zeuss (MADBALL, HATEBREED, EMMURE) é impecável, com um equilíbrio perfeito entre os elementos sonoros. Cada instrumento e vocal é nítido e poderoso, permitindo que a complexidade das composições brilhe. A produção também captura a energia crua e a agressividade da banda, criando uma atmosfera envolvente que prende o ouvinte do início ao fim.
A arte, ilustração e design de “Welcame” foi feita pelo vocalista Vithia, o vocal se inspirou no mangá “Rookies”, que é uma série de mangá shōnen japonesa escrita e ilustrada por Masanori Morita. Foi serializado na revista de mangá shōnen da Shueisha, Weekly Shōnen Jump, de fevereiro de 1998 a agosto de 2003, com os capítulos coletados em 24 volumes
Em resumo, “Welcame” da Rise Of The Northstar é um álbum que desafia fronteiras e transcende gêneros musicais. É uma explosão de energia, cultura e autenticidade que deixa uma marca duradoura. Para os amantes de música que buscam algo novo e emocionante, este álbum é uma experiência que não pode ser ignorada. A Rise Of The Northstar mostrou com este lançamento que eles são uma força a ser reconhecida na cena musical internacional.
A Powerline Music & Books, em colaboração com a La Cafeina, apresentam pela primeira vez no Brasil a banda francesa de metal moderno Rise of the Northstar. Combinando elementos de groove metal, new metal e hardcore, o grupo de cinco integrantes traz consigo a energia do seu mais recente álbum, intitulado Showdown. O aguardado espetáculo está marcado para o dia 3 de novembro, no Fabrique Club, em São Paulo.
SHOW EM SÃO PAULO:
Detalhes do Evento:
Rise of the Northstar em São Paulo
Acompanhados por Paura e Bayside Kings
Data: 3 de novembro de 2023
Horário: 19h
Local: Fabrique Club
Endereço: Rua Barra Funda, 1075 – Barra Funda, São Paulo/SP
Ingressos já a venda, garanta antecipado na Pixel Ticket: https://pixelticket.com.br/eventos/15417/rise-of-the-northstar-em-sao-paulo
