Texto: Talita Moreira / Fotos: Gustavo Diakov
O evento que reúne o melhor do Blues e do Rock comemora 10 anos e trouxe para a festa diversos artistas renomados tais como Ira!, Dead Fish, Tom Morello, Extreme, Steve Vai, Goo Goo Dolls e Buddy Guy
Histórico
O festival teve seu início em 2013 e marcou sua história pelo ineditismo de conectar gêneros como Blues, Rock e Jazz. Ao longo de sua trajetória apoiou à música, trazendo para seus palcos artistas nacionais e internacionais. O Best of Blues and Rock é um resgate ao legado cultural e às raízes do gênero musical que transformou o mundo da música e permanece influenciando outros gêneros como Jazz, Pop, Hip Hop, Rock e R&B. Nessa última década já passaram pelo palco do festival, artistas icônicos e referências globais como Buddy Guy (que retornou com sua “Damn Right Farewell Tour” em 2023), Zakk Wylde, Kenny Wayne Shepherd, Tom Morello, John 5, Keb’Mo’, Quinn Sullivan, Richie Sambora, Joe Satriani, Jamie Cullum, George Benson, Jimmie Vaughan, Charlie Musselwhite, Ben Harper, e Joe Perry; e artistas nacionais como: Ari Borger, Artur Menezes, Irmandade do Blues, Igor Prado, Andreas Kisser, Di Ferrero, Cacá Magalhães, Francisco El Hombre, Vitor Kley, Orquestra Jazz Sinfônica, Yohan Kisser, Cara do Metal, Lan Lanh e outros.
O Blues e o Rock
Quem esteve no Parque Ibirapuera nesse final de semana, não ficou um minuto parado, pois o festival Beste Of Blues and Rock teve seu início na sexta-feira, 2 de junho às 15h.
A primeira a se apresentar e abrir o festival foi a brasileira Nanda Moura. Com o seu blues, chapéu e seu talento impecável, foi acompanhada de músicos do histórico grupo Blues Etílicos: Otávio Rocha (guitarra), César Lago (baixo) e Gil Eduardo (bateria). Nanda interagiu pouco com o público, porém fez geral dançar ao som do blues tradicional.
Logo em seguida a banda Malvada entrou no palco, formada somente por mulheres, é uma novidade bem-vinda no rock nacional, com apenas três anos de existência, fez um show de arrepiar, além de músicas autorais como “A Noite Vai Ferver” e “Perfeito Imperfeito” trouxeram covers como Jimi Hendrix e Janis Joplin. A Malvada mesclou muito bem a sua setlist com músicas autorais e covers, chamando a atenção de quem não as conheciam. A Banda também fez homenagem para a rainha do rock Rita Lee com “Esse tal de Roque Enrow”
E chegou a vez da banda Extreme subir no palco. Nuno Bettencourt um dos melhores guitarristas do mundo mesmo com o joelho ainda machucado, esquentou o comecinho da noite com os incríveis solos de guitarra e tocou grandes sucessos como “Six” e “Rise”, que apesar de lançadas recentemente os fãs apreciaram lindamente, e claro, não poderia ficar de fora o grande sucesso “More Than Words” com a plateia vibrando e cantando alto, foi um dos momentos mais vibrantes do show. E para finalizar o Extreme chamou ao palco o guitarrista brasileiro Mateus Asato, juntos tocaram “Get the Funk Out”. É inegável a energia da banda no palco.
