“A linguagem do rock é universal”: Janilson Quadros discute o trabalho da Symphony Towers

Formada no Rio Grande do Sul em 2017, a Symphony Towers – atual projeto solo do multi-instrumentista Janilson Quadros – tem feito um heavy/power metal bem sólido, impressionando diversos fãs. Seu novo álbum, Tales From the Legends Lost in TIme, apresenta uma evolução na sua sonoridade, e é completamente feito por Quadros, da arte da capa à mixagem e masterização. Conseguimos ter uma conversa com Quadros, que dissecou a sua fase atual da carreira, confira:

Como você descreveria a evolução da banda desde sua formação em 2017, de Time, Life and Death a Tales from the Legends Lost in Time, passando pelos EPs da pandemia?

Janilson Quadros: Acho isto um processo natural, pois a evolução deve ser constante. Claro que sempre buscamos fazer um álbum, EP, uma canção melhor que a anterior, e isto nos faz buscar aperfeiçoar mais e cuidando para não se desviar da identidade sonora da banda. Portanto este processo vem desde o primeiro álbum. Espero que os fãs e a crítica também tenham notado alguma evolução (risos)!

Uma das músicas do primeiro EP é um cover de ‘Billie Jean’, do Michael Jackson. Qual foi a ideia por trás do cover? Qual foi a reação dos fãs a ele?

Quadros: Sempre curti músicas dos anos 80 e tive vontade de fazer versões mais pesadas de várias delas – entre elas, “Billie Jean’”. Apresentei a ideia pra banda na época e eles acharam legal tentar e então a gravamos. No final, o resultado ficou legal e de aceitação dos fãs, principalmente quando tocada ao vivo.

Desde 2020, a Symphony é seu projeto solo. Como é a dinâmica agora? Diria que tem mais liberdade para criar o que realmente quer? É mais fácil trabalhar sozinho ou com outros, para você?

Quadros: Agora é muito mais rápido e dinâmico. Quando se existe a banda com integrantes, tudo como manda o figurino, é mais complicado porque você depende de agenda de cada um devido ser banda amadora e todos ter seus compromissos. É difícil para marcar ensaios, imagina gravação de álbum. Por isso gravar sozinho é muito mais ágil tanto pela criação das canções quanto pela gravação. A liberdade para compor é boa, mas sempre procuro ter o cuidado de não fazer mais do mesmo, porque é muito fácil sair alguma música semelhante. Mas acredito que por enquanto está indo bem.

Atualmente, você reside em Bangkok, na Tailândia, lugar bem diferente de sua terra natal, do Rio Grande do Sul. Você diria que essa cultura diferente se reflete de alguma maneira no trabalho que você faz?

Quadros: Isto não, até porque a linguagem do rock é universal. Continuo compondo da mesma maneira como se estivesse no Brasil ou em qualquer lugar. É algo assim, você entra no estúdio, se desliga do mundo lá fora e deixa somente a canção sair de você, é algo difícil de explicar.

Lost in Somewhere, de 2022, conta com videoclipes para todas as faixas. Qual seria o cargo dos clipes no marketing musical moderno, especialmente com grande parte da divulgação sendo feita pela internet?

Quadros: É algo inevitável. Hoje tudo depende da internet pois o alcance é muito mais instantâneo. Antigamente dependíamos de fita cassete ou de TVs como a MTV para assistir um clipe, de rádios para tocar o nosso som. Hoje não, está tudo lá ao acesso de todos à qualquer hora. Portanto, acho interessante usar estas plataformas de vídeos para lançar clipes também. Por mim lançaria vídeoclipes de todas as músicas (risos).

Já faz um bom tempo que você mantém uma boa parceria com Roger Fingle, conhecido por trabalhos com a Blood Tears e Seduced By Suicide. Como diria que ele consegue canalizar a energia das músicas e melhorar o produto final?

Quadros: O Roger trabalhou com uma banda que gosto muito, a Desolation Ways. Gostei da atmosfera que conseguia nas músicas. Então o contatei para mostrar a ideia e ele topou. Gostei muito dos resultados de todos eles, mesmo contando com um orçamento muito curto.

A temática de Isolation, de 2023, é claramente um resultado da pandemia, certo? Como diria que ela afetou seus trabalhos com a Symphony Towers?

Quadros: Sim, Isolation retrata um isolamento, melhor dizendo um retiro. Além de todo resíduo deixado pela pandemia, a inspiração também vem da lenda dos Padres do Deserto os quais se retiravam para o deserto a fim de se isolarem em pensamentos e orações e ao mesmo tempo se aproximarem de Deus. É o que vivemos após a pandemia, ou seja, foi preciso refletir sobre muita coisa e replanejar o futuro em todas as esferas da vida.

Este ano, você lançou ‘Heavy Rain’, uma faixa (e videoclipe) em homenagem ao povo do Rio Grande do Sul, por conta das tragédias que aconteceram por lá. Poderia contar um pouco mais da história da música?

Quadros: Eu estava acompanhando tudo de longe pela TV. Ficava muitas horas por dia acompanhando. Parecia que eu estava lá, mas, ao mesmo tempo, impotente por não conseguir fazer nada. Então surgiu a ideia do nada e logo já me veio uma melodia na cabeça e a partir deste momento tudo começou a fluir.

É dito que Tales From The Legends Lost In Time explora a complexidade da existência humana, abordando temas como a passagem do tempo, as lutas diárias pela sobrevivência e a busca por significado em meio às adversidades. De onde vem a inspiração para os temas de suas letras?

Quadros: Vem simplesmente pelo motivo de tentar entender o significado de tudo isso. Talvez seja meio utópico ou até mesmo muita pretensão, mas querer compreender ou obter respostas de certas coisas é uma procura eterna, pelo menos pra mim.

Tales não foi só todo composto e gravado por você, como você também é o homem por trás da mixagem, masterização e a arte da capa. O que te motivou a assumir esse projeto completamente sozinho?

Quadros: No princípio era questão de querer aprender mesmo. Mas depois dos outros álbuns o orçamento para isso diminuiu muito, fazendo com que eu não pudesse contar com o apoio do Roger Fingle no Tales. Portanto, tive que assumir todo o processo sozinho e claro, apesar de que muita coisa poderia ficar melhor nas mãos do Roger, para ser honesto, o produto final não ficou tão ruim para um marinheiro de primeira viagem.

Queria saber da arte da capa, como foi criada? Qual a história por trás?

Quadros: A arte da capa do Tales foi criada após algumas modificações em uma foto que tirei numa viagem para a Coreia do Sul, na cidade de Jeoju. Quando vi aquele monumento em frente a uma igreja católica pensei logo em uma capa, mas nem tinha ideia de onde e quando seria o álbum. Após o Tales pensei nela, pois se adequava à temática do álbum. A estátua é referente a Paul Yun Ji-chung e James Kwon Sangyeon, mártires sul-coreanos que foram decapitados em praça pública por não renegarem a fé em Deus.

O que podemos esperar do futuro da Symphony Towers? O que vem por aí?

Quadros: Tem muita coisa vindo por aí. Primeiramente pretendo lançar mais um videoclipe de uma canção do Tales que será em novembro. Após isso, talvez meados de janeiro, será lançado dois singles com uma grande novidade, aguardem! Também será lançado no primeiro semestre de 2025 o sétimo álbum, este agora com 10 canções. Portanto, temos muito trabalho pela frente.

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