CORONER: A PLENITUDE DO THRASH METAL PROGRESSIVO

O trio suíço retornou ao Brasil depois de 10 anos para uma apresentação única na cidade de Santo André, fazendo uma viagem nostálgica pela sua discografia, tocando inclusive músicas inéditas do novo álbum que será lançado em outubro. Quem pode ir, desfrutou de um show de musicalidade e técnica apurada sem abrir mão da emoção, algo que se espera do Coroner.

Texto por Mateus Marcatto e Fotos gentilmente cedidas por @jzpressassessoria e @metalnalata

UM DOMINGO AGITADO NO CALENDÁRIO DE SHOWS

Março foi um mês cheio atrações, tivemos o polêmico show do Dark Funeral no VIP Station, Desaster e Sodom no festival Março Maldito, mas o último domingo (30) foi um dia bem agitado em São Paulo, pois no mesmo dia também haveria os shows do Tool e Sepultura no Lollapalooza. E na Barra Funda, tava rolando a missa de “doomingo” do Pentagram, banda que viralizou por conta memes feitos com o vocalista Bobby Liebling. E mesmo com tudo isso rolando, os fãs de Coroner, vindo de diversas regiões de São Paulo já deram as caras cedo no Santo Rock, em Santo André. Na fila, pode-se ver fãs mais velhos com os discos da banda, na esperança de conseguir os valiosos autógrafos, assim como fãs mais jovens que demonstravam ansiedade em ver a banda favorita pela primeira vez na vida, e já buscavam comprar os merchs da banda logo na entrada da casa.

 

ABERTURAS DE SHOW COERENTES, COM BANDAS VETERANAS E TRADICIONAS

Perto das 18h, a pista já estava bem movimentada e o palco estava pronto para primeira banda da noite. Alguns preferiam sentar nas inúmeras mesas pra ter um melhor conforto, enquanto os mais dispostos já aguardavam na frente do palco pra curtir uma experiência mais intensa, a pouco menos de três metros dos amplificadores valvulados de guitarra. 

A banda paulista Genocídio abriu os trabalhos trazendo seu Death Metal cru e cheio de raiva, que fazem com maestria desde 1987. A discografia extensa com 9 álbuns de estúdio, garantiu uma mescla de estilos extremos e uma apresentação diferenciada do que costumamos ver. Músicas como “Synthetic Screams” e “Kill Brazil”  exibem uma brutalidade sonora em ritmo frenético, em contraste com a interessante “The Sole Kingdom Of My Own” , que apesar de cadenciada não deixa o peso de lado, é até sobrou espaço pra um cover do Venom, “Countess Bathory“. 

O Torture Squad – que despensa apresentações desse que vos escreve- subiu ao palco pontualmente 19h, e sem muita cerimônia começaram com “Murder Of A God”, num entusiasmo evidente. Após uma sequência ininterrupta com “Area 51” e “Buried Alive”, May toma frente agradecendo o público e destacando o quão importante era aquele show para a banda, se tratando de Coroner, que é uma das maiores influência para o Torture Squad, se não, a maior. Nesse show um pequena roda de bate cabeça se fez aos sons inevitáveis de “Horror and Torture”, “The Unholy Spell” e “Pull The Trigger”. Amílcar faz um pequeno discurso novamente destacando a importância daquela noite. – Um sonho foda realizado – nas palavras do mesmo. Ele se posiciona na bateria e dá uma aula de bateria extrema, fazendo um solo digno de um “Neil Peart do Death Metal”, emendando no groove que introduz Raise Your Horns” .

Ao final do show, novamente a banda saúda os fãs e dedicam a apresentação em memória ao falecido ex-guitarrista e fundador do TS, Cristiano Fusco.

 

O SHOW DA NOITE COM OS PIONEIROS DO THRASH METAL PROGRESSIVO 

Já era 20h20 quando os músicos subiram ao palco sendo aplaudidos e ovacionados pelos fãs animados. “Golden Cashmere Sleeper, Part 1” abriu o set num ritmo cadenciado, quase como se fosse um aquecimento pra banda, – Uma abordagem de show quase num ritmo de Jazz Band. Essa música é exclusiva da coletânea de “Coroner” (1995), sendo que a parte 2 da música é instrumental e não foi tocada. “Internal Conflicts” arrancou os primeiros gritos da plateia e já proporcionou uma dinâmica mais acalourada ao show, que só se intensificou com a clássica“Divine Step (Conspectu Mortis)”. O interlúdio etéreo deu destaque ao músico Daniel Stössel, que acompanha a banda nos shows ao vivo tocando teclado com samples e fazendo backing vocals. Ron Broder saúda o público em português:  – “Boa noite Brasil, tudo bem?” 

