Hibria retorna a cidade de São Paulo e apresenta “Me7amorphosis”

Após atraso de um ano, a banda gaúcha finalmente subiu ao palco da Fabrique para apresentar as músicas de seu álbum inédito e nova formação, em um evento que contou com a abertura de Alluria e Operador, dois nomes que têm ganhado destaque no cenário do metal independente. Confira:

Texto: Guilherme Goes / Fotos: Tamires Lopes

Se março foi um mês inesquecível para os fãs paulistanos de power metal, com shows incríveis de representantes de peso do estilo como Angra, Viper e Sonata Arctica, abril deu continuidade à farra e começou com o pé direito! No último sábado (1), a banda gaúcha Hibria retornou a cidade para finalmente apresentar  “Me7amorphosis“, seu disco completo mais recente, lançado em fevereiro de 2022. O evento aconteceu na Fabrique Club, e contou com a abertura dos grupos Alluria e Operador. 

Conhecida como uma das principais representantes do metal da região sul do Brasil, Hibria surgiu em Porto Alegre, Rio Grande do Sul em 1996. Embora o grupo não tenha atingido grande popularidade no cenário nacional, a banda é altamente respeitada na Ásia, especialmente no Japão, onde lota casas de shows de renome e participa dos principais festivais de metal do país, incluindo o Loud Park. O conjunto também é notório por sua relação com a cena otaku, frequentemente se apresentando em eventos de anime.

Atualmente, os gaúchos seguem divulgando seu sétimo álbum de estúdio, “Me7amorphosis“, que marca uma reformulação quase completa no lineup com a entrada dos novos integrantes Victor Emeka nos vocais, Otávio Quiroga na bateria, Bruno Godinho na guitarra e Thiago Baumgarten no baixo. O disco apresenta também novas influências com passagens de breakdowns e pick-ups, além de composições com letras de cunho político e questões sentimentais, que saem um pouco da temática fantasiosa que foi explorada durante décadas pela banda, o guitarrista Abel Camargo comenta:

“Esse novo trabalho é sobre transformação. Sobre como lidar com desafios, aprender com eles, superar obstáculos e seguir em frente. Cada um de nós cinco deu o melhor de si para que esse disco atingisse um nível de excelência, que orgulhasse não somente nós mesmos, mas também todos aqueles que nos acompanham nessa jornada de mais de 25 anos”.

Alluria, banda paulistana em ascensão na cena metal independente, iniciou o evento com energia, exibindo uma proposta ousada: unir influências instrumentais de hardcore/metalcore a um estilo de vocal voltado ao heavy metal Old School. O grupo tocou praticamente na íntegra seu excelente álbum de estreia, “Invisible War”, lançado no final de 2021. Durante o primeiro bloco do set, destaque para a execução das faixas “Purifying Flames Of Death”, que misturou uma batida hardcore com bases eletrônicas e vocais limpos e guturais, “A Sign Of Darkness”, single furioso repleto de guitarras breakdowns que agitou a galera no mosh, e “Find My Force”, onde as influências de heavy metal raiz do vocalista Rick Monteiro se sobressaíram em meio aos riffs compactos com base new metal. Em “Burning Sun”, Tom Zynski, vocalista da It’s All Red, fez uma breve participação. Surpreendendo a plateia, eles também apresentaram uma brilhante versão metalcore de “Diamonds”, da cantora Rihanna. Para finalizar o set, os rapazes voltaram ao disco completo com as músicas “Circle Of Life”, “Call of Conscience” e “Chasing Redemption”, esta última causando grande empolgação na pequena parcela de fãs, que resolveram iniciar um “wall of death” na pista. Os membros da Alluria, apesar de sua pouca idade, mostraram excelência na postura de palco. Além disso, o conjunto destaca uma sonoridade criativa e moderna. Com certeza, um nome extremamente promissor dentro do cenário atual do metal extremo.

Setlist

Purifying Flames Of Death
A Sign Of Darkness
Find My Force
Black Sun
Burning Light
Diamonds (Rihanna Cover)
Circle Of Life
Call Of Conscience
Chasing Redemption

Na sequência, subiu ao palco uma das bandas mais excêntricas da atualidade: Operador, um conjunto de comedy metal cujas composições narram histórias sobre trabalhos em Call Centers. Apesar da proposta irônica, o grupo é formado por músicos talentosos e profissionais, que foram capazes de executar com perfeição os diferentes estilos de metal presentes no álbum “Conexão Call Center” durante o set. Em “Falsos Clientes”, destacaram-se passagens de grindcore e thrash metal, enquanto em “Legião de Operadores”, riffs e batidas mais lentas remeteram ao heavy metal Old School.

