O Retorno dos Titãs 

Se tem uma banda com história no Brasil, que representa muito para o rock nacional, é o Titãs. Por isso a turnê Titãs Encontro tem sido tão especial.

Texto: Talita Moreira / Fotos: André Santos

Mais de 40 anos depois da formação da banda, Nando Reis, Paulo Miklos, Arnaldo Antunes, Charles Gavin, Tony Bellotto, Branco Mello e Sérgio Britto finalmente estão juntos. Muito aconteceu desde a morte do guitarrista Marcelo Fromer, em 2001, quando começou, gradativamente, o desmanche da banda. 

Todos ao Mesmo Tempo Agora

Dominando o palco, as apresentações performáticas de Paulo Miklos e Arnaldo Antunes roubam a cena, com os  inconfundíveis acordes de Tony Bellotto, que faz da guitarra um organismo vivo ao tocar riffs eternizados. 

Com um repertório que perpassa as principais fases e álbuns da banda, Titãs Encontro é uma verdadeira viagem no tempo através da discografia do grupo. As músicas “Cabeça Dinossauro” e “Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas” predominam no setlist.

Os Titãs conseguem equilibrar perfeitamente a sonoridade característica das suas gravações com a potência que só o ao vivo é capaz de oferecer, e vale ressaltar que foram reproduzidas fielmente às versões originais presentes nos discos.Nando Reis, que não dedilhava o seu contrabaixo há um bom tempo, retorna à função de baixista com o primor de quem nunca deixou o posto. 

Charles Gavin, por sua vez, entrega uma performance segura e potente, repleta de técnica e firmeza a cada batida, tornando as frases da bateria um ponto alto do show. 

Os Titãs também gritaram contra as injustiças sociais com músicas no repertório como “Miséria” e “Porrada”. Nando Reis faz um discurso político contra o ex governo e causa murmúrio na plateia, porém o show que durou duas horas e meia não escondeu o lado mais forte da banda.

Branco Mello comemorou a cura do Câncer 

Branco Mello é certamente outro destaque da turnê. Sem voz desde 2021, quando teve que retirar um tumor das cordas vocais, o vocalista usa de toda a sua disposição no palco para presentear o público com uma performance poderosa e emocionante, ao cantar cerca de seis das músicas mais conhecidas do grupo.

É incontestável a felicidade e satisfação de todos os integrantes com a turnê, com shows e coreografias vibrantes e, claro, qualidade musical inigualável. Entoando letras atemporais, o público composto por diferentes gerações viu o Allianz Parque ficar pequeno na última semana.

HOMENAGEM AO MARCELO FROMER 

A ausência do guitarrista e compositor Marcelo Fromer ainda é forte entre os integrantes da banda e os fãs, vítima fatal de atropelamento por uma motocicleta em junho de 2001. E a banda não poderia deixar um integrante tão importante de fora dessa turnê, quem assume as linhas de guitarra de Fromer é Liminha, produtor de “Cabeça Dinossauro” e vários outros álbuns consagrados na história do rock nacional. 

No momento mais intimista do show, quando os integrantes fazem a parte acústica,

Marcelo é homenageado com uma grande foto exibida nos telões. Alice Fromer, filha do guitarrista, presta tributo ao pai ao  subir no palco e cantar “Toda Cor” e “Não Vou Me Adaptar” ao lado de Arnaldo Antunes, canções compostas por Fromer.

Como não poderia faltar, ao término do terceiro set o público acendeu as lanternas dos celulares, deixando o Allianz Parque completamente iluminado para encerrar com “Sonífera ilha”, faixa 1 do disco de estreia da banda, como recordou Paulo Miklos. 

A produção do show conta com imagens em resolução 4K e tecnologia de última geração para proporcionar ao público uma aproximação ainda maior com os sete músicos. Através de um extenso setlist com mais de 30 canções, todos os integrantes da banda tem os seus momentos de protagonismo, distribuídos democraticamente ao longo de duas horas e meia de espetáculo. 

Embora não tenha sido autorizado aos fotógrafos o registro de imagens das bandas de abertura, Colomy e o Sioux 66 se apresentaram no palco do Allianz Parque antes da atração principal.

Ambas contam com integrantes que são filhos de membros dos Titãs: Sebastião Reis (violão e voz), filho de Nando Reis, toca ao lado de Pedro Lipatin (guitarra) e Eduardo Schuler (bateria) no Colomy; e Bento Mello (baixo), filho de Branco Mello, integra o Sioux 66 com Igor Godoi (vocal), Yohan Kisser (guitarra) e Gabriel Haddad (bateria).

Enquanto o Colomy é um grupo bastante novo, com o primeiro disco (“Jaú”) lançado em 2023, o Sioux 66 tem uma década de estrada e vem trabalhando mais recentemente em músicas cantadas em inglês, como o single “In Your Sight”.

Titãs – Allianz Parque – 17/06/2023

  1. Diversão
  2. Lugar nenhum
  3. Desordem
  4. Tô cansado
  5. Igreja
  6. Homem primata
  7. Estado violência
  8. O pulso
  9. Comida
  10. Jesus não tem dentes no país dos banguelas
  11. Nome aos bois
  12. Eu não sei fazer música
  13. Cabeça dinossauro

Acústico

  1. Epitáfio
  2. Os cegos do castelo
  3. Pra dizer adeus
  4. Toda cor (com Alice Fromer)
  5. Não vou me adaptar (com Alice Fromer)
  6. Ovelha negra (cover de Rita Lee; com Alice Fromer)
  1. Família
  2. Go Back
  3. É preciso saber viver (Erasmo Carlos cover)
  4. 32 dentes
  5. Flores
  6. Televisão
  7. Porrada
  8. Polícia
  9. AAUU
  10. Bichos escrotos

Bis

  1. Miséria
  2. Marvin
  3. Sonífera ilha
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About Gustavo Diakov

Idealizador disso aqui, Fotógrafo, Ex estudante de Economia, fã de música, principalmente Doom/Gothic/Symphonic/Black metal, mas as vezes escuto John Coltrane e Sampa Crew.

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