Para encerrar a primeira noite do festival, o guitarrista Tom Morello apresentou diversas músicas. Famoso por integrar o Rage Against The Machine e Audioslave, o músico apresentou suas canções autorais. O feat. Com Maneskin na faixa “Gossip” esteve no setlist. Tom disse que
esse show é pelo amor, paz, igualdade, rock n’ roll e contra o fascismo. E Fez um medley de canções do Rage Against The Machine, “Bombtrack”, “Bulls On Parade”, “Guerrilla Radio” Jimi Hendrix foi mais uma vez homenageado e ganhou uma versão instrumental de “Voodoo Child”. Falando em homenagens, mais uma vez a emoção tomou conta do público. Tom Morello dedicou “Like A Stone” em homenagem ao ex-vocalista Chris Cornell. Com um show repleto de surpresas a maior foi quando o Morello convidou o Gary Cherone e o Nuno Bettencourt para participar da música “Cochise”, um clássico do Audioslave. Gary interpretou os vocais enquanto Nuno tocava e ajudava nos backing vocals. Os três foram ovacionados, e não era para menos, um encontro que deixou sua marca no festival. Outro grande momento, foi quando Morello pediu para que todos cantassem o hino “Killing In The Name” do Rage Against The Machine. Foi com certeza o momento mais forte do show, pensamos que seria a última música do guitarrista, mas ele tirou da manga e encerrou com chave de ouro, com o Extreme e Steve Vai finalizando o show tocando “Power To People” do John Lennon.
Segundo dia de festival seguiu com grande público e shows impecáveis
No segundo dia de festival, sábado, foi notável um público mais numeroso do que o da sexta- feira.
A banda Dead Fish, um dos maiores nomes do hardcore no Brasil, abriu o segundo dia de festival. O sol forte não espantou o público, o grupo que já tem mais de 30 anos de estrada. A energia icônica da banda, mas especialmente do vocalista Rodrigo Lima não deixou ninguém parado.
O guitarrista cearense Artur Menezes, com o seu carisma, foi o segundo a se apresentar na tarde de sábado. Do Rock ao Blues, o guitarrista agradou bastante o público que estava presente. O destaque da apresentação foi o novo single “She Cold” e “Northeast”, que cruza baião, blues e rock, o som que puxa para a essência do músico que nasceu no Ceará mas que mora há 7 anos em Los Angeles.
Em seguida a The Nu Blu Band fez um show impecável. A filha do Buddy Guy, Carlise Guy, executou clássicos do blues, com muito improviso e charme. O grupo tocou versões de “Feeling Good” (Nina Simone) e “Sex Machine” (James Brown) que fizeram o público de roqueiro dançar muito.
Depois de dançar muito com o blues da Carlise Guy, o público aguardou ansiosamente o guitarrista Steve Vai. O Steve, sempre bem acompanhado, com o talentoso Dave Weiner no teclado e guitarra, o baixo de Philip Bynoe e o bateria de Jeremy Colson dominaram muito bem o palco. Em meio a riffs que marcaram a trajetória de Steve Vai, no repertório esteve “Avalanch” e um solo de bateria de Jeremy Colson, de arrepiar. Foi um show que agradou até mesmo quem não conhecia a levada do Steve Vai, monstruoso.
As 20:30h o maior do Blues entrou no palco, Buddy Guy, muito carismático, conquistou o público logo no começo do show. O guitarrista está com a turnê de despedida dos palcos e claro, não poderia deixar de estar na décima edição do Best Of Blues And Rock, já que esteve em 2013 na estreia do festival. O repertório do Buddy contou com “Take Me to the River”, “Rock Me Baby”. Guy além de ser um guitarrista incrível, tem uma voz inconfundível. Aos 86 anos arrancou elogios do público com o seu timbre em dia. Com bom humor e solos, um dos destaques da noite foi quando o músico tocou “How Blue Can You Get”. Buddy em um instante conversou com o público sobre a importância do Blues e citou Jimi Hendrix. Ao final do show, Buddy chamou a sua filha Carlise e seu filho Greg para uma participação especial e histórica, assim encerrando a noite de sábado no festival.
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Em tarde agradável, Best of Blues encerra sua décima edição
Domingo, terceiro e último dia do Best Of Blues and Rock. Após dois dias de festival, o final de semana cheio de sol, rock e blues estava chegando ao final. Mas ainda havia muita expectativa para o encerramento, afinal uma década não são dez dias.
