ALICE COOPER: UM GÊNIO, E PROVA ISSO AOS 77 ANOS DE IDADE

Fotos: Gustavo Diakov (@xchicanox)

Após quase dez anos de sua última visita ao país, Tio Alice mostra que ainda tem muita lenha pra queimar!

Éramos acostumados, nos anos sessenta, com o rock de bons moços, terninhos e cabelos tigela, ou no máximo uma calça jeans despojada e uma jaqueta de couro com um topete — era a rebeldia! Até que, no finalzinho da década, entrando nos anos setenta, nos Estados Unidos, surgiu um sujeito chamado Vincent Damon Furnier, que ficou mais conhecido por seu nome artístico, Alice Cooper Quase sessenta anos depois, aqui estamos falando dele. Cantor que, em 1974, bateu o recorde de público mundial, que ainda detém, em local fechado, para mais de cem mil pessoas em São Paulo, voltou à mesma cidade, meio século depois, como principal atração do festival Best of Blues and Rock. Acredite, ele ainda é o mesmo cara, o mesmo cantor, vocalista, ator, performer, o que você imaginar — um dos maiores artistas da história, e fez um show digno de sua carreira, ou seja, ESPETACULAR. Em maiúsculo!

ARTISTAS ANTERIORES ESQUENTAM O DIA FRIO:

– Sim, falaremos deles especificamente em outro momento aqui no site –

A tarde fria em São Paulo não impediu o público de chegar cedo. No começo, mais se via pessoas espalhadas pelo local, mas já havia alguma aglomeração em frente ao palco. O cenário não mudou na hora do show do “Charlie Brown Jr.” (ou, na verdade, o guitarrista e baterista originais tocando músicas da banda), mas definitivamente não tinha uma animação grande em cima da apresentação, e os momentos que mais chegaram perto de levantar a galera foi com músicas da extinta série da Globo, Malhação.

Mais disperso ainda estavam as pessoas no show da guitarrista de YouTube, Larissa Liveir, que apostou em covers, muitas vezes instrumentais, e com participações em algumas músicas do Led Zeppelin e outros clássicos. O momento marcante do show, porém, foi a participação de Nita Straus, da banda de Alice Cooper em uma Jam com Larissa. Uma talentosa musicista, mas que não apresenta músicas próprias, e deixou o tom do show estranho.

Animado, relativamente, foi o Black Pantera, uma das bandas mais em alta do metal brasileiro na atualidade. Já à noite, a banda se apresentou com o telão cobrindo o entorno do palco, num ótimo espetáculo visual, que só pode ser visto ali, no Ibirapuera. O metal politizado, em português, do quarteto foi bem recebido pelo público, que ainda guardava energia para a grande atração da noite.

A “TIA” ALICE COOPER APRESENTA O QUE HÁ DE MELHOR NO ROCK:

Setenta e sete anos de idade! Se você se impressiona com o Ozzy (algo válido), Alice Cooper vai te deixar de queixo caído, eu garanto. Teatralidade, banda afiadíssima, alguns dos melhores músicos do mundo, e um repertório de clássicos atemporais. Amigos, isso que é show!

Agora com o todos os presentes junto ao palco, era claro que não tinha dado “sold-out”, pois o espaço não estava exatamente lotado. De qualquer forma, era um enorme público, e não se poderia esperar menos de uma grande lenda do rock. Pontualmente, os avisos de que o show iria começar vieram às caixas de som, e logo lá estava ele, a “Tia”.

Com uma produção de palco surrealmente elaborada, que era melhorada pela tecnologia bem legal do telão, a banda, cuja atração principal é a guitarrista Nita Straus, começou a tocar, mas ainda sem “o homem” no palco. De uma cortina, então, Alice saiu para euforia dos fãs, que gritaram absurdamente pela presença do cantor ali. E ele decepcionou! Uma sequência de três sucessos absolutos, com “Welcome to the Show”, que como o nome diz, é a perfeita para abertura. Na sequência, dois de seus maiores sucessos, “No More Mr. Nice Guy” e “I’m Eighteen”, duas das músicas mais “coverizadas” do artista, não deram tempo para ninguém respirar.Gênio! É só essa palavra que pode resumir Alice Cooper. 

Teatral, o cantor chamava ao palco personagens como Jason e outros ícones do horror para encenações durante o show. E mesmo com toda a performance, em momento algum tivemos algum tipo de playback ou overdub. Nita Straus era outro show à parte. Virtuosa, precisa, e com presença de palco digna de uma frontwoman, não à toa é a membro mais querida da banda, e teve seu momento com um solo e guitarra de cerca de dois minutos, assim como teve o baterista Glen Sobel — nenhum dos dois foi cansativo. Sem desmerecer, claro, os outros músicos, igualmente excelentes. Tudo foi tão impecável, que é até difícil destacar melhores momentos — era um show que se tivesse cinco horas de duração, não seria cansativo, pois não se trata apenas de música, mas sim de toda uma apresentação nível produção da Broadway. Inclusive, vale dizer, a própria esposa de Alice se apresentou como performer, tanto de forma mais “sexy”, quanto em uma persona mais “louca”, quando deu um beijo em Alice, e o momento que ela colocou o cantor em uma guilhotina e “cortou sua cabeça”, a tirou do balde, a apresentou ao público, em um daqueles truques de mágica que você não faz ideia de como é feito.

Falando apenas musicalmente, é incrível ver músicas como “Poison” e “Hey Stoopid”, que em coletiva antes do show, o artista afirmou ser uma música contra o suicídio de jovens, e o final impecável com “School’s Out”, quando finalmente Alice se apresentou finalmente ao público, apresentou sua banda, todos sob muitos aplausos, e a saideira “Feed My Frankenstein”. Tudo impecável, em todos os mínimos detalhes.

E ASSIM, JÁ TEMOS O MAIS FORTE CANDIDATO A SHOW DO ANO:

Música, teatro, uma noite agradável, um repertório impecável, simplesmente sem uma música sequer mediana. Elogios não faltam, inclusive para o som, que para um show a céu aberto, estava sem defeitos. É isso que você pode esperar de Alice Cooper, um artista que não decepciona. Detalhe interessante, pessoas que pouco conheciam ele no lugar, depois do show diziam que saíram de lá apaixonados. De todos os grandes artistas das décadas mais antigas do rock, ele está entre os maiores, no panteão do estilo de todos os tempos. Eu sei que parece algo de fã falar tudo isso, mas não é. É simplesmente uma experiência única e diferenciada, que só um gênio da música — não apenas no rock, mas da música — pode proporcionar.

Alice Cooper – Best of Blues and Rock – Parque Ibirapuera – 14/06/2021

Welcome to the Show
No More Mr. Nice Guy
I’m Eighteen
Under My Wheels
Bed of Nails
Billion Dollar Baby
Snake Bite
Be My Lover
Lost In America
Man Behind the Mask
Hey Stoopid
Welcome to my Nightmare
Cold Ethyl
Go to Hell
Poison
Black Widow
Dwight Fry
I Love the Dead
School’s Out
Feed My Frankenstein

Nos sigam e deêm um like na gente \m/
error
fb-share-icon

About Fernando Luis Queiroz Salvador

View all posts by Fernando Luis Queiroz Salvador →

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *