Sete bandas e um dia memorável: O NDP Fest em São Paulo.

O festival reuniu bandas nacionais e internacionais em uma maratona de hardcore, punk e energia inesquecível.

Texto por Guilmer Silva (@guilmer_metal) e Fotos por Raissa Correa (@showww360)

O NDP Fest, em sua estreia em São Paulo, provou que veio para ficar. Realizado no último domingo (9), no Espaço Usine, o festival celebrou o primeiro aniversário da produtora New Directions Production com uma noite repleta de energia, agressividade e muita música de qualidade. Com sete atrações no lineup – cinco brasileiras e duas internacionais –, o evento foi um verdadeiro mergulho no hardcore e no punk, gêneros que encontraram no palco do NDP Fest um espaço para brilhar com toda a sua intensidade. E, para quem estava lá, foi impossível sair sem a sensação de ter participado de algo especial.

A tarde começou com Klitoria , banda de Niterói que, apesar de um pequeno atraso técnico, mostrou por que é uma das promessas da cena. Com um set que incluiu músicas como “Flores Podres” e “Todo Homem Foi Feito pra Dar”, a banda conquistou o público aos poucos. A atmosfera ainda estava se aquecendo, mas já dava para sentir que algo grande estava por vir. O guitarrista Brayner, com sua presença de palco marcante, e a baterista Malu, que também assumiu os vocais em alguns momentos, foram destaques. O mosh ainda estava tímido, mas na última música, o público finalmente se soltou, dando um gostinho do que estava por vir.

Em seguida, foi a vez do Hardgainer, banda paulista de death metal melódico, que elevou a energia do público com músicas como “Invisible Walls” e “This Grace”. O guitarrista Raul Caldeira não escondeu a emoção ao anunciar que aquele foi o maior público da banda em um show. E era visível: a conexão entre palco e plateia era palpável, com o público cada vez mais animado e pronto para o caos que se aproximava. A música “From Strength to Weakness”, uma das primeiras composições da banda, foi tocada com uma intensidade que arrepiava, mostrando que o Hardgainer está em um momento de ascensão na cena.

O Clava, do Rio de Janeiro, foi o responsável por levar a agressividade a outro patamar. Com um show que começou com uma sample de God of War e imagens das Tartarugas Ninjas no telão, a banda não deu trégua. Músicas como “Amaterasu” e “Correr Pelo Céu” incendiaram o público, com moshes gigantes, crowd surfing e stage dives. O vocalista Alexander Cassemiro foi um espetáculo à parte, interagindo com a plateia e até mergulhando no meio do público durante a última música. A energia do Clava foi tão contagiante que, mesmo após o fim do set, o público ainda parecia estar em transe, esperando o próximo ato.

O Black Pantera, crossover de Uberaba, manteve o ritmo acelerado com um set cheio de hits como “Padrão é o Caralho” e “Fogo nos Racistas”. A banda, conhecida por sua energia contagiante, não decepcionou: wall of death, mosh das minas e muita interação com o público marcaram a apresentação. O momento em que todos se agacharam para pular durante “Fogo nos Racistas” foi um dos pontos altos da noite, mostrando a cumplicidade entre a banda e seus fãs. E quando tocaram “Só as Mina”, abrindo um mosh exclusivo para mulheres, ficou claro que o Black Pantera não está apenas para fazer música, mas para criar momentos únicos e inclusivos.

O Point Of No Return, a lendária banda de hardcore straight edge de São Paulo, trouxe nostalgia e brutalidade em doses iguais. Com um set que incluiu clássicos como “Sparks” e “Unbroken”, a banda mostrou por que é uma das mais respeitadas da cena. O público respondeu com moshes intensos e stage dives, numa apresentação que só foi interrompida brevemente por um acidente durante um salto do palco. Felizmente, tudo foi resolvido, e a banda retomou o show com ainda mais força. A presença de três vocalistas no palco só aumentou a energia, com cada um deles incentivando o público a ir além dos limites.