Contudo, o grande destaque da apresentação foi a performance do vocalista Marcelo Zady, que tentava interpretar as letras de cada música com danças, caretas e movimentos engraçados e espalhafatosos. Antes de iniciar “Guerreiros da Central”, faixa mais hardcore com breakdowns e batidas stomp, o cantor errou o nome do local do show (agradeceu o público da Audio, sendo que o show estava acontecendo na Fabrique). Ao perceber a risada da plateia, ele comentou: “Essa é a vida do trabalhador de Call Center… isso acaba com sua saúde mental”. Operador fez um show marcado por profissionalismo, humor, proposta original, música de qualidade e presença de palco dominante. Quem esperava que a banda não fosse séria devido à sua mensagem irônica certamente acabou sendo surpreendido.

Setlist

Intro
Falsos Clientes
Compre Esse Seguro
Legião de Operadores
Forças Preditivas
Guerreiros da Central
Perdi o Fretado
A Força da Minha Liberdade
Supervisão
Mais de 100 chamadas

Após o encerramento do set do Operador, foi possível notar a baixa presença do público. Infelizmente, a apresentação não conseguiu atrair uma grande quantidade de pessoas, resultando em uma pista principal que estava somente um terço preenchida. Logo após as 19h, os integrantes da Hibria subiram ao palco para encerrar a noite. Eles iniciaram com toda a energia, apresentando de cara “Shoot Me Down”, que é uma das faixas mais destacadas do álbum “Blind Ride”. Os novos membros tocaram de forma impecável, executando as viradas e tappings complexos no contrabaixo com precisão. Já o vocalista Victor mostrou que foi uma excelente escolha para ser o novo frontman, atingindo notas altas com a potência de sua voz. Continuando, veio “Silent Revenge”, permitindo ao baterista Otávio se destacar ao mandar a introdução de viradas rápidas e agressivas. 

Ao término do primeiro bloco, Victor expressou sua gratidão aos fãs pela presença e aproveitou para comentar um pouco sobre o processo de gravação do álbum “Me7amorphosis” e a nova formação. Em seguida, Rick Monteiro, da Alluria, apareceu no palco para uma participação especial em “Blinded by Faith”, modificando a faixa original com seus berros guturais. Depois, a banda continuou com “War Cry”, a música de abertura do novo álbum. Aqui, o cantor tentou incentivar a participação da plateia ao máximo com um coro de guerra empolgante. Em ritmo de “show comemorativo”, os gaúchos decidiram chamar mais uma atração especial: Leandro Caçoilo, o novo vocalista do lendário Viper, que dividiu os vocais com Victor na faixa quase hard rock “Steel Lord on Wheels”.

Antes de “Leading Lady”, música do EP “XX”, Abel Camargo, guitarrista e único integrante original do Hibria, fez um discurso emocionante, relembrando a trajetória do conjunto e compartilhando histórias de dificuldades enfrentadas durante turnês. Além disso, ele aproveitou para elogiar novas bandas do cenário, destacando a importância de apoiar e fortalecer a cena musical. Em seguida, o grupo decidiu encerrar a noite com chave de ouro ao passar por diferentes fases dos quase 30 anos de carreira com as músicas “I Am So Lonely”, presente no novo disco, “Shine“, primeiro single da nova formação e “Tiger Punch”, maior sucesso do quinteto de power metal.

Apesar da baixa adesão de público, o Hibria proporcionou um show de alta qualidade, repleto de profissionalismo e técnica refinada. Foi uma excelente oportunidade para que os fiéis fãs da banda em São Paulo pudessem finalmente conferir a nova formação ao vivo e apreciar as músicas do recém-lançado álbum. Vale ressaltar a excelente seleção para atrações de abertura, que apresentaram propostas bastante originais. Apesar de o metal não ser um gênero popular no Brasil, sua força e base de seguidores verdadeiramente dedicados permanecem inabaláveis.

Setlist (obs: esse setlist pode está errado, pois não foi possível compreender a caligrafia em algumas partes. Além disso, houve uma anotação confusa com algum termo interno da banda)

Shoot Me Down
Silent Revenge
Blinded by Faith
War Cry
Steel Lord on Wheels
Millenium Quest
Leading Lady
I Am So Lonely
Shine
Tiger Punch

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About Gustavo Diakov

Idealizador disso aqui, Fotógrafo, Ex estudante de Economia, fã de música, principalmente Doom/Gothic/Symphonic/Black metal, mas as vezes escuto John Coltrane e Sampa Crew.

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