Texto por Peu Bertasso e Fotos por Leca Suzuki
A Inglaterra, para muitos, foi o berço da música progressiva. Bandas como King Crimson, Yes, Gentle Giant e Genesis faziam parte do circuito progressivo da década de sessenta e setenta, incluindo até mudança de membros entre si. Assim como a música evoluiu de forma geral, o progressivo acompanhou essas mudanças, aderindo a novas facetas. E um dos maiores representantes desse progressivo moderno, muito bem temperado com djent, esteve no Brasil para dois shows. O Tesseract vem, a cada novo álbum, conquistando mais seu espaço junto a grandes nomes da cena. Uma comprovação disso foi a presença de fãs apaixonados durante o concerto de sábado (14).
There’s No Face mostra garra e vontade em show de abertura
A primeira data em São Paulo, realizada no Carioca Club, contou com a participação da banda There’s No Face como ato de abertura. Na ativa desde 2009, entre indas e vindas do grupo, o quarteto paulista trouxe ao palco um som fortemente pautado no metalcore com um pouco de influência do emo. Cheios de vontade, buscavam animar um público não tão empolgado assim, mas que aplaudia a cada música tocada. O vocalista, por vezes, tentava chamar os presentes para abrir um mosh, sem sucesso. Talvez isso tenha sido influenciado pela diferença musical do grupo com a banda principal da noite, mas nada disso os impediu de mostrar suas músicas enérgicas junto de uma boa presença de palco. Faixas como “Hamurabi”, “Imensidão” e “Motivo” fizeram parte da apresentação. A banda, escalada também para abrir a apresentação do Infected Rain, demonstrou que tem muito potencial a ser explorado e que pode alcançar voos maiores.
There’s No Face – 14/09/2024 – Carioca Club
Hamurabi
Quebre o Silêncio
Enquanto Você Espera o Bem
Imensidão
Contra / Senso
Motivo
Impecáveis, Tesseract celebrou sua carreira com excelente performance
Assim como o show de abertura, o Tesseract iniciou sua apresentação pontualmente. O show de sábado marcou o retorno da banda após uma apresentação no ano passado, agora para divulgar seu último disco, “War of Being”, lançado no ano passado. A dobradinha que abre o disco, “Natural Disaster” e “Echoes”, também foi responsável por dar início a poderosa apresentação. A casa estava com um excelente número de fãs que cantavam de forma apaixonada. A forma que o grupo se apresentava era tão fiel que parecia que estávamos escutando o disco, tudo isso aliado à um bom som apresentado pela produção do show e do Carioca Club. A excelente “Of Mind – Nocturne”, deu sequência a apresentação. Em “Torniquet”, o público aclamou os agudos impecáveis de Daniel Tompkins, assim como aplaudiu com fervor sua performance em “Sacrifice” logo em seguida. A performance de Daniel, sem dúvida, foi um dos destaques positivos da noite.
A animação dos fãs deixou o show ainda mais empolgante. Foi assim em “King”, onde o público cantou a melodia da canção junto com as guitarras Acle Kahney e James Monteith. Durante esta faixa, as notas fantasmas de Jay Postones abrilhantaram uma das músicas mais legais da noite. “Smile” e “The Arrow” precederam a faixa título do último álbum, que também serviu de single de divulgação do novo material. Após “Legion”, uma das principais faixas do grupo, “Juno”, levaram a casa a baixo. Ali era possível ver, além do público cantando junto da banda, fãs emocionados com a apresentação da música. Porém, infelizmente, quando a banda deixou o palco, já era possível de ver que o show vinha se aproximando do fim. O grupo voltou ao palco para a apresentação de duas partes de Concealing Fate, EP programado para ser executado na íntegra no show de domingo. “Concealing Fate, part 2: Deception” e “Concealing Fate, part 1: Acceptance”, foram as responsáveis por encerrar o concerto, com direito a mosh no meio dos fãs. O público clamou outras músicas, gritando o famoso “one more song”, mas não aconteceu, encerrando a apresentação depois de 1h20 de show.
A apresentação do Tesseract beirou a perfeição. A presença de palco do grupo aliada a um som apurado e muito bem executado resultou em um show marcante aos fãs apaixonados. Um dos poucos pontos negativos, além da duração do show, foi a iluminação. Olhando para o palco, víamos mais silhuetas do que os membros em si. Tanto que, quem estava no fundo, mal podia perceber o rosto de Daniel pintado de vermelho. Porém, isso não impediu um retorno poderoso de uma banda que vem cada vez mais conquistando seu espaço dentro da cena metal mundial. A mistura do metal progressivo com o djente apresentado pelo grupo celebra uma fusão de sucesso que fica cada vez mais famosa entre bandas atuais. Impecáveis, os britânicos deixaram os brasileiros querendo um pouco mais de sua música, o que apenas reafirma a necessidade de um retorno iminente do grupo para terras brasileiras.
Tesseract – 14/09/2024 – Carioca Club
Natural Disaster
Echoes
Of Mind – Nocturne
Tourniquet
Sacrifice
King
Smile
The Arrow
War of Being
Legion
Juno
Bis:
Concealing Fate, part 2: Deception
Concealing Fate, part 1: Acceptence