A primeira a se apresentar no domingo foi a cantora Day Limns, revelada pelo programa The Voice, que mostrou grande experiência no palco. Interagindo bastante com a platéia, que por sinal
eram fãs muito engajados com balões e cartazes. Um dos destaques do show foi quando a cantora desabafou sobre a importância do momento dizendo “Meu pai faleceu faz dois anos. Ele era muito roqueiro e não teve a oportunidade de ver meu primeiro disco”, ela declarou. “Quero dedicar este show a ele.” E mais uma vez a ícone do rock Rita Lee foi homenageada, Day cantou “mania de você”.
A banda Ira! Se apresentou as 15:20h, muito sol e muito rock no palco, a consagrada banda fez o público pular e cantar grandes clássicos como “Dias de Luta” e “Tarde Vazia” O que não faltou foram homenagens, a Rita Lee mais uma vez homenageada com “Ando Meio Desligado”, (Os Mutantes), um cover de Jimi Hendrix e também uma surpresa, o vocalista chama ao palco para fazer uma participação a cantora Day Limns e juntos cantaram “Eu Quero Sempre Mais”.
Certamente um dos momentos mais aguardados pelo público era a banda norte-americana Goo Goo Dolls, com músicas curtas animou a plateia e fez todo mundo cantar junto. O vocalista John Rzeznik e o baixista Robby Takac ficaram muito sorridentes fazendo um show inesquecível. No setlist estavam músicas como “Slide”, “Better Days” e “Name”. Quando o John Rzeznik pegou o violão o público já sabia que o grande espetáculo chegaria, a famosa canção “Iris”, tema do filme “cidade dos anjos” fez o público cantar em uma só voz alto e vibrante cada trecho da música, show épico.
E chegando ao fim do Best of Blues and Rock, Tom Morello e Buddy Guy reprisaram seus shows de sexta e sábado, mas quem os assistiu percebeu algumas modificações. O Buddy Guy marcado pelos seus improvisos no Blues, com músicas dançantes e muito carismático, brincou com a guitarra fazendo riffs em sua barriga e disse “se deixarem eu toco a noite toda” E ainda houve homenagem novamente para o Jimi Hendrix com “Voodoo Child” e chamou ao palco os filhos Carlise e Greg para uma versão de Little by LIttle. Momento surpresa, o Tom Morello é chamado pelo Guy no palco. Morello entrou solando umas das músicas do Guy. Guy se despediu do palco acenando para o público.
Já o Tom Morello, continuou no palco para fazer o encerramento do festival. Conversou com o público e disse “Obrigado pelo apoio a todas as minhas bandas ao longo dos anos”, Morello repetiu a brincadeira de fazer todos se agacharem e pularem juntos ao tocar “World Wide Rebel Songs”. Assim como o Guy, o Tom se diverte no palco, fazendo assim o público também sorrir. E claro, o Tom deixou sua mensagem tocando o clássico de Rage Against the Machine “Killing in the Name” e o hino de John Lennon Power to the” People” do jeito que só ele sabe fazer.
Confira abaixo mais fotos das apresentações de Buddy Guy e Tom Morello:
A experiência
O festival com seus dez anos não deixou a desejar, houve alguns atrasos, mas nada que o espetáculo de cada show não pode suprir, a estrutura e a iluminação do palco estavam impecáveis, um show à parte foi o belo telão que chamava atenção de quem estava de fora do evento. Apesar do sol escaldante, o pessoal presente não deixou de curtir um segundo. Havia muitos food-trucks com cadeirinhas para o público aproveitar da melhor maneira possível.
O desrespeito com a imprensa
Para a imprensa, foi separado um espaço para a coletiva dos artistas e uma sala para todos, fomos pegos de surpresa por saber que só poderíamos fotografar do meio do público, longe do palco captamos o melhor do festival.
Era nítido que a escolha que deixar os fotógrafos a mais de 50 metros de distancia do palco foi uma escolha da produtora, e não de todos os artistas (inclusive os nacionais) conforme haviam falado, levando em conta que a área que seria destinada aos profissionais de imprensa (Pit) estavam a disposição de videomakers, fotógrafos da produtora, e alguns Influencers que filmavam e registravam tudo de seus celulares.
O Beste Of Blues and Rock já deixa saudade.