LEFT TO DIE: MANTENDO O DEATH METAL OLD SCHOOL VIVO

Show celebra com intensidade e respeito o legado de um dos maiores nomes da história do death metal 

Texto por Mateus Marcatto e Fotos por Tamires Lopes Ferreira

O ano de 2025 já se iniciou, e a primeira banda internacional a chegar no Brasil pra se apresentar foi o Left To Die, banda tributo ao Death, formada por Matt Harvey (ExhumedGruesome), Rick Rozz (ex-Death), Terry Butler (Obituary, ex-Death) e Gus Rios (Gruesome). A banda iniciou a sua primeira turnê latino-americana no Brasil, fazendo shows em Brasília, Rio de Janeiro, Curitiba, Belo Horizonte, Limeira e terminando a perna brasileira da tour em São Paulo, no Fabrique, dia 12 de janeiro. 

Em um domingo de clima ameno, as portas da casa abriram às 18h, com pouco mais de uma dúzia de fãs na fila esperando para entrar, enquanto, tradicionalmente, o restante do público matava a sede e o tempo nos bares, até que chegasse perto da hora do show. Com a abertura das portas, alguns que adentraram já iam direto à banca de merchandise para garantir o livro “Death By Metal”, a biografia que conta a história de Chuck Schuldiner, fundador do Death

O palco já estava montado e pronto, iluminado por luzes verdes que cintilavam com a densa fumaça e uma concentração de fãs que já garantiram seu lugar perto do palco. Às 19h20, a pista do Fabrique estava com metade da sua capacidade ocupada, ainda sendo possível circular pelo local sem dificuldade. Matt Harvey, Rick Rozz e Gus Rios sobem no palco, despertando gritos do público; no entanto, só foram checar o som dos amplificadores e da bateria. Logo depois, Terry Butler fez o mesmo,  arrancando gritos dos fãs.

COMEÇO DE SHOW DIRETO E RETO 

Pontualmente, às 19h30, começa uma trilha sonora que se tratava da “E5150”,  do Black Sabbath. A banda entra em cena e toca os primeiros acordes de“Leprosy”, álbum homônimo de 1988, que já fez o público gritar e, quase imediatamente, começar o primeiro mosh pit no meio da pista. Sem tempo para respiro, emendaram direto com 

“Born Dead”, que é aplaudida fortemente. Matt chama “São Paulo!”, e o público corresponde com um grito acalorado, e assim ele anuncia “Forgotten Past”.

MÚSICAS CLÁSSICAS E PERFORMANCE FIEL GANHARAM A PLATEIA

Em pouco mais de 10 minutos de apresentação, era nítido que “o jogo estava ganho”. O público estava entregue ao show. O Fabrique ressoava os gritos do público, que  clamavam “Left To Die”. Matt Harvey então toma frente: “Esta noite, iremos festejar como se fosse em 1989. Esta noite é só Leprosy e Scream Bloody Gore, vocês gostam desses?”. O público grita “yeah” e Matt continua: “Vamos começar com o começo, Infernal Death!”. A primeira música do álbum de estreia de 1987. “Sacrificial” e “Open Casket”  provocaram o coro de “hey hey hey” dos fãs, enquanto o mosh pit ficava cada vez maior e frenético, um dos momentos emblemáticos do público no show. Antes de “Primitive Ways”,  Matt Harvey apresenta a banda, começando pelo exímio baterista Gus Rios, que toca fielmente cada passagem rítmica das músicas e não perde a mão por um segundo. Em seguida, o guitarrista Rick Rozz, que participou das primeiras demos do Death e do álbum Leprosy, considerado um pioneiro da cena Old-School Death Metal da Flórida. E então, o ilustre baixista do Obituary, Terry Butler, ovacionado pela galera em plenos pulmões, e que tocou no Death de 1987 à 1990, tendo gravado o Spiritual Healing. 

PÚBLICO ENGAJADO, CRIA ATMOSFERA PERFEITA COM MOSH PITS INCESSANTES

A execução das músicas foi fiel não só pela presença dos ex-membros, mas também pela performance de Matt Harvey, que assume os vocais e a guitarra, cantando com um timbre de voz idêntico ao do finado Chuck nos primeiros álbuns, assim como os solos de guitarra que eram igualmente bem tocados. Tudo isso combinado ao show de luzes com as cores que remetiam os álbuns, e a mixagem dos P.A.s, que soavam como um disco de estúdio, com todos os instrumentos perfeitamente audíveis sem exageros ou faltas.

O show seguiu com “Choke On It”, “Torn To Pieces” e “Regurgitated Guts”, seguindo na alternância entre os álbuns, que deixou o show dinâmico e sem espaços para deixar o público parado, literalmente. Matt pede para que o público siga os gritos de “hey” junto com o riff de “Left To Die”, a música que batizou a banda, e conseguiu levantar ainda mais o astral, já que o set já estava terminando. Algo que foi notável nesse show foi o comportamento do público, que cantava e aplaudia. No mosh pit, os fãs ajudavam uns aos outros quando alguém caía no chão ou perdia um pertence, mostrando que a única “violência” presente era sonora e lírica por parte da banda. Em meio aos gritoa do plublico, Matt declara: “São Paulo, vocês são foda demais. Muito obrigado! Essa vai ser a última música da noite, mas creio que vocês vão gostar!”. Lógico que se tratava de uma “trolagem”. O icônico riff em dueto de “Zombie Ritual”  toca e imediatamente o Fabrique ecoa o coro do público cantando a melodia. 

Então, quando a música entra no verso, a roldana que segura a correia da guitarra de Matt Harvey se quebra. O músico rapidamente apoia o pé direito no retorno, põe a guitarra no colo, e segue tocando e cantando, incluindo os solos. Uma performance digna de um “Johnny Cash” do Death Metal. Enquanto isso, o público cantava o refrão alto em uníssono, e o mosh pit parecia um tornado de tão rápido. A galera parecia não estar cansada no final explosivo. A banda sai do palco e um fã na beira do palco ganha um copo com whisky de Rick Rozz. Quem disse que o cara não era simpático? Então, eles tomam um breve descanso pro que ainda iria vir no bis.

BANDA RECOMPENSA O PÚBLICO COM MÚSICA EXTRA NO BIS

A banda retorna ao palco e Matt conseguiu fazer uma gambiarra para sua correia se manter no lugar. O músico então anuncia a faixa-título “Scream Bloody Gore”, uma verdadeira aula de Death Metal Old-School, cheio de riffs crus e frenéticos, que incitam novamente a roda e o público a cantar. 

Antes de seguir para a última música, Matt pergunta ao público: “O Death Metal está vivo em São Paulo?”. O público grita e ele continua: “Chuck Schuldiner está vivo aqui esta noite, São Paulo?”, e a galera responde com força, com os gritos crescentes liderados por Harvey e o bumbo de Gus: “Chuck, Chuck, Chuck”. 

Então, o músico pega um balão de camisinha que foi parar no palco, arremessa de volta para a galera, agradece novamente e começa os primeiros riffs do que seria a música da noite, “Pull The Plug”. Uma versão tão perfeita que parecia que o próprio Chuck Schuldiner tinha sido invocado lá pra tocar. Um momento de arrepiar foi quando todos no Fabrique cantaram juntos o refrão “Why don’t you, Pull The Plug!”.

Ao término daquele que já seria um show bem-entregue, enquanto a banda é aplaudida intensamente e vai saindo do palco, começam a puxar o coro pedindo “Evil Dead”, que estava fora do setlist da turnê. Porém, Matt volta e pergunta: “Então, Evil Dead?” – lógico que sim! E assim, aos toques de Rios, Rick Rozz começa o icônico riff em tapping. Essa é uma canção em homenagem ao clássico filme de terror de 1981 de mesmo nome. Uma recompensa digna para uma plateia que estava entregue de corpo e alma do começo ao fim do show. Ao término da apresentação, a banda se despede do público, jogando palhetas e baquetas como agradecimento.

MAIS UM TRIBUTO MANTENDO VIVO O LEGADO DO DEATH

Em março de 2024, o Death To All retornou ao Brasil com seu dream-team, fazendo uma viagem a discografia do Death. E a estreia do Left To Die aqui não ficou pra trás, pois expandiu uma experiência única de poder assistir um show incrível, com as músicas dos dois primeiros álbuns que consagraram a carreira da banda de Chuck Schuldiner e de todos os músicos que passaram por lá. E assim, nos proporcionar um vislumbre de como seria assistir um show da mais icônica banda de death metal de todos os tempos.

Left to Die – Latin american Tour – Fabrique Club – 12/01/2025

LEPROSY
BORN DEAD
FORGOTTEN PAST
INFERNAL DEATH 
SACRIFICIAL
OPEN CASKET
PRIMITIVE WAYS
CHOKE ON IT
TORN TO PIECES
REGURGITATED GUTS
LEFT TO DIE
ZOMBIE RITUAL

Encore

SCREAM BLOODY GORE
PULL THE PLUG 
EVIL DEAD

Nos sigam e deêm um like na gente \m/
error
fb-share-icon

About Mateus Dourado Rocha Marcatto

View all posts by Mateus Dourado Rocha Marcatto →

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *