O mundo do rock foi surpreendido nesta semana com o anúncio da reunião do Rush para uma série de apresentações em 2026. A lendária banda canadense retorna aos palcos com Geddy Lee e Alex Lifeson, acompanhados da baterista alemã Anika Nilles, que assumirá o posto deixado por Neil Peart, falecido em 2020. Outros músicos que integrarão a formação ainda serão revelados.
A decisão de voltar aos palcos, segundo Lee e Lifeson, surgiu naturalmente após anos afastados da rotina de shows. Durante uma conversa no Foster Theater, no Rock & Roll Hall of Fame, em Cleveland, os dois músicos relembraram o fim da turnê R40 (2015) e revelaram que o retorno é fruto de um reencontro gradual com a própria música.
“Quando encerramos a turnê, foi muito difícil para o Neil, e ele sentiu que havia chegado ao limite”, contou Lifeson. “O Geddy e eu ainda tínhamos energia e vontade de continuar, mas, com o tempo, aceitei que havíamos construído um legado de 40 anos. Achei que era o suficiente. Só que, quando voltamos a tocar juntos, percebi o quanto sentia falta daquilo. Redescobrir a complexidade e o desafio das músicas do Rush foi algo empolgante. Isso reacendeu o desejo de tocar.”
Para Geddy Lee, o processo foi igualmente emocional.
“Perder o Neil foi devastador. Durante muito tempo, não cogitamos voltar. Era impensável substituir alguém insubstituível. Mas, nos últimos anos, voltamos a tocar por diversão — sem compromisso. Um dia, começamos a tocar algumas músicas do Rush no estúdio, e parecia que as nuvens escuras estavam se dissipando. Foi libertador. E, aos poucos, a ideia de retornar começou a fazer sentido.”
Anika Nilles assume a bateria
A entrada da baterista Anika Nilles representa um novo capítulo na história do Rush. Segundo Lee, a escolha aconteceu de forma discreta e experimental.
“Meu técnico de baixo, Skully [John McIntosh], trabalhou com o Jeff Beck e falava muito sobre o talento da Anika. Fui pesquisar e fiquei impressionado. Mostrei para o Alex, e decidimos convidá-la para tocar conosco no Canadá — sem nenhuma pressão, apenas para ver como seria”, explicou.
A experiência deu certo. “Ela é fantástica. Já fizemos várias sessões juntos e decidimos seguir em frente com ela na bateria”, afirmou Lee. “Anika é muito mais jovem do que nós e se aproximou da música do Rush sem preconceitos. Isso foi inspirador, mas também desafiador — tivemos que trabalhar nuances e sutilezas para capturar o espírito do Neil. Muitos conseguem tocar seus fills, mas reproduzir o feeling das músicas exige sensibilidade. E ela está conquistando isso.”
O retorno do Rush promete unir nostalgia e renovação, celebrando o legado de cinco décadas da banda enquanto apresenta uma nova fase.
“Depois de tudo o que vivemos, parece o momento certo”, concluiu Geddy Lee. “Vamos fazer isso do jeito que sempre fizemos: com o coração.”