Depeche Mode Experience BR: Evento em tributo à banda inglesa aqueceu corações dos fãs em São Paulo

Fotos: Isis Trindade / Texto: Heverton Souza

Primeiramente, é válido dizer que cobrir shows de bandas covers é incomum e isso é justificável. Uma banda é normalmente tida como banda tributo, quando ela se apresenta com um show de um artista fora de atividade ou em um formato temático que não representa mais o que o nome original ainda possa estar levando aos palcos, como um show antigo ou de aniversário de um disco específico.

Nenhum dos casos acima se aplica ao que ocorreu na noite do sábado, 27 de maio, na Audio, casa de eventos localizada na zona oeste da Capital Paulista. 

Mas por que ignorar tudo que essa noite traria, sendo que tínhamos a chance de presenciar e trazer a vocês um resumo do que foi o evento, principalmente a quem é fã do Depeche Mode e não esteve ali presente?

A noite em tributo ao hoje duo formado por Martin L. Gore e Dave Gahan não focaram apenas na carreira dos ingleses, o que para alguns foi menos interessante e para tantos outros, uma noite mais diversificada e divertida, sempre tomada por boa música. DJs, por exemplo, donos das missões de não permitir que a galera esfriasse entre um show e outro, não ficaram tocando apenas DM, mas sim grandes clássicos das pistas oitentistas, deixando toda a festa num clima bastante retrô. 

Por volta das 22h, o power trio Der Baum tomou o palco com muita identidade visual e uma sonoridade que passeia entre o synthpop, post punk, new wave, e músicas que iam do português ao inglês sem pudor algum. Músicas como “Party” nos faziam se sentir num show que combinava B-52s com Devo, “Veronika Robótika” era como se Sonic Youth e a banda Metrô se encontrassem para uma jam. E como apenas 3 figuras: Fernanda Gamarano, Cesar Neves, e Ian Veiga, conseguem fazer um som tão cheio e preenchido quando dominam sua música, hein!?!? Aliás, impossível não destacar a performance de Cesar, que além da versatilidade de também tocar baixo e fazer os backing vocals, toca bateria como pegada o tempo todo, deixando o show da banda bem vigoroso. Já os “front(wo)men” Fernanda e Ian, se dividem muito bem nos vocais principais e nas funções de guitarra e sintetizadores respectivamente, mas apesar do visual estiloso e extravagante, ambos pareciam tímidos, o que combinou muito com a melhor música do show “Don’t Wake Me Now”, com uma pegada Joy Division de encher os olhos. Ian ainda aproveitou os últimos momentos da apresentação para se jogar em meio aos presentes na frente do palco, enquanto cantava “We Are”. Com certeza a apresentação do Der Baum deve soar ainda melhor em um palco menor e clima mais intimista, mas deram conta do recado de aquecer o público que vinha chegando. 

Poucos minutos passados das 23h, já era possível ouvir o som do teclado de Beto dando início à apresentação do Technique. Já há mais de dez anos representando o synthpop brasileiro, o trio formado já era conhecido de uma parte do público, mas quem não conhecia, gostou do que viu, afinal, synthpop é uma das vertentes do Depeche Mode, que marcou justamente a fase inicial da banda ainda no início dos anos 1980. Então para Beto (teclado), Marcio (bateria) e Alex (vocal) se apresentarem para os presentes, que iam chegando cada vez mais, era jogo ganho.

Além de suas composições próprias, como “Trapped”, “Connected” e Left Behind”, faixas do mais recente álbum “Connected”, de 2018, ainda tivemos “So Cold”, lá do primeiro disco dos caras, o “Memorizer” (2012), música nova (sem nome revelado) e os tradicionais covers, como “True Faith” do New Order, “The Great Commandment”, do Camouflage e, para alegria de todo o público, “Going Backwards”, som da banda inglesa, parte do álbum “Spirit”, de 2017.

A curiosidade era grande pela apresentação dos argentinos da Depeche Mode Experience. Poucos presentes já tiveram a oportunidade de assistir à banda antes dessa noite, uma maioria absoluta só conhecia a banda pelo que viu no YouTube e ainda tinham os mais desavisados alienados que achavam que aquele seria um show do Depeche Mode original.
Mas é fato que às 0h20, as cerca de 1.500 presentes entre pista, mezanino e camarotes da Audio, começam a cantar e dançar com “A Question of Time”. Uma das faixas do álbum “Black Celebration”, de 1986. E assim, começou a parte DM da noite com Guillermo Gardeazabal (bateria), Urkel (teclado e guitarra), Gabriel Stanizzo (teclado), Ignacio Bolivar (guitarra e vocal), e Steve Bryan (vocal).

O show dos argentinos, visualmente remete ao DM atual e musicalmente, viaja por todas as fases da banda, principalmente através de seus singles. Comparar músico cover com o original talvez não seja mesmo sensato, mas é inevitável nesses casos e o fato é que a dupla Bryan e Ignacio desempenham muito bem os papéis da duo Gahan e Gore, seja cantando/tocando ou por toda performance de Bryan, que se movimenta como o Dave, o que certamente exige um preparo físico em dia para tanto. Porém, não pense que os demais músicos são meros coadjuvantes, afinal, se a banda não toca em constantes backing tracks (algo como um playback, mas que se toca junto), os demais músicos têm papéis muito relevantes e é impossível não destacar a performance do baterista Guillermo, tanto pela pegada quanto pela precisão. Vale destacar do show as músicas com maiores reações do público, como ‘It’s no Good”, “Enjoy the Silence”, “Strangelove” (que aqui foi executada com inspiração na original, diferentemente da versão acústica que o DM apresentou no Brasil em 2018), “Never Let Me Down Again”, “Just Can’t Get Enough”, e para fãs mais raízes, “Useless”, “Barrel of a Gun”, “Policy of Truth”, “Precious”, “Ghosts Again”, “Wrong” e “Walking in My Shoes”. Ah, claro, e vale também citar os emotivos momentos Martin Gore do show, como “Question of Lust” e “Home”.

E para onde se olhava, se viam rostos felizes com o evento e nem mesmo algumas escorregadas do quinteto tomaram atenção ao ponto de serem mais relevantes que tudo de positivo que a banda nos trazia. O final com o clássico “Personal Jesus” foi uma ótima opção para encerrar toda uma noite que nos mostrou a qualidade de nossas bandas autorais e o empenho de quem quer fazer um cover fiel à uma banda original.

E tenho certeza que se um dia fizerem um show temático, de uma fase específica do DM ou de aniversário de algum disco, vamos ter uma apresentação com mais cara de tributo e com toda fidelidade possível até mesmo nas roupas.

Mas uma coisa é certa, todos saíram da Audio com um gostinho de quero mais, mas que agora seja também da original e logo.

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About Gustavo Diakov

Idealizador disso aqui, Fotógrafo, Ex estudante de Economia, fã de música, principalmente Doom/Gothic/Symphonic/Black metal, mas as vezes escuto John Coltrane e Sampa Crew.

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2 Comments on “Depeche Mode Experience BR: Evento em tributo à banda inglesa aqueceu corações dos fãs em São Paulo”

  1. Foi surreal! Amei cada minutinho! Banda maravilhosa! O Ignácio Bolívar é uma pessoa incrível e de um talento único. Amei e quero mais!

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