Rhapsody Of Fire – Challenge The Wind — Power Metal sem pôr nem tirar, para o bem e para o mal

Em terceiro episódio da saga The Nephillim Empire, tradicional banda italiana repete fórmula que a fez famosa e não decepciona fãs com canções épicas que são a cara do quinteto, e ao mesmo tempo impede de atingir audiência nova e mais abrangente que já não tem mais o gosto pelo gênero.


Se tem uma coisa que sabemos do Rhapsody Of Fire nos últimos anos é o que esperar dos álbuns. Após dois álbuns mal aceitos no fim da formação anterior, os não tão bons Into The Legend (2016) e Dark Wings Of Steel (2013), que partiram para uma sonoridade diferente e não atingiram o que se esperava pelos próprios fãs e nem conseguiram angariar novos públicos, a banda, totalmente reformulada na formação, lançou os ótimos The Eight Mountain (2019) e Glory For Salvation (2021), trazendo de volta a velha fórmula Power Metal Melódico que os consagrou — o que segundo o guitarrista Roberto De Micheli em entrevista a nós do Sonoridade Underground, foi proposital. Em 2024, a banda acaba de lançar a terceira parte da saga em andamento, começada no álbum supracitado de 2019, e pela terceira vez seguida aposta no mesmo tipo de som de ambos anteriores: o bom e velho “Metal Melódico”, como já tínhamos tido uma amostra nos singles que saíram nos meses anteriores. 

O álbum abre com a rápida e direta faixa-título, Challenge The Wind, sem sequer uma introdução, o que seria comum num álbum desse estilo, mas que realmente caiu muito bem aqui. Verso rápido, refrão chiclete, solo de guitarra rápido, em quase cinco minutos de música é exatamente o que se espera de uma abertura de um álbum de power metal, e é exatamente o que temos aqui.

O mesmo pode ser dito da faixa que segue, a também épica Whispers Of Doom. Pesada, rápida, mas com vocais mais cadenciados no começo, que vão para um refrão não tão chiclete, mas com os tradicionais coros junto à voz principal. Uma música que serve perfeitamente como um complemento e sequência à anterior. Se tratando de um álbum conceitual, não se pode querer nada diferente, pois realmente te faz entrar no enredo da coisa.

A terceira faixa, The Bloody Pariah, soa exatamente como as duas anteriores, mais uma sequência, mas agora um pouco mais lenta em muitos momentos, que se alternam com uma disparada dos pedais. Destaque aqui para os teclados que, mais que nunca, dão exatamente o clima heroico. Giacomo Voli, novamente, prova que entendeu perfeitamente a proposta de um vocalista de Power Metal, e o finalista do The Voice Of Italy faz o que todos querem: vocais limpos, agudos, que podem soar dramáticos e épicos nos momentos certos. É verdade que a sequência é de três músicas muito parecidas e bem condizentes com tudo, mas ao fim, já temos um pouco de cansaço, e é só então que variamos um pouco.

As agudas guitarras que, em se tratando de base, ficavam em segundo plano nas primeiras canções, dão as caras agora mais pesadas com um riff focado especialmente nela, e o resultado impressiona. A longa faixa de mais de dezesseis minutos Vanquished By Shadows chega em boa hora para variar o tom do álbum. Impressiona o fato de Giacomo, sem nenhuma participação de outro vocalista, fazer guturais durante boa parte da música variando com os vocais limpos e extremamente agudos. Uma boa variação também durante a música, que dá um tom mais “progressivo”, é a troca constante entre partes mais lentas e cadenciadas e outras rápidas e altas. Como era de se esperar em uma música dessa duração nesses moldes, boa parte da faixa é de partes instrumentais também – não apenas solos, mas momentos de passagens orquestrais e coros. Se podemos fazer uma crítica a essa faixa, é seu posicionamento no álbum. Em geral, músicas assim se dão melhor em final de álbum, e essa posicionada bem no meio acaba ficando um pouco estranha, já que logo depois temos a volta ao andamento mais comum.

A partir de Kreel’s Magic Staff, a velocidade do álbum cai um pouco. Música mais lenta, mas isso não tira a intensidade, com refrão ainda naquele estilo glorioso, e solos de guitarra menos virtuosos, e mais do tipo que você cantarola junto, e sempre usando e abusando dos corais.

As três canções seguintes, Diamond Claws, Black Wizard e A Brave New Hope seguem o modelo de músicas que se complementam das três primeiras, mas dessa vez mais lentas, cadenciadas e alternando entre o mais emotivo e mais agressivo.

Destaque para Holy Downfall, que nos dá mais um toque de teclados sendo protagonista com orquestrações muito presentes. Uma das mais legais do álbum, sem dúvidas, que alterna bastante entre o lento e acelerado, além de partes de guitarra que claramente mostram o bom gosto de Roberto De Micheli em criar riffs.

O álbum termina com a derradeira música mais dramática Mastered by the Dark, uma canção que usa bastante dos violões para darem uma atmosfera mais sombria, como num filme que você sabe que vai ter uma continuação, afinal, como já sabemos, essa não é a última parte da The Nephillim Empire Saga, então teremos mais histórias a serem contadas no próximo ou próximos álbuns ainda!

Apesar de todos os elogios feitos ao álbum, muito consistente dentro de sua fórmula, não se pode deixar de falar que comercialmente, já não é mais um gênero que os vá elevar de patamar, nem trazer um novo público. O Power Metal melódico já não é mais apelativo ao novo público, seja lá qual for ele, então ao seguir esse rumo, a banda está se prendendo àqueles que já os seguem, ou que são já há tempos próximos do estilo. Não é um disco que vai ser um marco na carreira da banda, nem para o bem, nem para o mal, é um álbum que faz o feijão com arroz do gênero. Os italianos do Rhapsody Of Fire mostram que sim, são mestres nesse gênero, e carregam a tocha de representantes desse cada dia mais esquecido estilo, e fazem isso muito bem! Enquanto banda que se foca nesse público, estão no caminho certo, mas no que diz respeito a uma continuidade disso, visto a baixa popularidade atual, veremos se conseguirão passar na prova do tempo.

Por ora, é um disco para ser ouvido inteiro, sem passar uma faixa sequer se você é um fã de Power Metal. Se não é, não encontrará muito, e se quer coisas novas, muito menos. Um disco para fãs, com muito carinho e dedicação, e extrema qualidade dentro dessa proposta.

Challenge The Wind:

1 – Challenge The Wind
2 – Whispers Of Doom
3 – The Bloody Pariah
4 – Vanquished By Shadows
5 – Kreel’s Magic Staff
6 – Diamond Claws
7 – Black Wizard
8 – A Brave New Hope
9 – Holy Downfall
10 – Mastered By The Dark

Rhapsody Of Fire:

Giacomo Voli – Vocais
Roberto de Micheli – Guitarra
Alex Staropoli – Teclados
Alessandro Sala – Baixo
Paolo Marchesich – Bateria

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About Guilmer da Costa Silva

Movido pela raiva ao capital. Todo o poder ao proletariado!

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