Em A Sonication, os alemães mantém o padrão de sua carreira, entregando aos fãs um prato recheado de técnica e death metal na medida certa.
Texto: Peu Bertasso
A tradução para o português da palavra Sonication é sonicação. Segundo a internet, sonicação é “um método que utiliza ondas sonoras de alta frequência para agitar partículas e materiais”. Seguindo ao pé da letra, o quarteto alemão Obscura usa todo o seu peso para agitar partículas dos ouvintes com um disco coeso, denso e que esbanja técnica, algo que os fãs já estão acostumados.
A Sonication, gravado por Steffen Kummerer (vocal, guitarra), Robin Zielhorst (baixo), James Stewart (bateria) e Kevin Olasz (guitarra) e com lançamento previsto para sete de fevereiro, vem esbarrando em polêmicas antes mesmo de ser lançado. Alex Webb, Max Phelps e Christian Münzner, ex-membros do Obscura, alegaram que Kummerer e sua banda usaram, sem autorização, composições escritas por eles enquanto ainda estavam no grupo. Steffen nega as acusações, o que não impede de mudar o holofote do lançamento para problemas internos ao invés das músicas.
Porém, o novo disco do grupo tem tudo para agradar os fãs por seguir a mesma linha de lançamentos antigos. Isso fica bem claro durante a faixa de abertura, “Silver Lining”, esbanjando o peso tradicional que a banda sempre buscou apresentar. Já o single “Evenfall”, faixa que gerou as acusações de plágio, é a primeira a dar destaque ao incrível som do baixo fretless (quando o instrumento não possui trastes metálicos que separam as casas no braço do instrumento) de Robin Zielhorst, ponto alto durante várias trilhas do álbum. A música pode ser considerada a balada do disco – dentro das proporções que podemos considerar para chamar uma música de metal extremo de “balada”.
“In Solitude” e “The Prolonging” dão continuidade à técnica aliada ao peso que a banda já costuma fazer. Apesar da segunda ser uma faixa mais curta do que as outras do disco, as músicas deixam claro que o Obscura não procurou reinventar a roda em seu novo álbum. Pelo contrário, A Sonification apenas busca consagrar o que a banda já conquistou, confirmando a verdade da expressão “não se mexe em time que está ganhando”.
“Beyond the Seventh Sun” se destaca por ser a única faixa instrumental do disco, com mais uma vez o destaque para o baixo de Robin. O casamento do technical death metal com baixos fretless não é novidade, mas é sempre bom ser destacado como uma união de sucesso. “Stardust” foi outro acerto do grupo. O riff matador depois de um dedilhado de violão somado a variações rítmicas no andamento da música tornam ela uma das melhores do álbum.
“The Sun Eater” é uma homenagem aos nomes mais clássicos do death metal. Com passagens cadenciadas, remetendo ao old school, a música destoa do resto do novo trabalho – e não de forma ruim. A faixa título “A Sonication” é uma grande somatória de tudo o que foi produzido no álbum. Possuindo quase todos os elementos já citados, a música encerra o disco de forma digna.
Durante a audição, é possível perceber um bom entrosamento de Steffen com seu time. Os três músicos além de Kummerer entraram na banda durante o ano passado e o novo disco marca a estreia desta formação. A qualidade das linhas de bateria de James Stewart, assim como a guitarra de Kevin Olasz os consagram em suas posições.
Como já colocado, A Sonication não tem nenhuma pretensão de “mudar o mundo do death metal”, mas com certeza agita as partículas de quem o escuta. Por vezes, o disco pode soar repetitivo aos que não têm o hábito de consumir esse tipo de música, mas a habilidade apresentada por Kummerer e sua trupe é de encher os olhos – e ouvidos – mesmo dos que vivem longe da música extrema. O disco deixa claro que esta formação ainda pode colher muitos frutos de sucesso.