Wintersun — Time II — Longa Espera Por Álbum Maravilhoso, Mas Curto Demais

A carreira do Wintersun não tem pontos baixos dentro de sua longa estrada. Apesar disso, o fato deve-se à curtíssima discografia da banda, com álbuns esporádicos, e seus integrantes muitas vezes dando mais atenção a seus outros projetos — como por exemplo, Kai Hahto e Jukka Koskinen, ambos membros do Nightwish, e Teemu Mäntysaari agora guitarrista permanente do Megadeth. Mais que a curta discografia e a inconstância de lançamentos, a duração dos álbuns, sempre com média de cinco ou seis faixas inéditas, chega a ser irritante, especialmente dada a qualidade absurda das composições e dos integrantes como músicos. Não é diferente agora. O excelente Time II, em tese continuação direta de Time, de 2012, possui seis faixas, sendo uma introdução e um interlúdio, deixando um gosto de ‘quero mais’.

AS MÚSICAS:

Sete anos após o lançamento de The Forest Seasons, talvez o mais completo álbum dos finlandeses, Time II vem com uma proposta menos ousada, mais parecida com o álbum Time I, seu antecessor direto, de 2012, com menor duração, e mais tradicional no estilo Melodic Death Metal. 

O álbum começa com uma longa e clássica introdução de quatro minutos, Fields Of Snow, criando o clima para a entrada da real primeira música “metálica”. Uma introdução bonita, que vai do suave ao empolgante, como em um concerto, seguindo à risca as diretrizes de ‘metal neoclássico’, mas com uma certa pegada oriental, dando uma sensação até de atmosfera japonesa.

Seguindo o padrão, têm-se o que se espera: uma pedrada extremamente rápida e pesada na segunda faixa, a longa The Way Of The Fire, com nove minutos sem descanso, raramente diminuindo a intensidade e velocidade, e alternando magistralmente os vocais guturais e limpos de Jari Mäenpää, que mostra que sabe fazer perfeitamente a passagem entre esses dois estilos, e sempre encaixando muito bem cada estilo em cada parte da música, de acordo com o que se exige do momento da canção. As partes clássicas, com instrumentos de cordas orquestrais, ficam sempre em primeiro plano, não sendo apenas algo para dar o clima, mas peça central no andamento e construção da música. Os coros, sim, muito bem colocados e com volume na medida certa, dão o clima.

A terceira faixa, segunda música ‘completa’, é também a mais curta do álbum. A pesada One With The Shadows entrega mais uma pedrada que alterna muito bem entre guturais e vocais limpos, nunca perdendo a intensidade nem a velocidade em seus cerca de seis minutos de duração. Novamente, muita presença de orquestras, mas dessa vez mais parecidas com os coros, dando uma maior ênfase em criar ambientação que ser o foco central, o que funciona extremamente bem, deixando a música mais reta e direta, como era de se esperar em uma canção mais curta que as demais.

Interessantíssima, também, a outra faixa de introdução — ou nesse caso, interlúdio —, Ominous Clouds, que usa apenas guitarras limpas com passagens atmosféricas com ecos e alguns sons de natureza no começo e fim, em especial a chuva e os trovões, justificando o nome da faixa. Apesar de excelente, dá para se dizer que é algo um pouco desnecessário, visto que o álbum já é curto, e uma faixa de interlúdio é um pouco decepcionante. Ela se conecta, porém, diretamente com a música seguinte, a também longa, com mais de onze minutos, Storm, que começa com o mesmo barulho de chuva que a anterior terminou, e ao longo se torna uma música pesada, intensa, rápida, e muito orquestral. Embora seja uma faixa de onze minutos, pode-se dizer que tem apenas nove minutos de música, pois os últimos dois minutos é a chuva caindo.

A última faixa, Silver Leaves, com oito minutos de duração, tem realmente a cara de uma música de encerramento. Mais lenta e cadenciada que as demais, também tem um ar de missão cumprida, uma sensação de FIM. Novamente, a música nos traz a excelente variação de guturais e limpos, e especificamente nas partes limpas, a influência de cantores de power e folk metal é nítida, com uma vibe celta de canções de vitória, e acaba da mesma forma que começou o álbum, com uma sensação oriental, e mais um minuto de sons de chuva. 

CONCLUSÃO:

Musicalmente, instrumentalmente, e em interpretação vocal, assim como em composição, o álbum é mais uma prova da capacidade de Jari Mäenpää, principal compositor, produtor e idealizador da banda, mostrando todo seu conhecimento e erudição musical. Por outro lado, o álbum é curto, pouco maior que um EP, para os padrões do gênero, e com duas faixas introdutórias e de interlúdio, acabamos com apenas quatro músicas — longas e excelentes, é verdade, mas ainda assim, quatro músicas. A sensação, apesar de excelente ouvindo o disco, é de que falta algo, falta ser uma obra completa, um disco com suas oito a dez músicas. Verdade seja dita, esse é o padrão do Wintersun, então não é algo surpreendente, mas mesmo assim, sente-se a falta de um álbum completo mais padrão para a banda, seria muito legal, algum dia, um disco de maior duração e mais faixas dos magníficos músicos finlandeses do Wintersun, algo que poderia ter vindo neste álbum após longos sete anos de espera.

WINTERSUN:

Jari Mäenpää — Vocais
Teemu Maantysäri — Guitarras
Jukka Koskinen — Baixo/backing vocals
Kai Hahto — Bateria

TIME II:
Fields Of Snow
The Way Of The Fire
One With The Shadows
Ominous Clouds
Storm
Silves Leaves

Nota: 4 estrelas

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About Guilmer da Costa Silva

Movido pela raiva ao capital. Todo o poder ao proletariado!

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