Os headliners internacionais começaram com Zulu, de Los Angeles, que enfrentou desafios logísticos e de reputação após a ausência do vocalista original, Anaiah Muhammad, devido a acusações de abuso. Mesmo assim, o guitarrista Dez Yusuf assumiu os vocais e entregou um show cheio de energia, com músicas como “For Sista Humphrey” e “Where I’m From”. Apesar de algumas brigas na plateia, a banda manteve o público animado até o final.

No dia seguinte ao show a produtora NDP postou em suas redes sociais que todos os shows da restantes da tour foram cancelados. E a banda disse em comunicado que eles não compactuam com abuso e que os shows deles são lugares seguros. Agora resta a justiça ser feita e a vítima recebe todo apoio.

Fechando a noite com chave de ouro, o Earth Crisis, de Nova Iorque, mostrou por que é uma das bandas mais influentes do hardcore. Com um set que incluiu clássicos como “Forced March” e “Firestorm”, a banda transformou o Usine em um verdadeiro campo de batalha. O vocalista Karl Buechner comandou a plateia com maestria, e o público respondeu com moshes, crowd surfing e fãs subindo ao palco para cantar junto. A música “Vegan for Animals” foi um dos momentos mais caóticos e memoráveis da noite, com o público entregando tudo o que ainda tinha de energia após horas de shows. E quando tocaram “Firestorm” para encerrar o festival, foi como se o Usine explodisse em uma última onda de energia coletiva.

O NDP Fest não foi apenas um festival, mas uma celebração da cena hardcore e punk, tanto nacional quanto internacional. Cada banda trouxe sua identidade, mas todas compartilharam a mesma energia contagiante que uniu o público em uma noite inesquecível. Se essa foi apenas a primeira edição, mal podemos esperar pelo que vem por aí. O NDP Fest já nasceu grande, e seu futuro promete ser ainda mais explosivo. Até o próximo NDP Fest! 

Klitoria – setlist:
Flores Podres
Não Memória
Xapisco
Laboratório
Skate Karate
Inferno Espera
Cromática
Bolso Oco
Seus Laços
Não Me Siga
Armadilha/Sinal
Todo Homem Foi Feito Pra Dar
Eu Não Vou Te Ouvir

Hardgainer – setlist:
Invisible Walls
Idols Fall
Queda
Close Your Eyes
From Strength to Weakness
This Grace
Excluded

Clava – setlist:
Amaterasu
Primavera das Rosas Negras
Sudaméfrica
O devir-negro do mundo
Santuário
Oeste
Olhos Oblíquos
Quando a vontade de romper é mais forte
Correr Pelo Céu

Black Pantera – setlist:
Cola
Padrão É o Caralho
Mosha
Fogo nos Racistas
Tradução
Revolução é o Caos
Sem Anistia
Ratatatá
Boto pra Fuder

Point of No Return – setlist:
Sparks
Cerca
A Fronteira
Resposta a sangue e fogo
Casa de caboclo
Guile
Again and Again
Perda
Unbroken

Zulu – setlist:
For Sista Humphrey
Now They Are Through With Me
Our Day Is Now
Music to Drive By
Fakin’ the Funk (You Get Did)
Watching from the Sidelines
Straight From da Tribe of tha Moon
On the Corner of Cimarron & 24th
Lyfe Az a Shorty Shun B So Ruff
Shine Eternally
52 Fatal Strikes
Do tha Right Thing (And Stop Frontin’)
Where I’m From

Earth Crisis – setlist:
Forced March
Forged in the Flames
Gomorrah’s Season Ends
Against the Current
All Out War
Born From Pain
The Wrath of Sanity
End Begins
Vegan for the Animals
The Discipline
Firestorm
Counter (cover The Path of Resistnace)

Zulu foi sem o Anaiah Muhammad, Dez Yusuf assumiu o vocal

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About Guilmer da Costa Silva

Movido pela raiva ao capital. Todo o poder ao proletariado!

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