The Cult entrega um show poderoso e celebra 40 anos de história com uma performance intensa e cheia de clássicos.

O Baroness, que mescla sludge, progressivo e metal, foi a banda escolhida para abrir os shows nesta etapa da turnê.

No último domingo (23), com realização da Liberation Music Company, o Espaço Vibra São Paulo foi palco de uma das maiores bandas que misturam com maestria o hard rock e o rock gótico: o The Cult. Após sua última passagem pelo Brasil em 2017, quando se apresentou no Allianz Parque em um evento histórico ao lado de Alter Bridge para a abertura do show do The Who, os britânicos retornam agora com a ‘8525’ – turnê comemorativa de seus 40 anos de carreira, abrangendo desde a época do Death Cult, que foi onde tudo começou.

Após sua passagem pelo Rio de Janeiro, no espaço Viva Rio (22), depois de São Paulo, a banda seguiu para Curitiba, onde fez sua última apresentação no país, no Live Curitiba nesta terça – feira (25).

E para acompanhá-los nesta etapa da turnê, a atração de abertura é a banda norte-americana Baroness, que tem um estilo um tanto quanto diferente do The Cult. O Baroness foi fundado pelo vocalista e guitarrista John Baizley em 2003, em Savannah, Geórgia, e ganhou destaque com álbuns conceituais nomeados por cores, como Red Album (2007), Blue Record (2009), Yellow & Green (2012) e Purple (2015).

Baizley (vocal e guitarra), acompanhado de Gina Gleason (guitarra e voz), Nick Jost (baixo) e Sebastian Thomson (bateria), sobem ao palco prontamente às 20h00 para uma performance sólida e bastante atrativa. Apesar da grande responsabilidade e do peso que uma banda de abertura carrega, especialmente em shows de gigantes como o The Cult, o Baroness soube preparar o palco com maestria. A banda, mesmo enfrentando um início mais contido por parte do público, conseguiu gradualmente conquistar a plateia e criar uma atmosfera envolvente, que preparou o terreno perfeitamente para a atração principal. 

Foto: Isis Trindade

“Last Words”, faixa do álbum Stone (2023), foi a escolhida para abrir a noite, uma canção poderosa com mais de seis minutos de duração, destacando-se pela sua fusão de rock progressivo, metal e atmosferas introspectivas. Ao longo de uma apresentação de sessenta minutos, o Baroness manteve um setlist equilibrado, que percorreu sua vasta discografia. O público teve a chance de ouvir faixas como “Shock Me” e “Chlorine & Wine”.

Durante a apresentação, Baizley agradeceu calorosamente ao público e comentou que está sempre atento aos pedidos dos fãs nas redes sociais, especialmente aqueles que pedem para a banda “Come to Brazil” (“Venham para o Brasil”).

Foto: Isis Trindade

A reta final, o encerramento ficou a cargo da trinca “Tourniquet”, “Isak” e “Take My Bones Away” — esta última ausente no setlist do Rio de Janeiro. A música “Green Theme”, que no Rio foi apresentada logo após “March to the Sea”, também ficou de fora em São Paulo, mostrando algumas diferenças na seleção de músicas entre as duas cidades.

É hora do culto!

Formada em 1983, em Bradford, a banda britânica de rock construiu um legado duradouro, conquistando uma legião de fãs ao redor do mundo e uma discografia sólida, repleta de hits atemporais. Entre seus álbuns mais celebrados estão três que frequentemente figuram entre os maiores lançamentos da história do rock: “Love” (1985), “Electric” (1987) e “Sonic Temple” (1989).

A banda, liderada por Ian Astbury (voz) e Billy Duffy (guitarra), percorreu esses e outros álbuns para entregar uma performance espetacular e inesquecível na noite deste domingo. Contudo, ao contrário da típica pontualidade britânica, o The Cult subiu ao palco com quase vinte minutos de atraso. Parte do público demonstrou certa ansiedade, pois o atraso significava uma saída ainda mais tarde do evento e o desafio de acordar cedo para o trabalho no dia seguinte. No entanto, às 21h47, as luzes se apagam e os primeiros acordes de “Ride of the Valkyries”, de Richard Wagner, começam a soar, sinalizando que a banda estava prestes a subir ao palco.

Acompanhados dos músicos Charlie Jones (baixo) e John Tempesta (bateria), “In The Clouds” foi a escolhida para abrir a noite, animando tanto o público, que não queria perder a chance de registrar o momento, quanto Ian, que surgiu no palco com uma energia contagiante. O frontman, além de girar o cabo do microfone em movimentos constantes, protagonizou uma cena marcante ao chutar seu pandeiro vazado para longe, em uma performance intensa e eufórica.

Foto: Isis Trindade

Logo após “Rise”, veio “Wild Flower”, uma das músicas mais icônicas do The Cult, lançada no álbum Electric” (1987). Com riffs marcantes, groove pesado e o vocal intenso de Ian Astbury, a faixa carrega uma energia vibrante, remetendo a influências de AC/DC e Led Zeppelin. A letra transmite um tom apaixonado e rebelde, refletindo a estética mais crua e visceral que a banda adotou nessa fase, marcando sua transição do rock gótico para um hard rock mais direto e poderoso.

