Haggard apresenta perfeita fusão entre metal e música clássica em São Paulo

Texto: Guilherme Góes / Fotos: Anderson Hildebrando (@andersonh_fotografia) , em cobertura para o Metal no Papel, gentilmente cedidas.

Grupo alemão comandou experiência musical épica e extraiu enorme energia de seus seguidores. Confira:

No último final de semana, a produtora de eventos Sobcontrole agitou o cenário underground paulistano. No sábado (10), a marca foi responsável por comandar a festa dos punks com a lendária banda Peter and the Test Tube Babies, que realizou uma apresentação visceral e emocionante na Jai Club.

Já no domingo (11), no Carioca Club, os fãs de heavy metal foram agraciados pela empresa de entretenimento com um espetáculo do renomado conjunto alemão de metal sinfônico Haggard, marcando o retorno do grupo à cidade após um hiato de 10 anos.

Formada em 1989 pelo multi-instrumentista e compositor Asis Nasseri, o Haggard começou sua trajetória como uma banda de death metal. No entanto, após algumas demos, o conjunto passou a apresentar uma proposta única, combinando elementos poderosos do metal com a grandiosidade da música sinfônica. Essa fusão resultou em um som cativante e distinto, além de enorme reconhecimento dentro do cenário da música extrema.

Um dos álbuns mais conhecidos e aclamados do grupo é “Awakening the Centuries”, lançado em 2000. Este trabalho combina peças de compositores renomados, como Vivaldi, Bach e Mozart com batidas pesadas e riffs agressivos. O resultado é uma experiência musical emocionante, onde a música clássica e o metal se entrelaçam de maneira magistral.

O evento não contou com banda de abertura, e em vez disso, uma seleção de músicas pop e indie rock foi tocada por um DJ para animar a plateia. Infelizmente, a adesão ao show não foi muito significativa, resultando em apenas um terço da capacidade do local sendo ocupado.

Poucos minutos após as 20h, as cortinas do palco se abriram, e o violoncelista Johannes Schleiermacher agradeceu aos fãs em um português impecável. Uma salva de palmas ecoou no ambiente enquanto a banda se preparava para começar o show com a deslumbrante “In a Fullmoon Procession”. Logo de cara, ficou evidente a virtuosidade e o cuidado meticuloso do conjunto, com três integrantes alternando entre vocais límpidos e harmoniosos, enquanto Asis liderava com seus guturais. Aqui, os incríveis trechos de violino se destacaram, acompanhando com precisão o solo do guitarrista Claudio Quarta.

Após a introdução triunfante, “Per aspera ad astra” trouxe certos elementos das composições de Beethoven, além de passagens de flauta doce. Em seguida, “Of a Might Divine” começou com uma extensa introdução de violino e violoncelo, seguida por batidas e riffs pesados, além de um solo de guitarra perfeitamente entrelaçado com os instrumentos clássicos. A combinação fantástica acabou contagiando a plateia, que respondeu com coros entusiasmados de “hey, hey”. Apesar do pequeno público presente, naquele momento, a sensação era de estar em um evento realizado em um grande estádio, com milhares de pessoas, devido à intensa reação dos seguidores do conjunto alemão.

Sem perder o ritmo, veio “The Sleeping Child”, com violões acústicos e teclado eletrônico alinhados à performance, assim iniciando um bloco marcado pela atmosfera medieval. A magia do século XV permeou o Carioca Club durante as músicas “La Terra Santa” e “The Hidden Sign”. Embora a ausência de trajes tradicionais da época tenha sido uma pequena falha no cenário, a energia do público não foi afetada. Para trazer uma reviravolta, “Prophecy Fulfilled” entrou em cena, combinando habilidosamente uma presença marcante da flauta com riffs rápidos e vocais guturais extremos, revelando claramente o lado mais intenso do metal do grupo.

Após a sessão épica, Asis envolveu o público em um diálogo, pedindo que todos canalizassem suas energias para “The Final Victory”, um das principais faixas do álbum “Awakening The Centuries”. A banda começou a tocar a música, mas o frontman interrompeu a execução, criticou a performance dos fãs e pediu ainda mais força. Como resposta, dezenas de pessoas começaram a aplaudir e marchar em um ritmo militar, enquanto no camarote, outros batiam nas laterais do mezanino, criando um cenário emocionante.

Depois, o grupo realizou uma pequena revisão de alguns de seus trabalhos completos, destacando músicas dos discos “Tales of Ithiria” e “Eppur Si Muove”. Para finalizar o set regular, a escolhida foi “Awakening the Centuries”, que novamente gerou grande reação do público. 

Após um breve intervalo, a banda seguiu com as faixas “Herr Manneling” e “Upon Fallen Autumn Leaves”, proporcionando um momento para a vocalista secundária Janika Groß assumir o protagonismo no palco e exibir suas habilidades vocais em falsete. Após o término das canções, Asis anunciou uma pequena surpresa para fãs, pedindo que o presente “fosse admirado como uma homenagem ao povo brasileiro, e não como uma manifestação política”. De repente, o Haggard começou a tocar o “Hino do Brasil”, gerando reações mistas: alguns acompanharam entusiasmados, enquanto outros mostraram indiferença.

Quando todos já pensavam que a apresentação estava encerrada, os músicos prosseguiram com “Eppur si muove” e “Hijo De La Luna”, com Janika novamente mostrando vocais agudos intensos, encerrando com chave de ouro a noite épica.

Ao longo de mais de duas horas, a notável fusão entre o metal e os elementos sinfônicos, aliada à variedade de instrumentos clássicos, proporcionou uma experiência musical de profundidade incomparável. O Haggard superou todas as dificuldades e entregou um espetáculo verdadeiramente épico. Mesmo diante de um público reduzido, Asis e seus companheiros foram capazes de extrair o máximo de energia de seus seguidores, criando um cenário fantástico e imponente que transcendia as limitações físicas. A dedicação e o talento da banda transformaram uma apresentação em uma experiência grandiosa e inesquecível.

Haggard – Jai Club – 11/06/2023

In a Fullmoon Procession
Per aspera ad astra
Of a Might Divine
The Sleeping Child
La Terra Santa
The Hidden Sign
Prophecy Fulfilled
In a Pale Moon’s Shadow
Heavenly Damnation / The Final Victory
Tales of Ithiria
The Observer
Awaking the Centuries
Seven From Afar

Bis
Herr Manneling
Upon Fallen Autumn Leaves
Hino Nacional
Eppur si muove
Hijo de la Luna

Nos sigam e deêm um like na gente \m/
error
fb-share-icon

About Gustavo Diakov

Idealizador disso aqui, Fotógrafo, Ex estudante de Economia, fã de música, principalmente Doom/Gothic/Symphonic/Black metal, mas as vezes escuto John Coltrane e Sampa Crew.

View all posts by Gustavo Diakov →

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *