O eterno rebelde: Billy Idol volta ao Brasil e reafirma seu lugar no rock mundial

Texto por Jessica Tahnee Valentim (@jessvlntm) e Fotos por Raíssa Correa (@showww360)

No último sábado, 8 de novembro, o Vibra São Paulo recebeu o retorno de Billy Idol à capital paulista com a turnê It’s a Nice Day To… Tour Again!. O cantor britânico, um dos nomes mais emblemáticos do rock desde os anos 1980, subiu ao palco após a abertura de Supla, que iniciou a noite com um show energético e bem recebido pelo público. A última passagem de Idol pelo Brasil havia sido em 2022, quando se apresentou em São Paulo e no Rio de Janeiro, no Rock in Rio. Na ocasião, o show carioca foi marcado por uma série de problemas técnicos que comprometeram a performance, com falhas no retorno de som que o fizeram cantar fora do tempo e reiniciar músicas, resultando em críticas e menções entre os piores shows daquela edição do festival. A situação contrastou com a apresentação em São Paulo, elogiada pela execução impecável. Diante desse histórico, havia grande expectativa para ver como Idol se sairia nesta nova visita ao país.

Desta vez, o cantor veio promovendo seu mais recente álbum de estúdio, Dream Into It, lançado em abril deste ano. O trabalho conta com participações de artistas de diferentes gerações, como Avril Lavigne e Joan Jett, que inclusive integrou a parte norte-americana da turnê. O disco foi bem recebido pela crítica e alcançou o Top 10 das paradas de vendas de álbuns em diversos países, incluindo Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Alemanha.

Supla aquece o público com carisma e rock autêntico

Com início pontual às 19h45, Supla e os Punks de Boutique subiram ao palco do Vibra São Paulo diante de um público ainda tímido, que aos poucos foi lotando a casa. A escolha de Supla para abrir o show de Billy Idol não poderia ter sido mais acertada, já que as semelhanças entre os dois artistas sempre chamaram atenção. Ao longo dos anos, Supla foi frequentemente questionado sobre suas influências, especialmente pelas comparações com o cantor britânico, e costuma explicar que sua principal referência vem da fase loira de David Bowie. Ele também relembra que a primeira vez que viu Billy Idol foi ainda na época do Generation X, quando o músico apresentava um prêmio na MTV, momento que marcou sua memória. De acordo com Supla, ambos tinham muito em comum: eram loiros, rockers e carismáticos.

O setlist de Supla misturou covers e músicas autorais que revisitaram momentos de sua extensa carreira. Entre as versões, destaque para “She Loves You” dos Beatles, “Let’s Dance” de David Bowie e “As It Was” de Harry Styles, esta última já incorporada como marca registrada em seus shows. Entre os clássicos próprios, não faltaram “Green Hair (Japa Girl)”, “O Charada Brasileiro”, “São Paulo” e o encerramento com “Garota de Berlim”. Ícone de estilo e atitude, Supla entregou uma performance contagiante e mostrou por que continua sendo uma das figuras mais autênticas do rock brasileiro, abrindo com entusiasmo uma das noites mais aguardadas do ano em São Paulo.

Billy Idol entrega um espetáculo enérgico e reafirma seu legado no rock

Às 20h59 as luzes se apagaram e, aos poucos, os músicos foram se posicionando. Uma breve introdução, com trechos de músicas de sucesso, preparou o público para o início do show. Pontualmente às 21h, o palco, com o mesmo cenário impactante da turnê anterior, exibiu imagens no telão que mudavam conforme cada faixa, criando uma ambientação envolvente. A abertura ficou por conta do primeiro single do novo álbum Dream Into It, “Still Dancing”, seguida imediatamente pelo sucesso “Cradle of Love”.

Billy Idol saudou o público com entusiasmo: “Fantástico, São Paulo, Brasil!”, e agradeceu a Supla, arriscando um simpático “obrigado Supla, fantastic, great set” (fantástico, grande show). Em seguida apresentou o guitarrista Steve Stevens e declarou estar se sentindo muito bem, perguntando a Steve se ele também estava se sentindo bem. Em seguida disse: “Let’s see where Mr. Steve Stevens takes us tonight” (vamos ver onde o senhor Steve nos leva hoje à noite), antes de deixar o palco para o primeiro solo do músico, que introduziu o clássico “Flesh for Fantasy”. Logo no início da música, Billy dançou de forma provocante, tirando a camisa e arrancando gritos da plateia.

Na sequência, ele contou que havia duas versões para a próxima música, “77”, gravada com Avril Lavigne, que não estava presente por motivos óbvios. Optou então por executar a versão solo, recebida com atenção, ainda que o público, em sua maioria, demonstrasse pouco entusiasmo. O novo álbum tem potencial para conquistar novas gerações, mas parte do público parecia resistente às novidades, algo perceptível pela quase ausência de celulares filmando. Ainda assim, a performance foi sólida e mostrou o quanto Billy segue confiante em seu novo material.

Com as luzes mais baixas, Steve Stevens assumiu o violão e, após uma breve introdução, veio o aguardado momento de “Eyes Without a Face”. Ovacionada, a música transformou o local em um mar de celulares. Em seguida, Steve apresentou um solo acústico que incluiu um medley de clássicos do Led Zeppelin, como “Over the Hills and Far Away” e “Stairway to Heaven”, levando o público ao delírio enquanto o restante da banda deixava o palco.

O retorno veio com “Mony Mony”, que contou com grande participação do público, especialmente na parte em que as backing vocals, Kitten Kuroi e Jess Kav assumiram os vocais principais. Antes da faixa seguinte, Billy contou uma história curiosa sobre o álbum Rebel Yell Extended. Ele explicou que pretendiam incluir um cover de “Love Don’t Live Here Anymore”, de Rose Royce, que acabou sendo deixado de lado quando descobriram que Madonna lançaria a mesma música em Like a Virgin. Décadas depois, a faixa finalmente foi lançada e agora integra o setlist, em dueto com Kitten Kuroi, que faz parte das backing vocals. Apesar de ser uma balada mais lado b, foi bem recebida. O microfone da cantora apresentou falhas no início, mas o problema foi rapidamente corrigido, culminando em um final intenso e marcante, com destaque para o poderoso solo vocal de Kim.

A formação atual da banda de Billy Idol é composta por Billy Idol (vocal), Steve Stevens (guitarra solo), Billy Morrison (guitarra base), Stephen McGrath (baixo), Erik Eldenius (bateria), Paul Trudeau (teclados) e as backing vocals Kitten Kuroi e Jess Kav. O entrosamento entre os músicos é evidente, especialmente na sequência que trouxe “Too Much Fun”, também do novo álbum Dream Into It, apresentada após Billy comentar que o título reflete tudo aquilo que ele gosta e o faz feliz. Logo depois, atendeu aos pedidos dos fãs brasileiros e incluiu “Gimme the Weight”, outra faixa recente bastante mencionada nas redes sociais.

A viagem no tempo veio em seguida com “Ready Steady Go”, a primeira música que escreveu com o Generation X, reacendendo a energia punk de seus primórdios. Após mais um solo explosivo de Steve Stevens, incluindo o aclamado “Top Gun Anthem”, veio “Blue Highway”, que, embora seja um sucesso, encontrou um público visivelmente cansado. O ritmo de atenção já diminuía, e parte da plateia parecia mais interessada em conversar do que em acompanhar o show, um reflexo curioso dos tempos atuais.

Antes da próxima faixa, Billy contou uma história divertida sobre um encontro com os Rolling Stones. Ao ver a banda bebendo um bourbom, destacou que apenas Ronnie Wood não participava e decidiu ler o rótulo da garrafa, que dizia “Rebel Yell”. A inspiração resultou em uma das músicas mais marcantes de sua carreira, que foi, como de costume, o ponto mais intenso e vibrante da noite. Em seguida, veio o falso final, já conhecido do público, mas não sem antes Billy jogar sua camiseta da turnê para os fãs.

O encore começou com “Dancing with Myself”, marcada por grande interação do público. Na sequência, “Hot in the City” contou com uma divertida introdução em que Billy relembrou seus dias em Nova York, andando apenas de jaqueta, bermuda e botas, enquanto o ar-condicionado dos prédios pingava sobre ele. “Camisetas? Para quê?”, ele disse, arrancando risos da platéia. Um detalhe notável foi que em um dos trechos da música ele trocou New York por São Paulo, dando aquele gostinho de pertencimento. A penúltima faixa foi “People I Love”, também do novo álbum, apresentada com uma breve reflexão sobre a parte difícil das turnês e o quanto sente por perder aniversários e momentos importantes com a família. Ao vivo, as músicas de Dream Into It ganharam nova força e mostraram um desempenho superior ao que o disco entrega em estúdio.

Chegando próximo ao final, Billy disse estar perdido em relação ao set e perguntou ao público qual música faltava. Ao que recebeu a resposta em uníssono: White Wedding. E assim foi. O encerramento veio com o hit, um dos maiores clássicos de sua carreira e o desfecho perfeito para uma noite memorável. 

Em uma hora e quarenta minutos de show, Billy Idol mostrou que, aos 69 anos, mantém energia, carisma e simpatia de sobra. Enquanto continuar na ativa, o público brasileiro certamente espera vê-lo de volta, em mais apresentações que confirmam o poder atemporal do rock.

O cantor ainda se apresenta na quarta-feira, dia 12 de novembro, em Curitiba, na Arena da Baixada, antes de continuar sua tour pela América Latina. Os ingressos estão disponíveis na Livepass. https://www.livepass.com.br/artist/billy-idol/

Agradecimentos: Move Concerts | Midiorama

Nos sigam e deêm um like na gente \m/
error
fb-share-icon

One Comment on “O eterno rebelde: Billy Idol volta ao Brasil e reafirma seu lugar no rock mundial”

  1. Estava lá, foi um show maravilhoso e lindo de morrer. Fico feliz que muitos clássicos ainda soam como se tivessem sido compostos ontem. Show do Supla também foi legal.
    Cantei bastante no show e pulei bastante… já sou tiozão roqueiro passado dos 50, mas fazendo uma apropriação cultural aqui:” É som de véio, de desdentado…mas quanto toca…todo mundo fica agitado !!!”

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *