Uma década depois, Consign to Oblivion segue vivo na memória dos fãs e marca o início da relação especial entre o EPICA e o Brasil.
Em 2015, o álbum Consign to Oblivion completou dez anos de existência. Para os fãs de metal sinfônico, essa não é apenas uma data no calendário: é um marco que remete a uma época em que o EPICA ainda estava lapidando sua identidade e conquistando o mundo um palco de cada vez. Lançado em 21 de abril de 2005 pela Transmission Records, o disco marcou a consolidação da banda holandesa como um dos principais nomes do gênero, ao mesmo tempo em que abria novas portas e aproximava o grupo de públicos até então inexplorados.
Um desses públicos era o brasileiro. Poucos meses depois do lançamento, em dezembro de 2005, o EPICA desembarcava pela primeira vez na América do Sul para uma série de apresentações. O Brasil, como de costume no circuito de bandas internacionais de metal, foi um destino especia, tanto para os fãs quanto para os músicos. A conexão foi imediata: casas de shows lotadas, público cantando a plenos pulmões até as partes orquestrais e um calor humano que logo faria o país se tornar parada obrigatória nas turnês seguintes. Quem esteve lá ainda guarda na memória a força da voz de Simone Simons, o peso das guitarras de Mark Jansen e a emoção de ouvir ao vivo músicas que, até então, só eram conhecidas por meio de CDs importados e clipes na internet.
Mas o que tornava Consign to Oblivion tão especial? Para começo de conversa, havia o conceito. Inspirado pela cultura e história da civilização maia — um tema que fascinava Jansen — o álbum se afastava das sonoridades mais cruas de The Phantom Agony (2003) e investia em arranjos mais cinematográficos, melodias marcantes e um equilíbrio mais nítido entre o peso do metal e a sofisticação orquestral. Três nomes também ajudaram a moldar essa atmosfera: Hans Zimmer, Danny Elfman e as trilhas sonoras de grandes produções de cinema, que serviram como bússola criativa para a banda.
A faixa-título, com mais de nove minutos, rapidamente se tornou um clássico dos shows, famosa pelo seu crescendo épico que desemboca em um clímax perfeito para um wall of death. Canções como Dance of Fate, Another Me (In Lack’ech) e Quietus mostravam que o EPICA sabia criar refrões envolventes sem perder o peso e a densidade emocional. Já Solitary Ground e Trois Vierges (com participação de Roy Khan) revelavam a sensibilidade de Simone em baladas que, até hoje, são lembradas por arrancar lágrimas ao vivo.
Apesar de não ter o mesmo impacto comercial de trabalhos posteriores como Design Your Universe (2009) ou The Quantum Enigma (2014), Consign to Oblivion cumpriu um papel essencial: foi a ponte entre o começo promissor e o amadurecimento artístico da banda. Mais do que isso, foi o álbum que aproximou o EPICA de públicos distantes, como o brasileiro, criando laços que resistiram ao tempo.
Dez anos depois, revisitar esse disco é como abrir um velho álbum de fotos: cada faixa traz à tona lembranças, emoções e o frescor de um tempo em que o EPICA ainda estava descobrindo até onde poderia ir. E, como mostrou a história, eles foram muito além.

Tracklist
1. Hunab Ku
2. Dance of Fate
3. The Last Crusade
4. Solitary Ground
5. Blank Infinity
6. Force of the Shore
7. Quietus
8. Mother of Light
9. Trois Vierges
10. Another Me
11. Consign to Oblivion
Lineup
Simone Simons – vocals
Mark Jansen – guitar, vocals, orchestral arrangements
Ad Sluijter – guitar
Coen Janssen – synths, orchestral & choir arrangements
Yves Huts – bass, orchestral arrangements
Jeroen Simons – drums, percussion