Créditos da foto: Amanda Nunes
O EP “Sunrise in Hell”, do Cactek, projeto de death/thrash do músico carioca Pedro LaRocque mostra grande potencial, tendo uma sonoridade polida e um tanto única.
Nota: 8
O EP começa com a single “Spam With a Plan”. “Spam With a Plan” foi incialmente
lançada em 2021, e foi bem-recebida pela crítica. Desta vez, a single aparece
regravada, e com Wildy Souza assumindo as baquetas, ao invés da bateria programada
presente na versão original. Sua letra retrata tópicos de desilusão do povo e falta de
cuidado no poder. A faixa conta com riffs galopados, vocais quase demoníacos, uma
percussão poderosa e no geral, guitarras um tanto complexas, recheadas de pequenos
afloramentos.
“Die for Nothing” já fala sobre como a sociedade já estava propícia à queda faz tempo.
Ela apresenta novamente melodias galopadas, mas desta vez com um ar levemente
mais NWOBHM. A bateria rapidamente thrasheia, contando com bumbos duplos
rapidíssimos. Somos apresentados também a solos mais melódicos, com notas até de
power metal. Pode se dizer com confiança que as habilidades de Pedro LaRocque se
destacam bastante nos solos. “Die for Nothing” é um exemplo primo de como as
músicas deste EP conseguem transitar de forma maestral entre melodia e
agressividade.
A faixa epônima do disco, a “Sunrise in Hell” já começa destacando as habilidades do
supracitado “LaRocque”, com um solo poderoso. O nome da música a descreve muito
bem, pois ela apresenta riffs e solos com caráter até motivadores, mas tem
brutalidade de sobra também. Como muitas faixas de thrash, conta também com
melodias que aparentam “dar voltas”, e uma letra impactante, desta vez sobre lutar
consigo mesmo. Já “Malignant Mass” é iniciada de maneira quase oposta da “Sunrise
in Hell”, sendo mais pesada, até contendo algumas leves notas de stoner metal.
Inusitadamente, ela fica um pouco mais devagar e traz consigo um violão de caráter
calmante, que insere bastante variação na música. Mesmo com o violão trocando o
clima da música, brutalidade não falta, tendo um solo vertiginoso para concluir.
“Fish Eyed Child” é a faixa responsável pela conclusão do EP. Olhando a letra, ela
aparenta falar sobre um robô, mas com certeza deve ter alguma mensagem escondida
por trás da letra. Seu riff inicial, é um pouco mais tradicional, e fica gradualmente mais
veloz. Esta música, de maneira similar ao EP como um todo, mistura muito bem elementos percussivos brutais com guitarras um tanto motivadoras e esperançosas,
para criar uma sonoridade única.
Ouça “Sunrise in Hell” e faça a compra do EP no Bandcamp:
https://cactek.bandcamp.com/album/sunrise-in-hell
No geral, o trabalho de estreia do Cactek mostra habilidades vocais surpreendentes,
guitarras que se destacam bastante, uma bateria muito bem pensada e tocada e forte
inspiração no thrash das antigas, porém com execução moderna. Seria um baita de um
desserviço não dizer que o “Sunrise in Hell” é um trabalho que exala potencial, e que
tem uma produção quase impecável (cortesia do renomado Dan Swanö). Sua duração
mais curta é algo que segura o EP um pouco, mas este projeto não deixa de ser de
qualidade, e cria grandes expectativa para os trabalhos futuros dos cariocas.
Faixas:
- Spam With a Plan (4:32)
- Die for Nothing (4:42)
- Sunrise in Hell (5:05)
- Malignant Mass (5:11)
- Fish Eyed Child (4:32)
Duração Total: 24:02
O EP, que será lançado no dia 15 de setembro, contou com o talento do artista gráfico João Antunes para a criação da capa, que inclui uma infinidade de referências como explicou o guitarrista, vocalista e baixista Pedro de La Rocque, também responsável pelas gravações e mixagens do trabalho:
“A ideia foi misturar várias paradas: críticas às religiões, gente sendo explorada, degradação urbana, elementos brasileiros (na contracapa, tem tipo um 14 Bis futurista e dois vizinhos brigando por política), insegurança (o lance da blindagem, que também é uma referência a Robocop), além de referências que vão desde o protetor solar e a loja de R$ 1,00, que também vêm das propagandas fictícias do Robocop. Há também uma menção discreta ao guitarrista Wander Taffo à direita, assim como duas menções à minha antiga banda Masterplan, dentre outras referências. No geral, a capa retrata uma cidade brasileira típica. Em vez de disfarçar a brasilidade, resolvi deixar bem na cara”.
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