Em ‘The Witch’, Ian trocou o pandeiro pelos chocalhos e, pela primeira vez na noite, interagiu com o público, agradecendo em português com um sincero “Obrigado”. Já em “Mirror”, sem nenhum instrumento nas mãos, o vocalista teve mais liberdade para dominar o palco, movimentando-se com energia e, mais uma vez, expressou sua gratidão aos fãs.

“Edie (Ciao Baby)” marcou um dos momentos mais delicados da noite. Lançada no álbum Sonic Temple” (1989), a canção é uma das baladas mais icônicas do The Cult, uma homenagem à atriz e modelo Edie Sedgwick, musa de Andy Warhol na efervescente cena artística da Nova York dos anos 60. O público, imerso na atmosfera da música, ergueu os celulares e cantou junto, especialmente no refrão. Ao final, uma onda de aplausos coroou a performance, evidenciando a forte conexão da faixa com os fãs.

Foto: Isis Trindade

Ainda na fase de Sonic Temple” (1989), o The Cult trouxe “Sweet Soul Sister”, uma das faixas mais emblemáticas do grupo. A música é um dos maiores exemplos do equilíbrio entre o rock pesado e as influências melódicas e psicodélicas que definiram o álbum. “Sweet Soul Sister” continua sendo um dos maiores clássicos da banda, permanecendo como presença constante nos setlists de seus shows e sendo aclamada pelos fãs até hoje.

Como era de se esperar, “Rain”, do álbum Love” (1985), também esteve presente no setlist. Na sequência, “Spiritwalker” entrou com sua introdução hipnotizante e um ritmo pulsante, destacando-se pelos riffs poderosos de guitarra de Billy Duffy e o vocal enigmático e intenso de Ian Astbury.

Para encerrar com chave de ouro a sequência impecável de clássicos nostálgicos, a banda trouxe a aclamada “Fire Woman”, cuja popularidade é atribuída tanto aos fãs de rock mais pesado quanto ao público mainstream. A canção, um dos maiores clássicos do The Cult, segue sendo um dos destaques nos shows ao vivo, sendo sempre muito apreciada pelos fãs, que a recebem com entusiasmo a cada apresentação. Sem dúvida, esse foi um dos pontos altos da noite. A casa, lotada, cantou não apenas o refrão, mas a música inteira junto com Ian. O público, envolvido pela energia da performance, gravava, dançava e cantava ao mesmo tempo, criando uma atmosfera única e vibrante.

Sem se despedir do público, o grupo deixou o palco e retornou rapidamente para o encore com “Brother Wolf, Sister Moon”. A canção trouxe um momento mais introspectivo e melancólico, oferecendo uma pausa no ritmo acelerado e pesado que o “fogo” de “Fire Woman” havia incendiado, criando uma atmosfera mais suave e reflexiva.

Foto: Isis Trindade

De volta à fase inicial da banda, “She Sells Sanctuary” resgata o ritmo dançante, com os riffs característicos de Billy Duffy. Com sua sonoridade mais experimental, a canção foi crucial para consolidar o The Cult no cenário internacional, destacando-se como uma das faixas que ajudaram a definir o som único da banda.

Por fim, com linhas de baixo marcantes, “Love Removal Machine” chega para encerrar a noite de forma definitiva. Antes de começar a cantar, Ian Astbury provoca o público com a pergunta: “Are you ready, São Paulo?” (“Vocês estão prontos, São Paulo?”), recebendo uma resposta positiva aos gritos. Mantendo sua energia característica, ele gira o cabo do microfone novamente enquanto apresenta cada integrante da banda e, pela última vez, agradece aos fãs pela presença. O público, empolgado, entoa em coro seu nome: “Ian, Ian, Ian!”, ao que ele responde com um emocionado “You are so beautiful” (“Vocês são tão lindos”). Para encerrar a noite memorável, despede-se com um sincero “Thank you for coming here tonight, good night.” (“Obrigado por virem até aqui esta noite, boa noite.”).

Celebrando 40 anos de história, o The Cult abriu mão de grandes efeitos sonoros e visuais, apostando em uma apresentação pura, onde a qualidade técnica e a força de sua performance falaram por si. A banda segue provando que sua técnica, habilidade e presença de palco permanecem impecáveis. Foi uma noite inesquecível, que deixou no público não apenas a nostalgia, mas também a expectativa de um reencontro no futuro.

Baroness – Vibra São Paulo – 23/02/2025

  • Last Word
  • Under the Wheel
  • A Horse Called Golgotha
  • March to the Sea
  • Shock Me
  • Chlorine & Wine
  • Swollen and Halo
  • Tourniquet
  • Isak
  • Take My Bones Away

The Cult – 8525 – Vibra São Paulo – 23/02/2025

Ride of the Valkyries – (Richard Wagner song)

  • In the Clouds
  • Rise
  • Wild Flower
  • Star
  • The Witch
  • Mirror
  • War (The Process)
  • Edie (Ciao Baby)
  • Revolution
  • Sweet Soul Sister
  • Resurrection Joe
  • Rain
  • Spiritwalker
  • Fire Woman

Encore:

  • Brother Wolf, Sister Moon
  • She Sells Sanctuary
  • Love Removal Machine
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