O Imminence retorna com um trabalho arrebatador em The Return of The Black, um álbum que não apenas reafirma a força da banda no cenário do metalcore moderno, mas também amplia seus horizontes artísticos com ousadia e sensibilidade. Mais do que uma simples expansão de The Black, o disco se sustenta como uma obra completa, capaz de emocionar e impressionar em igual medida.
Logo na abertura, “Desolation” dá o tom da jornada: um começo suave, quase etéreo, que explode em gritos cortantes e instrumentais pesados. A guitarra assume um papel quase hipnótico, guiando a faixa em um pulsar intenso que já anuncia que este não é apenas mais um disco de metalcore.
“Beyond The Pale” chega na sequência como um soco direto. Rápida, frenética e implacável, a faixa mostra a sinergia perfeita entre guitarras afiadas e vocais agressivos, sem perder espaço para a melodia. Cada compasso soa essencial, e a entrega da banda é visceral.
O grande momento do álbum, porém, é “The Black”. Piano e metalcore se encontram em um equilíbrio raro, criando uma atmosfera cinematográfica que cresce até se tornar uma avalanche sonora. É aqui que o Imminence parece renascer: o instrumental brilha com precisão, e os vocais alternam entre sutileza e intensidade em uma das letras mais dilacerantes do disco.
Entre as novidades, “God Fearing Man” e “Death Shall Have No Dominion” não soam como simples complementos: são peças sólidas, que fortalecem o conjunto. A primeira é marcada por uma aura sombria e reflexiva, enquanto a segunda tem um peso quase épico, reforçando a veia dramática do álbum.
Já o encerramento original, “Le Noir”, é de uma beleza rara. Introspectiva, quase contemplativa, conduz o ouvinte a um estado de melancolia arrebatadora. O novo fechamento, “La Douleur Qui Est Sans Fin”, mantém a atmosfera, mas com um tom mais solene — menos impactante, mas igualmente digno.
No meio dessa jornada, ainda temos momentos de destaque como “Heaven Shall Burn” e “Come Hell or High Water”, que se firmam como hinos prontos para qualquer playlist de metal moderno, equilibrando fúria e melodia em doses precisas.
O que torna The Return of The Black especial é a capacidade do Imminence de unir beleza e brutalidade de forma orgânica. O violino, longe de ser apenas um adorno sinfônico, é parte integrante da identidade da banda, acrescentando camadas emocionais que tornam a experiência única. A produção é cristalina, mas nunca engessada: cada detalhe soa genuíno, sem abrir mão da modernidade.
Mais do que um simples álbum de metalcore, The Return of The Black é uma obra teatral, dramática e surpreendentemente acessível. É música para sentir na pele — seja em momentos de introspecção ou de catarse.
O Imminence entregou um dos discos mais impactantes do ano. É pesado, é belo, é emocionante. É o tipo de álbum que não apenas se ouve, mas se vive.