Isso já foi o suficiente pra ganhar o público que já estava entregue. – “Nós temos músicas de todos os nossos álbuns para vocês esta noite.” E enquanto Ron falava com o público, o baterista Diego Rapacchietti e um roadie tentavam solucionar um problema em um microfone da bateria, que mais tarde no show iria causar ainda mais problemas ao músico. Ron e a banda dão seguimento ao show com a sorrateira “Serpent Moves”. 

O TRIO ENTRA EM CENA E APRESENTA UM REPERTÓRIO CHEIO CLÁSSICOS, TOCADOS COM MAESTRIA.

O setlist realmente passou por todas as fases da banda desde o álbum R.I.P. (1987), até o“Grin” (1993), sendo que esse foi o que teve mais músicas tocadas, 4 no total, não ficando de fora também alguns hits do aclamado “Mental Vortex” (1991). “Sacrificial Lamb” é um inédita que faz parte do novo álbum que está por vir em outubro, para a alegria dos fãs, que ficaram ainda mais extasiados quando foi anunciada “Semtex Revolution”. Chega a impressionar a disposição e performance dos músicos, principalmente de Ron que canta e toca linhas complexas de contrabaixo, óbvio que seu vocal já é mais amadurecido e menos gritado, afinal o musico já tem 60 anos. 

Ao final de “Tunnel Of Pain”, Tommy indica algo sobre a bateria para Diego, que estava visivelmente furioso com um microfone de caixa que o estava atrapalhando. O público começa a entoar “Coroner” até que guitarrista dá os primeiros riffs de “Status: Still Thinking” , que é cheia de grooves, acentos, mudanças de tempo e viradas mirabolantes na bateria, que emendam num solo ao final da música e mostrando que apesar da situação o bateristas italiano é excepcionalmente habilidoso. “Metamorphosis”  é uma exibição técnica da banda, com direito a solos de guitarra de Tommy Vetterli usando e-bow (dispositivo que faz soar como um arco de violino), e não deixando o tecladista de fora que proporciona uma vibe sonora bem progressiva. O frontman apresenta cada um dos membros da banda assim como os roadies, aplaudidos calorosamente. E então, anuncia talvez a música mais aguardada da noite: “Masked Jackal”, pois de fato foi, que até provocou um bate-cabeça violento entre os fãs e uma cantoria “Grin (Nails Hurt)” encerra o set principal em alto astral, com um gostinho de quero mais por parte dos fãs. 

40 ANOS DE HISTÓRIA, CELEBRADOS COM UMA APRESENTAÇÃO COMPETENTE.

Músicas como “Son Of Lilith”, “Nosferatu” e “Skeleton On Your Shoulder”, infelizmente ficaram fora do setlist nessa turnê. Apesar de ser o último show da banda na América Latina, eles não estavam cansados. Ao retorno da banda para o bis, Ron agradeceu o prestígio dos fãs e tocaram um cover de Jimi Hendrix, “Purple Haze”, obviamente no estilo Coroner. E não tinha melhor jeito de terminar o show do que com os clássicos “Reborn Through Hate” do primeiro álbum “R.I.P.” (1987), logo em seguida, “Die by My Hand”  de “No More Color” (1989), fazendo o público cantar.

O Coroner é um bom exemplo de que uma banda dedicada a um trabalho, nunca cessa de vez as suas atividades, foi cerca de 1h20 de apresentação que mostrou a banda em plena forma e disposição. Pioneiros de um estilo não muito popular, mas certamente uma das bandas mais respeitadas no mundo do metal. 

FORMAÇÃO

Ron Broder – Baixo e vocal

Tommy Vetterli – Guitarra

Diego Rapacchietti – Bateria

Daniel Stössel – Tecladov/ Samples e backing vocal

SETLIST 

1. Golden Cashmere Sleeper, Part 1

2. Internal Conflicts

3. Divine Step (Conspectu Mortis)

4. Serpent Moves

5. Sacrificial Lamb

6. Semtex Revolution

7. Tunnel of Pain

8. Status: Still Thinking / Drum Solo

9. Metamorphosis

10. Masked Jackal

11. Grin (Nails Hurt)

Encore:

12. Purple Haze (The Jimi Hendrix Experience cover)

13. Reborn Through Hate

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